Opressão sonora

Existe um tipo de canso que irrita e oprime, provocando, em alguns casos, evidente mal-estar físico - o sonoro.
Nas casas ao longo dessa rua de barro, que já viu o germe do saneamento básico mas nunca o asfalto, hits rotineiramente repetidos compõem a trilha sonora eclética e de péssimo gosto. Do sertanejo à fossa, todos tem um lugar especial no coração dos pobres periféricos que habitam as bandas do Rosa Maria. 
E o pior nem é, necessariamente, ouvirem a mesma playlist todos os dias, o dia todo. É obrigarem os demais a ouvir também, como se todos gostassem de brega funk ou da enjoativa Marília Mendonça. Há nessas pessoas uma falta de discernimento sem ímpar sobre convivência social e dignidade pessoal. E se as letras das músicas revelam algo sobre o próprio ser então essas pessoas são adúlteras ou propensas ao melodrama. Talvez por isso os botecos sujos com mesas engorduradas e garçons grosseiros estejam sempre cheios e prontos a explodir entre risos, choros e ameaças veladas.
Agravado pela desocupação dos vadios natos que superpopulam esse tipo de bairro, os "artistas" emergentes e os "consagrados" sempre terão acolhida, de um jeito ou de outro.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Reunião de faces

Maníaco do Parque: entre o personagem e o homem

Nada além do que virá