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Trabalhador Brasileiro VI

Todos os dias, com chuva torrencial ou sol ardente,  com pestes diversas, o trabalhador brasileiro, amedrontado e subserviente, segue para o trabalho em ônibus lotados. Sentados próximas a ele estão a inflação, a Covid-19, as IST's,  a violência, a fome, o desprezo, a educação precária, os preconceitos, as humilhações e as escolhas para manter um status quo de assalariado que deseja ser chefe, opressivo, maléfico, cruel. O Trabalhador Brasileiro é o primeiro que morre. Substituição e dispensa certas sempre que a economia vai mal e cortes, nem sempre necessários, têm que ser feitos. Nem sempre vítima, mas sempre motivo da manutenção dos grilhões que aprisionam as gerações presente e futura, o Trabalhador Brasileiro teme a fome, mesmo passando fome todos os dias.  É massa de manobra voluntária. Rebotalho de gente. Opróbrio do capitalismo. O Trabalhador Brasileiro mantém uma estrutura de poder que o extingue aos poucos. E ele parece gostar disso. 

Crônica de uma vida insuficiente XXIII

O chão da sala amanheceu com os resquícios do amor saboroso e com a história dos viventes contados pelo lixo comum. Fios de cabelo, pelos brancos e pretos, algodão e forma de disco, palitos de fósforo, tiras de sacolas plásticas. Esse chão já viu dias piores. Lágrimas, brigas, desentendimentos, restos de comida, esperança e desespero. E se ainda resiste é porque resiste também a fé humana em pessoas, mais nas mortas que nas vivas. A cama continua bagunçada e o feijão preto está no fogo, cozinhando também o tempo. A vida é isso. Não apenas isso, mas isso também. A vida está nos pesos que arrastamos de um lado para outro, nos momentos inexpressivos, nos sonhos refeitos, nas reclamações, no bofe revirado pela intolerância. A pia está quase limpa. E mesmo tendo visto dias melhores, apoio para um fogareiro de duas bocas, vai ficar para trás, como testemunha do pedaço de vida que termina aqui, em mais uma história que prossegue sem tempo para cuidados desnecessários com o que é alheio. Os tê...

Os Passos da Nova Ditadura (14)

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O pobre continua passando fome e sendo convencido de que trabalhar oficialmente oito horas diárias formais e mais um tanto de horas extras informais para ser aceitável e ter a aprovação de chefes e supervisores medíocres. O pobre não tem o direito de se locomover com qualidade e com segurança - ônibus lotados, apertados como câmaras de gás alemãs e sempre com atrasos. O pobre tem que beber álcool todos os dias, em qualquer folga que tem, para esquecer que comer é caro e que os reajustes econômicos colocam-nos no mais abjeto modo de viver. A peste negra é só mais um elemento na triste realidade do pobre brasileiro. A Ditadura Brasileira que ressurge com o Messias já é descaradamente corrupta e tem uma legião de adaptos, possui o aparelho estatal para fazer e desfazer políticas sociais e públicas cruéis. O que essa Ditadura ganhou, de presente, foi um vírus que mata pobre, como se a fome, a violência e as pestes menores não fossem suficientes.

Os passos da Nova Ditadura (13)

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O que poderia ser dito que ainda não o foi? Gritos e murros. Choro e xingamentos. Vermelhos ideológicos de um lado e centro mercenário. Pobre viajando a Paris? Médico, advogado e engenheiro favelado? Um absurdo que a Casa Grande e os pseudo ricos medianos não suportaram. E entendê-los até que é fácil. Não dá mesmo para entender o nordestino que possui um carro de n-ésima mão, repintado tantas vezes que não se sabe mais qual a data correra de fabricação e que só come porque programas de distribuição permitiu-lhe uma segurança alimentar básica, ainda que pobre, seguir bovinamente alguém que quer colocá-lo em um curral, literalmente, lugar (dizem eles lá) esse nordestino nunca devia ter saído. E falo do nordestino porque eu encontro com ele todo dia, em lugares diferentes e com os mais diferentes nomes. Imagina os de outras regiões!? Tudo o que poderia ser dito já foi dito. Agora os mortos, e não só por Covid-19, acumulam-se. E não há nada que ainda possa ser dito. Há o que...

Crônica de uma vida insuficiente XIX

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Há pessoas que não apenas estão dispostas a fazer tudo o que podem para tornar a vida de outras pessoas difíceis como também criam, em suas mentes doentes, narrativas que justificam, para seus egos doentes, as atrocidades que cometem e levam os outros a cometer. Muito comum, essas pessoas arregimentam para suas atividades macabras e cruéis seus subordinados, seus amigos influenciáveis e toda sorte de espírito baixo que pode alcançar. Narrativas questionáveis e um sem-fim de argumentos insuficientes sustentam essas pessoas, que são encontradas desde as mais nobres famílias até as mais belas culturas organizacionais. E o que fazer quando encontrar essas pessoas? Infelizmente, apenas debandar, pois, de que modo, como provar intenções? Como provar sentidos, sarcasmos e ironias? Como provar que vinganças são empreendidas dentro da "legalidade"? Como provar, efetivamente, vinganças e mesquinharias? O fato é que entre escolher provar o que não precisa ser provado e ...

O caminho

Para o pobre, tudo.  Para quem pode, a fina flor do que o capital pode adquirir. Simples e direto. O que sobra de uma doença, para o pobre, é a conta do funeral, parcelada até a próxima morte, e alguma resignação sobre como a Divindade está refinando uma matéria bruta que nunca evolui. Agora, além do HIV, difteria, fome, miséria, tétano, pobreza, humilhações e todo o mix de servidão e doença existentes nesse adorável mundo opressor, tem mais uma pandemia que pode matar os desagradáveis e sujos constituintes da base da pirâmide social. Que o novo coronavírus faça o seu trabalho e limpe a terra, de ricos a pobres. O que sobra continuará vivendo, explorando e explorado, até que se instale um The Walking Dead real em que, de certo, não sobrará nem mesmo zumbis para contar a história.

Nota pandêmica

Vídeo: briga na porta da agência da CAIXA, em Aracaju-SE. Não é só a pandemia.  Vivemos um momento em que a ignorância e os achismos são tão grandes que suplantam o bom senso e o mínimo de civilidade que julgávamos ter adquirido com a deficiente educação fornecida pelos sistemas público e privado. A pandemia, advinda em boa hora, apenas revela o que a hipocrisia nossa de cada dia esconde sob camadas de pseudos princípios religiosos e morais. Traduzida em notícias falsas e tendenciosas, a ignorância tem feito reféns aos borbotões. E acompanha da violência, apimenta ainda mais as relações humanas. Na Paraíba, por não conseguir receber, por diversas razões, o auxílio emergencial disponibilizado, quase sob coação do Congresso, pelo governo federal um homem destruiu a fachada vítrea de umas agências da CAIXA. Em Palmeira dos Índios, no agreste de Alagoas, as pessoas aglomeram-se nas portas dos bancos em busca desse auxílio, colocando em risco a própria vida - seja pela e...

Realidades polarizadas

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Recebi o seguinte texto no meu WhatsApp (enviado por bolsonarista): Que resultado trará a quarentena?            1 - Se você estudou e logrou êxito em concurso público, parabéns ! Você está de quarentena e com garantia de salário integral, mas por enquanto. 2. Se você optou pelo setor privado, infelizmente: 2.1. se é empregado, está sujeito a demissão ou suspensão contratual ou redução salarial. 2.2. se é empresário, está com a sua empresa mais sujeita à falência que sua recuperação. Normalidade, ao menos no curto ou médio prazo, jamais! 2.3. se é informal ou extremamente pobre, a ajuda social é mais esmola que ajuda, mas é o que o país consegue lhe pagar com muito sacrifício. O seu futuro é uma interrogação, mas está mais propenso a piorar que melhorar. 2.4. se é profissional autônomo, seu cliente desaparecerá por falta de condições financeiras ou lhe dará calote. 3. se você é aposentado, pensionista ou reformado, fique atento! Você continuará...

Os frutos de Mandetta

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Foto/reprodução: Mandetta em apoio ao impedimento de Dilma Rousseff. O então ministro da saúde dessa República Evangélica e Militar do Brasil foi exonerado do cargo porque, como ficou claro em diversas situações, não aceitou o que Jair Bolsonaro determinou e que as pessoas financiadoras do presidente queriam. O resultado foi, além de conflitos e desgastes, o aumento da imbecilidade de um povo que ama a demência. Luiz Henrique Mandetta, por outro lado, fez apenas o mínimo para não perder a credibilidade politica como acontece diariamente com Jair Bolsonaro. E longe de ser outro salvador da pátria, foi um dos que apoiou e promoveu o golpe sofrido pela então presidenta Dilma Rousseff. Ou seja, Mandetta viu na prática o que acontece quando se deixa a democracia de lado e apoia golpes políticos baseados apenas em interesses obscuros. Colheu os frutos do próprio trabalho já que ajudou a instaurar a República Evangélica e Militar do Brasil  e destruir a República Federativa do...

O mimimi do Jair

Mais um . Os pronunciamentos da Presidência da República do Brasil têm sido uma série de choros intermináveis em que Jair Bolsonaro exige atenção e reconhecimento (mesmo sem ter realizado nenhum benefício efetivo para a Nação). Entre ataques gratuitos de seu governo contra a China e contra todos aqueles que se abstém ou se opõem fortemente à sua loucura, Jair Bolsonaro busca na Índia o apoio que lhe falta no próprio país. E crendo estar o número de mortos e contaminados muito baixo e sendo um arremedo de Donald Trump, o presidente brasileiro está incentivando meios de contaminação para igualar-se ao seu Índolo e a New York. Vidas precisam ser desperdiçadas para que a masculinidade frágil de um ego ainda mais frágil seja acariciada com pedidos de ajuda e socorro de um povo que escolheu um ser humano de baixa capacidade intelectual para governar uma nação emergente. E se a carreira política de Jair Bolsonaro não o habilita para o governo do Brasil, é de se esperar que el...

O presidente de ferro

Quando a Índia coloca 1,3 bilhão de pessoas em quarentena e Londres enrijece as medidas de prevenção ao novo coronavírus, o Presidente eleito do Brasil chama seu povo, principalmente aqueles que o idolatram, a sair às ruas porque a imprensa é histérica e os governadores e prefeitos são, aos olhos do Presidente e militar, irresponsáveis. No país de Jair Bolsonaro o coronavírus e seus efeitos não passam de leve gripe sazonal. É o que também crê os financiadores da campanha de Jair Bolsonaro - o dono da Havan, do Giraffas e do Madeiro, por exemplo. O pronunciamento do Presidente nas cadeias de rádio e TV nacionais demonstra claramente o desrespeito do atual chefe do Executivo para com a vida dos brasileiros, seus eleitores ou não.  Nas redes sociais e nos grupos do WhatsApp já há quem o defenda, como sempre. No Congresso Nacional, por milagre, já há quem possa tomar decisões e que o repudia, bem como seus insanos depoimentos públicos . Amanhã os shoppings centers pod...

O coronavírus no Rosa Elze

Em dias de quarentena o pior que se pode fazer é sair às ruas e ter contato humano - não pelo vírus, pela baixeza das expressões humanas populares. No país Rosa Elze, o coronavírus está em outro patamar - naquele em que a maior preocupação é pagar as contas mesmo e tentar sobreviver, como ocorria antes da pandemia. Na loja do GBarbosa do Eduardo Gomes apenas 50 criaturas podem estar dentro da loja. Tudo bem, é medida preventiva. O problema está na porta, com a atendente de máscara apoiada no queixo e luvas que em tudo pega e que é usada para coçar olhos, nariz e pele do rosto. Da porta para fora, a fila se agiganta e a distância mínima não é respeita porque ninguém quer ficar ao sol ou mais distante da porta que dá acesso ao paraíso do bairro. A agente de saúde, parada no meio da rua e gritando, entre críticas ao governo estadual e federal , tenta fazer com que as pessoas tenham consciência, principalmente os idosos que estão beirando a senilidade, constatada a cada palavra por...

COVID-19: a irresponsabilidade em Aracaju

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Foto: circular da administração do shopping Jardins. Aracaju-SE. Enquanto medidas duras e necessárias estão sendo tomadas em todo o mundo, o Brasil segue sendo o país em que a irresponsabilidade tem casa e jardim. E Aracaju, tão popularizada como uma capital da qualidade de vida, tem que ser agraciada com o troféu de cidade ícone da irresponsabilidade latente desse país. Os shoppings seguem abertos e tornando-se focos de disseminação do novo coronavírus . Relatos de profissionais da saúde que reconhecem pacientes infectados e que transitam no shopping jardins são frequentes e os próprios pacientes, ao entrarem nas farmácias, indicam que estão em quarentena e, por não ter opção ou tendo, vão às compras, fúteis ou não. As medidas tomadas pela Prefeitura de Aracaju, conforme publicadas nas redes sociais, prezam pela manutenção da continuidade da circulação de pessoas e segue na contramão do que capitais como Salvador e São Paulo já fizeram.  Que os profissionais que trab...

COVID-19: O presente do passado

Parece estranho, mas na segunda-feira, 16 de março, em uma das salas do Instituto Federal de Sergipe, um trio composto de docente e discentes comentava sobre as ações que o Governo de Jair Bolsonaro está fazendo para conter o coronavírus e entre as pérolas ditas estão que: - O coronavírus é fruto da seleção natural e só os mais fortes e resistentes sobreviverão; - O governo Bolsonaro poderá, tal qual o governo Collor, confiscar a poupança dos brasileiros para controlar a economia. É bem verdade que Jair Bolsonaro não sabe o que está fazendo no Palácio do Planalto porque foi o palhaço de circo escolhido por obscuras forças para controlar o país por meio de um Executivo enfraquecido e desmoralizado e que o caos proposital que é criado entre os ministérios e a oposição é muito bem articulada. Também é verdade que a pandemia provocada pelo novo coronavírus é tão-somente reflexo da expansão superpopulosa da Ásia, África e das ilhas do pacífico, como outras doenças epidêmicas, e...

COVID-19: não anda só

Em um país que já foi subjugado pelo Aedes Aegypti, o coronavírus torna-se apenas mais um elemento na adição de epidemias e doenças incontroláveis no Brasil. E como a época de chuvas está prestes a chegar, sem contar com as famosas águas de março que findam o verão, a dengue , a Zika e a Chikungunya aliadas às IST's e ao coronavírus irão, inevitavelmente, tornar o Brasil uma terra de doentes e mortos que, consequentemente, levará a economia à bancarrota ao informalizar ainda mais trabalhadores, para não citar o aumento previsto do desemprego e do suicídio moral, político e social de milhões, mesmo com vínculos empregatícios ou freelancers.  Os ricos vão proteger seus bens e seus investimentos. Os pobres, negros e favelados e sertanejos, mulheres e crianças e idosos, dependentes de programas sociais e subempregos precisam ser alertados sobre a possível escassez de comida e de trabalho, ressaltando sobre a ineficiência assistencialista dos governos federal, municipal e estadual. ...