Estilo brega funk
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Gravura: A Woman Playing the Theorbo-Lute and a Cavalier. Gerard ter Borch the Younger. Metmuseum. |
Há alguns anos, quando a inocência ainda insistia em fazer parte do meu DNA e a minha vizinha da casa da frente ainda não tinha namorado, pensava que o pior das músicas nacionais já havia nascido e espalhava-se nas rádios, nas casas, nas ruas, nas festas familiares, no carnaval, nas quermesses religiosas do Rosa Elze e era facilmente encontradas sob a interpretação de Pablo, a voz romântica.
O drama que Pablo fez dissipou Brasil a fora com suas interpretações ou deixava, ou ainda deixa, as pessoas em completo estado de descontrole emocional. Inocente, ouvindo a pulso, a letra e a melodia entrava pela janela, pela porta e por todas as frestas possíveis; e desde o comecinho do dia até altas horas, aprendi, se não todas, a maioria das composições da fina flor de um estilo musical tão popular quanto as areias da praia no final de semana.
Porém, Pablo, a voz romântica, foi superada, e não pelo funk da Anitta e nem pela swingueira de Léo Santana. O desbanque de Pablo deu-se pelo Brega Funk.
O populacho deixou de sofrer exclusivamente por um "amor" e passou a divertir-se sobre falos e vulvas com leves toques de amores prostituídos. Levando ao pé da letra tudo o que houve, o povo segue adorando o sexo, ainda não na forma mais vulgar na qual já se apresentou, mas em um estilo bem parecido.
O brega funk não entra por frestas, janelas e portas. Ele simplesmente mete o pé nas barreiras que encontra e devassa o inviolável asilo do cidadão, estuprando os ouvidos alheios. E quando menos se espera já está lá a avó, o avô, a mãe, o pai, os filhos, os primos, o cachorro, a tartaruga e a poeira dos móveis dançando o tal brega funk.
Éramos brega, apenas. E às vezes inocentes.
Hoje somos apenas funk nordestino.
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