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As últimas horas

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Imagem: The Visit, Lamp Effect. Félix Vallotton. Met.  É isso. Nas últimas horas do "ano velho" os seus inimigos ainda estão aí, amargando o fato de não terem conseguido todos os seus maus intentos. Os seus parentes de caráter questionável ainda estão fuçando na lama familiar como porcos caipiras buscando a última pútrida guloseima para se deliciar na festa de fim de ano. Os seus "amigos" estão incomunicáveis, muito embora ativíssimos nos stories das redes sociais. Os seus conhecidos já mandam mensagens de felicidades no ano que se iniciará. Os antigos amores estão esperando  novidades, no meio real e no meio virtual. E seu líder religioso já deseja mais juízo e mais obediência para que sua alma possa se salvar no ano vindouro porque no atual já está perdida. As últimas horas do "ano velho" são horas de uma vida contínua, embora a mídia e a massa do populacho creiam-na mais que especial.  O que nos resta é olhar para trás, não com nostalgia, ma...

Desejo de amigo

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Fonte da imagem: USQ. Reprodução FB. Com a fraternidade natalina, tenho a desejar apenas que lute, não com a passividade de um ser que não deseja ofender aos demais, mas com a ganância de fazer apenas o que mais lhe parecer correto e afrontoso, porque sem a ousadia da afronta nada é alcançável.  Não lhe desejo um único Deus. Desejo-lhe lembrar que existem tantos Deuses quanto seja possível dentro do panteão humano.  E desejo-lhe que saia com o coração fechado e a mente aberta nesse mundo de espinhos e lágrimas, onde nem sempre há tristezas e muitas surpresas. Desejo-lhe que seja apenas vivente, não como aqueles de Carlos Nejar, embora ele sirvam de inspiração. De natal, é desejável o tudo e o nada, que abriga o diferente, o estranho, o inominável.

Pobre natalício

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Fonte da imagem: @amigosdobrasil. Os pobres, dessa vez, continuam mais empobrecidos. Sem nenhum refinamento e com um dedo pobre que só aponta para a religião, os pobres estão aí, largados às traças - e não como o Zé neto e Cristiano.  Alguns estão desejando o que outros têm - um chester , um peru, um frango assado na padaria nojenta da esquina -, ou estão simplesmente prostrados em frente ao aparelho de TV, esperando os miseráveis programas de fim de ano sem se darem conta que a vida real, mais cruel e implacável, está acontecendo no mesmo instante em que personagens trocam presentes. A vida que os espera é cheia de dramas criados pela inveja, pelo desejo do que não se pode ter. Os pobres que estão sentados às portas, com um copo de álcool na mão, querem esquecer da miséria mental que os faz comprar roupas cafonas e caras e que sobe pelas paredes, rasteja no chão sempre sujo e que resvala na "benção" de ter uma criança de alguma adolescente imprudente. Prolifera...

Entre o chester e o gás

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Fonte da imagem: reprodução redes sociais. A ceia natalina é uma festa para empresas e pequenos e médios empreendedores que tomam para si a árdua tarefa de alimentar os glutões de plantão. Por um lado esses hercúleos entes lucram alto (os que não possuem uma excelente margem de lucro certamente está fazendo algo de muito errado) e por outro livra os preguiçosos de ter que organizar uma comidinha intimista na única época do ano em que o comércio diz ser comemorado em família.  Na mesa do pobre, no máximo, um frango assado no forno da própria casa em que o gosto amargo do gás gasto para a produção do prato eclipsa qualquer gostinho natalino. Na mesa da classe média poderá haver o chester ou similares, quem sabe um peru para manter a tradição importada. Na mesa dos ricos, bem, um dia, quando rico eu for, saberei. Entre os cheiros, as luzes, os ressentimentos encobertos por um falso amor cristão há o tédio que insiste em não desgrudar da pele, da roupa, dos embrulhos dos pr...

Lixo de presente

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Fonte da imagem: cartunfólio. Natal é época de reflexão, costumam dizer por aí, e eu questiono-me sinceramente se algumas pessoas realmente compreendem o real significado desse conceito de reflexão. Seja como for, sempre lembro-me das disposições de Descartes sobre o bom senso e vejo-o, quase que diariamente, do incógnito além-túmulo, apontando-me quantas vezes o bom senso, não apenas natalino, erra ao julgar-se inquestionável. E nada tão absurdo quanto o bom senso dos líderes religiosos. Em outro natal não tão distante assim, quando dei milhares de crédito à uma organização religiosa, vi, diante dos meus olhos e para meu estarrecimento em vermelho e branco, um bispo protestante embalar cestas de alimentos não-perecíveis, doados pela própria congregação, em sacos de lixo. Segundo ele, era o melhor que tinha a oferecer. Sem margem a questionamentos, esse homem que se dizia representante do deus vivo cria que o melhor para seu semelhante podia ir em sacos de lixo, parecer lix...

Estilo brega funk

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Gravura: A Woman Playing the Theorbo-Lute and a Cavalier. Gerard ter Borch the Younger. Metmuseum.  Há alguns anos, quando a inocência ainda insistia em fazer parte do meu DNA e a minha vizinha da casa da frente ainda não tinha namorado, pensava que o pior das músicas nacionais já havia nascido e espalhava-se nas rádios, nas casas, nas ruas, nas festas familiares, no carnaval, nas quermesses religiosas do Rosa Elze e era facilmente encontradas sob a interpretação de Pablo, a voz romântica.  O drama que Pablo fez dissipou Brasil a fora com suas interpretações ou deixava, ou ainda deixa, as pessoas em completo estado de descontrole emocional. Inocente, ouvindo a pulso, a letra e a melodia entrava pela janela, pela porta e por todas as frestas possíveis; e desde o comecinho do dia até altas horas, aprendi, se não todas, a maioria das composições da fina flor de um estilo musical tão popular quanto as areias da praia no final de semana.  Porém, Pablo, a voz român...

Ofendidos, mas seletivos

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Reprodução da imagem: redes sociais. Os muito cristãos que encobrem abusos morais e sexuais entre as paredes sagradas de diversos templos religiosos e que perseguem aqueles de religião de matriz africana (chegando até a devassar terreiros em conluio com traficantes) e que pregam a violência passivo-agressiva contra gays, mulheres solteiras e com filhos e contra pobres e miseráveis agora estão ofendidos, novamente, com o especial de natal do humorístico Porta dos Fundos, assim como já se ofenderam, em menor escala, contra o Um Sábado Qualquer. Ofendem-se com a diminuta releitura de uma parte da vida de Jesus Cristo e não se perguntam o que Ele fez na maior parte de sua vida terrena e que não está na Bíblia "Sagrada" . Ofendem-se por Jesus ser representado pardo, pobre e gay - tudo o que a igreja neopentecostal odeia.  Ofendem-se por notarem que a interpretação dos evangelhos não é mais exclusividade da grande igreja medieval . Ofendem-se porque o Deus que eles...