Amamos em opressão
Ilustração de Milo Manara |
Amamos demais, no começo, para ir amando de menos até que o menos é
tão grande que o que resta é tão-somente a necessidade de a
fastar-se de
quem outrora era amor, paz e ar.
Amamos demais ou fingimos uma ilusão para não recorrer à realidade?
Amamos demasiadamente para provar que a solidão não existe ou somos
tão solitários que fabricamos uma ilusão de ótica?
Histórias de amor não tem começo, apenas fim. E é assim que tudo
acontece: não gravando o início, deturpando o meio e indo direto para o
término, onde o que sobra são restos de uma conta que ninguém sabe como começou
– apenas que existe.
Chatas, tediosas, irritantes – as histórias de amores passados, desde os
tempos mais remotos, são, na balança dos dias, as lembranças que mais
atormentam quem não tem o que fazer e são as responsáveis pelas mais diferentes
maneiras de dizer “o passado é uma grande M”.
Amamos os outros, em histórias, para exteriorizar que não nos amamos
na media certa, com a intensidade correta, nos momentos necessários.
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