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Opressão sonora

Existe um tipo de canso que irrita e oprime, provocando, em alguns casos, evidente mal-estar físico - o sonoro. Nas casas ao longo dessa rua de barro, que já viu o germe do saneamento básico mas nunca o asfalto, hits rotineiramente repetidos compõem a trilha sonora eclética e de péssimo gosto. Do sertanejo à fossa, todos tem um lugar especial no coração dos pobres periféricos que habitam as bandas do Rosa Maria.  E o pior nem é, necessariamente, ouvirem a mesma playlist todos os dias, o dia todo. É obrigarem os demais a ouvir também, como se todos gostassem de brega funk ou da enjoativa Marília Mendonça. Há nessas pessoas uma falta de discernimento sem ímpar sobre convivência social e dignidade pessoal. E se as letras das músicas revelam algo sobre o próprio ser então essas pessoas são adúlteras ou propensas ao melodrama. Talvez por isso os botecos sujos com mesas engorduradas e garçons grosseiros estejam sempre cheios e prontos a explodir entre risos, choros e ameaças velad...

O raiar cotidiano

O verão é engraçado e, até certo ponto, estranho. Enquanto que em Londres existe o cotidiano de o sol estar presente até as 19h, abaixo do equador o sol fica, no máximo, até as 18h20, no verão apenas. O sol começa a nascer um pouco mais cedo também e às 6h já existe um quê de dia alto.  Há manhãs que começam frias, depois de uma madrugada fresca, cujo prenúncio não é o de nada menos que um dia de sol a pino, inclemente, escaldante. Um tipo de sol que somente os pobres e trabalhadores a céu aberto e os usuários de transporte coletivo podem classificar de infernal, se o este for mesmo quente. À seis horas, com uma brisa fria e os raios solares inclinadamente presentes na rua e nas paredes de casas inacabadas, a rua Mabel de Assis Santos ainda dorme. O homem da esquina, idosamente caduco e com má fama, ainda não ligou o som do carro com os hits dos anos dourados. A mulher da casa em frente, exímia gastadeira da herança deixada pelo marido morto e paga pelo governo, ainda não a...

Eleição UFS #1

Depois das últimas eleições presidências e antes que ocorram as municipais o desafio do governo federal será nomear reitores que possuam o mesmo alinhamento político nas instituições de ensino superior técnico e tecnológico. Os sindicatos já se movem alvoroçadamente para impedir que isso aconteça, por vezes até com fake news, tal qual o bolsonarismo.  Na Universidade Federal de Sergipe - UFS -  a insatisfação com servidores administrativos que queimam suas horas de serviço jogando paciência quando deveria estar efetivamente trabalhando ou pressionando, beirando a chantagens de cunho acadêmico, os discentes, como em certo departamento, está chegando a níveis intoleráveis dentro dos campi . Isso, sem sombras de dúvidas, refletirá no resultado para consulta ao novo reitor na UFS e não será sem motivos já que esses sobram. Nas redes sociais já circula os primeiros discursos para uma mudança radical e esperada, até mesmo pelos petistas mais vermelhos. Segue abaixo a transcriç...

Oposição acadêmica

As revoluções provocadas pelo bolsonarismo no Ministério da Educação só perde, em atenção, para o silêncio e a passividade dos sindicatos ligados aos servidores públicos civis da União ligados às Universidades e Institutos Federais. Por muito menos, em governos anteriores, esses representantes fizeram greves por meses , marcharam à Brasília para balir no Congresso Nacional e mobilizaram a comunidade acadêmica interna e externa a cada instituição. Com a recente onda de " ataques " à educação brasileira  e os discursos de ódio do bolsonarismo o máximo que os sindicatos têm feitos são meras notas de repúdio - palavras ao vento que não atingem nem a própria comunidade acadêmica - e algumas passeatas quase inexpressivas. Atitudes que seriam classificadas como infantis e inúteis por Johann Heinrich Amadeus de Graaf.  Como bem pode ser ouvido nos corredores dos prédios administrativos da Universidade Federal de Sergipe, os sindicatos estão esperando e articulando a ação da...

O que são e não são

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Foto: Pair of flintlock pistols. Made by Samuel Brunn  with silver mountings attributed to Michael Barnett. MET. Durante muito tempo ouvi que a carreira militar era diabólica - e muitas foram as expressões utilizadas para enfatizar isso.  "Policial renega até pai e mãe!" Em uma região em que dezenas de milhares de crianças são abandonadas pelos pais e outras dezenas são prostituídas pelas mães, seja para obter o mínimo para não morrer de fome ou simplesmente para manter uma rede criminosa, ser policial não parece tão ruim. Obviamente que existem aqueles que crescem em "lares"  razoavelmente habitáveis social e emocionalmente e que não agradam nem aos pais e nem aos filhos, por motivos diversos e nem sempre financeiros. Entretanto, lá está a carreira militar cheia de promessas e delírios de poder para aqueles pobres diabos que veem uma saída da pobreza e um escape para a baixa autoestima. Uma arma na mão, um uniforme que representa o Estado e o resp...

A marcha

Não é preciso muita imaginação para descrever o cenário em que os adeptos ao bolsonarismo se encaixam nas muitas polaridades globais. Geralmente estão seguindo o líder e este segue Donald Trump e suas loucuras. Alguns indivíduos parecem ter como único ponto negativo o apoio ensandecido por Jair Bolsonaro enquanto outros são não apenas analfabetos funcionais, sociais e políticos como também massa de manobra com a qual não vale a pena debater ideias. Em um momento como esse em que o Uncle Sam mais uma ataca e provoca outras nações com o que se pode classificar como terrorismo legalizado pelo Ocidente, o Brasil perde não só a oportunidade de ser um observador responsável como de defender a paz, a justiça e o seu próprio povo.  O Oriente Médio possui uma complexidade que foge à compreensão do Executivo e da Diplomacia brasileira. Mas estes podem compreender que o Irã, assim como outras nações mal vistas pelos Estados Unidos da América também são importantes na dinâmica econômica e ...

A capital desgraçada

Palco de mais um escândalo envolvendo a classe LGBTQI+, Maceió é a capital que poderia ser eleita uma das mais, se não a pior delas, em que essa comunidade mais sofre com preconceito e segregação. E o povo maceioense não restringe seu ódio apenas aos LGBTQI+. O ódio é estendido a quem é do interior, a quem é pobre e àqueles que não moram na poluída e desorganizada Ponta Verde. Para aqueles que conhecem a realidade alagoana sabe muito bem que a não muito a quantidade de gays e travestis assassinados e abandonados em canaviais era absurda. Programas como o Cidade Alerta e o Balanço Geral, atualmente, tinham parte de suas matérias voltadas a esses assassinatos. E geralmente eram as bichas enrustidas que assassinavam os pares depois de uma ou várias noites de sexo pago e clandestino.  A sociedade maceioense não está preparada para aceitar os próprios gays. Um exemplo disso é aquele professor de uma certa instituição pública federal encontrado morto dentro da própria casa e...