O ridículo das cartas
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Foto: falouepontofinal.com.br |
Cartas de amor são ridículas,
escreveu Fernando Pessoa.
Somos efêmeros o suficiente para
mudar de lado na política, na opinião sobre dinheiro e ética, sobre as visões
do mundo.
Somos efêmeros para mudar de amor
a cada estação, ou quando mudamos de cidade ou emprego, sob a justificativa
aceitável de que a felicidade está sempre a um passo de distância.
Conversas e justificativas que
tornam aceitáveis atitudes que transformam pessoas em objetos e que, sem
cerimônia, passamos a usar egoistamente sem o pré-julgamento da sociedade.
Quantos “amores eternos” você não
viu acabar do dia para a noite? Quantas paixões incríveis são formadas em show
musical?
Evidentemente, não podemos
misturar a paixão com o amor, pois aquela tem a licença poética para começar e
acabar ao bel-prazer; este não.
O amor é um pouco mais preso por
ser entendido como duradouro, entediante, promovedor de cartas ridículas, sem
sentido e constrangedoras. O amor, endeusado, passou de profano a santo e perdeu
a regalia de ser exterminado a qualquer hora.
As cartas de amor são ridículas
não por existirem, mas por trazer à tona, em momentos impróprios, amores
passados, lembranças de dias “felizes”, de olhares e sorrisos. Fosse só
palavras, sem data e sem nomes, estaria tudo bem. Se fosse.
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