Lixo de presente
![]() |
Fonte da imagem: cartunfólio. |
Natal é época de reflexão, costumam dizer por aí, e eu questiono-me sinceramente se algumas pessoas realmente compreendem o real significado desse conceito de reflexão. Seja como for, sempre lembro-me das disposições de Descartes sobre o bom senso e vejo-o, quase que diariamente, do incógnito além-túmulo, apontando-me quantas vezes o bom senso, não apenas natalino, erra ao julgar-se inquestionável.
E nada tão absurdo quanto o bom senso dos líderes religiosos. Em outro natal não tão distante assim, quando dei milhares de crédito à uma organização religiosa, vi, diante dos meus olhos e para meu estarrecimento em vermelho e branco, um bispo protestante embalar cestas de alimentos não-perecíveis, doados pela própria congregação, em sacos de lixo. Segundo ele, era o melhor que tinha a oferecer.
Sem margem a questionamentos, esse homem que se dizia representante do deus vivo cria que o melhor para seu semelhante podia ir em sacos de lixo, parecer lixo. Porém, lixo nós levamos para o lixão. Para a casa do irmão, independente da filiação religiosa, deve-se levar o que se tem de melhor, como se o fizéssemos ao próprio deus, seja o pai ou o filho, todos uma ficção mal contada. E se nenhum outro líder ou membro da congregação se opôs ao que ocorria, então ninguém pode esperar a salvação, como predita na Gibíblia, para todos esses.
Os religiosos, ou com tendência para as demonstrações públicas de aparência de fé, parecem não ter o mínimo de compreensão do senso de justiça - de carisma genuíno claramente são desprovidos. São arrogantes com leves toques de vigarice. Possuem trechos gibíblicos excelentes presos à memória para serem usados no momento oportuno com o desesperado da vez.
A única característica que lhes falta é a centelha divina fictícia que comumente conhecemos por caridade.
Comentários
Postar um comentário
Após análise, seu comentário poderá ser postado!