A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água

Uma vida inteira trabalhando no marasmo da Administração Pública, com uma mulher tagarela e uma filha de plástico, não foi capaz de satisfazer os anseios de Quincas. Convenhamos: o trabalho precisa ser ou gratificante ao ponto de tornar cada dia diferente e especial ou dispensável de modo a permitir que o indivíduo falte e viva intensamente; um casamento precisa ser o descanso e não o martírio de todas as noites e manhãs; e quando os filhos são ainda piores que o trabalho e o matrimônio, então não há muito o que salvar.
Um dia, cansado do trabalho, da mulher e da filha – da vida -, Quincas entorna a boa cachaça e dá um berro, um berro d’água. Daí vem seu apelido. E a vida que mudou. De respeitável só restou o passado.
Em Quincas Berro D’Água o leitor se deparará com o choro das prostitutas, dos bêbados, dos vagabundos; com a dedicação daqueles que nada tem além de si e do dia; com as aparências “inevitáveis” para um cidadão de bem e um morto digno. Jorge Amado coloca em linhas o padrão de vida estabelecido e os paradigmas com os quais somos obrigados, ainda, a conviver.
A aparência e o amor, acompanhado da dedicação esculachada, a quem se quer bem.
Quincas morre duas vezes e é sepultado, assim como teve duas vidas. Uma para a chateação, outra para a vadiagem. E, diga-se, a felicidade está nessa segunda.
Agora Quincas descansa nas águas de Iemanjá e é sempre recomendável ler sua história e assistir a adaptação cinematográfica da obra.
Bom filme!

Boa leitura!





Adaptação da obra. Filme completo

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