Liberdade Negada

Os anos de ditadura, ou dita mole como alguns um dia chamaram, levaram o País às mais diferentes e inusitadas maneiras de lutar contra a opressão. Em meio ao processo ditatorial muitos foram mortos e encontrados, outros apenas mortos e desaparecidos e outros tantos e tantos foram silenciados “pelo bem da identidade nacional”.
Brasil, ame-o ou deixe-o!
Certamente se todos pudessem teriam abandonado suas casas inseguras e partido para o exílio. Infelizmente apenas uns poucos puderam fazer isso. A maioria teve que ficar e suportar. Jorge Amado teve suas obras queimadas em praça pública por ser considerado subversivo. Que tragédia! Na música A Banda do Chico passou e todos, um dia, falaram do que era importante com Vandré para não dizer que não falaram das flores.
Entretanto, entre a cultura possuída pelo poderio militar e a vida comum existia a inflação controlada e a paz nas ruas, como dizem – a verdade é deixada para quando tivermos nos recuperado de tamanha ferida, e o amor atrelado à liberdade. Aquela vida em que a escola é regida à palmatória e o amor é escandalizado pelo banditismo.
Capa da Obra
É a partir de aspirações e impossibilidades, cabrestos e submissão feminina que Morgana Gazel desenvolve a sua Liberdade Negada revelando ao leitor as dificuldades de uma vida em que as normas são ditadas e mudadas de acordo com a opinião de uma minoria habituada à hierarquia e ao comando sem perguntas.
Gazel mostra o amor repentino, a oficialidade de uma ditadura, a luta pela liberdade de expressão e o exílio. Tudo isso e ainda mais é possível acompanhar nas entrelinhas de uma vida restrita. Nas pouco mais de 100 páginas dessa Liberdade Negada certamente surgirá a fraqueza humana frente ao caminho mais fácil para viver.
Sobreviver não é uma ordem e deixar o Brasil é uma opção para Sara, não para Fred, não para o pobre.

Amar é um desafio. Ter a Liberdade Negada é simples: não questione ordens.

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