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Nuvens de milagres

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Arte: Male Academy Figure: Half-Lenght, Side View. Eugène Delacroix. MET. Uma hora as coisas estão indo bem e em outra elas vão mal. O que fazer, então, quando uma nuvem obscurece a luz da esperança (e quiça da bonança)? Temos, como seres humanos preguiçosos, a necessidade do elogio e da constatação de que tudo sempre vai bem. Não suportamos uma nuvem de contrariedade, de qualquer tipo, nem de qualquer grau. Quando as coisas vão bem nós adoramos divindades, sorrimos, ficamos preguiçosos e relevamos grandes e degradantes ofensas. Quando tudo vai bem não nos importamos com detalhes e somos chatos, irascíveis e terríveis. E talvez seja por isso que as coisas boas durem tão pouco. Quando as coisas vão mal nós xingamos, nos revoltamos e sofremos como condenados sem a menor possibilidade de absolvição. No entanto, é nessa hora, quando tudo parece ir de mal a pior e a luz no fim do túnel é apenas uma miragem que se inventa para fábulas sem moral que promovemos o progresso e o ...

Amamos em opressão

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Ilustração de Milo Manara Amamos demais, no começo, para ir amando de menos até que o menos é tão grande que o que resta é tão-somente a necessidade de a a ir amando de menos at fastar-se de quem outrora era amor, paz e ar. Amamos demais ou fingimos uma ilusão para não recorrer à realidade? Amamos demasiadamente para provar que a solidão não existe ou somos tão solitários que fabricamos uma ilusão de ótica? Histórias de amor não tem começo, apenas fim. E é assim que tudo acontece: não gravando o início, deturpando o meio e indo direto para o término, onde o que sobra são restos de uma conta que ninguém sabe como começou – apenas que existe. Chatas, tediosas, irritantes – as histórias de amores passados, desde os tempos mais remotos, são, na balança dos dias, as lembranças que mais atormentam quem não tem o que fazer e são as responsáveis pelas mais diferentes maneiras de dizer “o passado é uma grande M”. Amamos os outros, em histórias, para exteriorizar que não nos am...