Eleição UFS #1
Depois das últimas eleições presidências e antes que ocorram as municipais o desafio do governo federal será nomear reitores que possuam o mesmo alinhamento político nas instituições de ensino superior técnico e tecnológico. Os sindicatos já se movem alvoroçadamente para impedir que isso aconteça, por vezes até com fake news, tal qual o bolsonarismo.
Na Universidade Federal de Sergipe - UFS - a insatisfação com servidores administrativos que queimam suas horas de serviço jogando paciência quando deveria estar efetivamente trabalhando ou pressionando, beirando a chantagens de cunho acadêmico, os discentes, como em certo departamento, está chegando a níveis intoleráveis dentro dos campi. Isso, sem sombras de dúvidas, refletirá no resultado para consulta ao novo reitor na UFS e não será sem motivos já que esses sobram.
Nas redes sociais já circula os primeiros discursos para uma mudança radical e esperada, até mesmo pelos petistas mais vermelhos. Segue abaixo a transcrição na íntegra de uma dessas missivas.
ELEIÇÃO NA UFS E O DESAFIO DA RENOVAÇÃO
Profa. Dra Denise Leal Fontes Albano
Prof. Dr. José Aderval Aragão
Este ano a UFS passará pelo processo de “consulta-eleição” para escolha de um novo
Reitor ou Reitora. Essa eleição, cujo procedimento passa a ser regido por uma Medida
Provisória editada no final do ano passado, levará à formação da lista com os três
nomes mais votados na disputa da Reitoria a ser encaminhada para o MEC.
Com essa nova norma, o protagonismo sai dos Conselhos Superiores da instituição –
um colegiado com não mais de 100 integrantes que, de fato, era quem escolhia os três
nomes da lista – para o conjunto da comunidade universitária, formada por servidores
(professores e técnicos) e estudantes. De uma mera possibilidade de ser realizada uma
consulta informal entre servidores e estudantes, cujo resultado poderia ou não ser
respeitado pelos Conselhos Superiores, a eleição pelos integrantes da comunidade
universitária passa a ser obrigatória. São eles que votarão nos candidatos que
comporão a lista tríplice que deverá ser homologada pelo Conselho Superior da UFS.
Trata-se de um momento marcante em quase meio século de existência da UFS,
quando, após cerca de três décadas de perpetuação de um mesmo grupo no poder, é
possível uma efetiva renovação na gestão daquela que é a mais destacada instituição
de ensino do estado. Importa elevar a qualidade da educação pública brasileira e
sergipana e, nesse sentido, os servidores e gestores da UFS devem atuar nesse
concerto em direção à promoção de um ensino mais qualificado.
Acreditamos que o desenvolvimento socioeconômico de um país, o vigor da sua
cultura e o potencial inventivo e empreendedor de sua gente dependem da educação
qualificada que é franqueada a suas crianças e jovens. Não há projeto de país digno e
edificante que não priorize a educação. E são as universidades públicas, enquanto
centros de produção de conhecimento e principal espaço de formação de novos
professores, as mais importantes indutoras desse projeto (ou deveriam ser).
Ao longo dos últimos anos acompanhamos o declínio da qualidade da educação
brasileira, com significativo impacto no campo da educação superior. Muitos jovens
desmotivados em seus cursos; a sala de aula usada muitas vezes como espaço de
proselitismo político-ideológico; a falta de articulação mais estreita entre o ensino de
graduação e a pesquisa; a ausência de projetos e programas mais efetivos de formação
continuada de professores; a falta de eficiência na gestão e de maior transparência na
aplicação dos recursos públicos nas instituições; a disseminação de uma visão e
postura de antagonismo, quando não de explícita hostilidade, ao setor produtivo da
sociedade; são apenas algumas questões que demandam um enfrentamento corajoso
e consequente, sem mistificações e devaneios passionais, a fim de resgatar o relevante
papel que as universidades públicas brasileiras devem assumir nestes tempos.
É induvidoso, por outro lado, que são as universidades públicas que abrigam a maioria
dos melhores pesquisadores do país, de onde saem patentes e produtos que
contribuem para colocar o Brasil entre as dez maiores economias do mundo, e onde
são formados profissionais que ocupam postos de destaque nas mais diversas áreas. O
desafio é preservar o que foi conquistado ao longo desses quase dois séculos desde a
criação da primeira Instituição de Ensino Superior no país, bem como corrigir
equívocos e eliminar erros que refreiam o potencial e afetam a confiança na qualidade
das universidades públicas brasileiras.
É com esse propósito que nos lançamos na disputa pela reitoria da UFS. Como única
universidade pública de Sergipe e com um legado respeitável em seus 51 anos de
existência, é necessário resgatar valores e procedimentos que, de fato, promovam
uma UFS renascida, enquanto instituição verdadeiramente comprometida com a
pluralidade de ideias, a qualidade do ensino e da pesquisa, a segurança da comunidade
universitária, uma gestão mais eficiente, descentralizada e transparente e uma maior
integração com o conjunto da sociedade sergipana por meio de ações de extensão que
contribuam para o progresso da sociedade e o reforço da cidadania.
Nós servidores (incluindo os aposentados), juntamente com os estudantes, temos o
dever, por imposição ética e espírito público, de ajudar nesse processo de
enfrentamento dos grandes e complexos desafios que se colocam para a nossa
instituição, a fim de corrigir os descaminhos que nos afastam do ideal de uma UFS bem
gerida, socialmente responsável, com processos formativos de excelência e com
potencial criativo.
O formidável e exponencial crescimento da UFS nos últimos anos permitiu a ampliação
de cursos, o aumento de vagas ofertadas, a melhoria da infraestrutura, o avanço da
pesquisa e o incremento das nossas atividades de extensão. Essa é uma conquista
valiosa e deve ser preservada e consolidada. Por outro lado, todo esse avanço não foi
precedido por um adequado planejamento, pois há vários cursos novos sem razoável
demanda e com baixo índice de alunos matriculados e a taxa de sucesso em outros
tantos cursos vem declinando ao longo dos anos (com a ampla maioria dos cursos
formando menos de 70% dos alunos por turma).
Essas são apenas algumas situações que ilustram o quanto uma gestão excessivamente
centralizada, por vezes errática e nem sempre diligente na boa aplicação dos recursos
públicos, vem comprometendo as grandes potencialidades dos servidores e
estudantes da UFS e eclipsando o valoroso legado da nossa instituição.
Ciosos dos desafios que nos esperam e comprometidos em realizar uma gestão
transparente, ética, eficiente e descentralizada, submetemos nosso nome à
comunidade universitária e ao conjunto da sociedade sergipana. Se os desafios são
grandes, maior é a nossa vontade e compromisso de dar à UFS o destino que ela
merece e a sociedade sergipana espera.
Que as coisas mudem ou que as atividades sejam encerradas de uma vez por todas!
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