O raiar cotidiano
O verão é engraçado e, até certo ponto, estranho.
Enquanto que em Londres existe o cotidiano de o sol estar presente até as 19h, abaixo do equador o sol fica, no máximo, até as 18h20, no verão apenas. O sol começa a nascer um pouco mais cedo também e às 6h já existe um quê de dia alto.
Há manhãs que começam frias, depois de uma madrugada fresca, cujo prenúncio não é o de nada menos que um dia de sol a pino, inclemente, escaldante. Um tipo de sol que somente os pobres e trabalhadores a céu aberto e os usuários de transporte coletivo podem classificar de infernal, se o este for mesmo quente.
À seis horas, com uma brisa fria e os raios solares inclinadamente presentes na rua e nas paredes de casas inacabadas, a rua Mabel de Assis Santos ainda dorme. O homem da esquina, idosamente caduco e com má fama, ainda não ligou o som do carro com os hits dos anos dourados. A mulher da casa em frente, exímia gastadeira da herança deixada pelo marido morto e paga pelo governo, ainda não abriu a porta - estaria de ressaca ou o fim do mês tem trazido vacas magras com pouco álcool nas tetas?
Somente o canto dos pássaros pode ser ouvido e um perfume barato e enjoativo pode ser sentido, enfatizando que alguém de mau gosto acordou, tomou banho e a qualquer instante se precipitará porta fora, sujando o calçado da poeira de uma rua nunca asfaltada e que mais parece um refugo de pedreira de tanta poeira no tempo seco - no inverno parece o deságue de algum rio.
Vozes!
Tímidos sons.
O dia vai começando.
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