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Inominável expressão

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Poucas expressões eu considero realmente graves a se dizer a outra pessoa, principalmente quando esta foi, em algum momento e por breves instantes, querida. E são graves por que carregam em si o peso do coração e dos sentimentos mais profundos.  No entanto, são necessárias. Para que o outro passou do limite, ultrapassando qualquer consideração e afeto, pavimentando uma estrada de mão única e só de ida. Porque, às vezes, deixamos que as pessoas nos tratem com desdém enquanto esperamos que elas melhorem um caráter defeituoso. E elas, frequentemente, não querem ser melhores; elas querem parecer melhores e aceitáveis para suprir uma superficialidade abjeta. E somente depois de muita dor e sofrimento essas expressões veem à tona como último recurso de amor próprio e desprendimento, vindo de um lugar onde não mais existe amor e afeto, apenas espinhos e cicatrizes. Um solo infértil. Uma delas, cunhada pelo tempo, pela falta de amor e por sentimentos elevados rebaixados à ridic...

Um caminho, um caminhante

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Foto: Rafael Rodrigo Marajá. Arquivo Pessoal. Andar por lugares conhecidos com o coração leve e a alma tranquila requer coragem - uma coragem audaz e forte. Nesses caminhos de lembranças, risos e superações estão as marcas que ferem e sangram a cada passo. Estão, nas cores, nas casas, nos transeuntes, as formas de uma vida anterior propositadamente desprezada e destruída pela mesquinhez da deslealdade e da falta de verdade. As dores do caminho são resistentes e frequentemente inatacáveis. Dores que mancham a beleza das fotografias, das lembranças intangíveis, dos estados de espírito. O caminho é o mesmo. As aparências são as mesmas. Os sentimentos, ofendidos, são os mesmos. O caminhante não é o mesmo. E nunca mais será.

O amargor da ilusão

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Foto: Av. Josino José de Almeida. Aju-SE. Rafael Rodrigo Marajá. Alguns sacrifícios são feitos por falta de escolha enquanto outros são feitos por necessidades. Ambos, no entanto, podem estar sob uma ilusão que movimenta a vida e promove o sucesso. O problema dessa ilusão é que outras pessoas se aproveitam dela para subjugar quem está no jogo da vida para o que der e vier. E, nesse caso, a maldade alheia não encontra limite algum. Humilha, trai, mente, engana, calunia, usurpa sentimentos e suga toda a vida com interesses mesquinhos. Não há segurança na toxicidade de uma ilusão manipulada pela perversidade. E quando o veneno escorre de falsos amores, falsos amigos, falsas motivações a ilusão, antes doce, torna-se amarga. O sol de todos os dias aquece outras ilusões e ofende tantas e diversas desilusões. O amargor continua ali e nada, a não ser a própria consciência, é capaz de processar e expelir a dose amarga de veneno. O caminho ensolarado e belo continua existindo como de...

Pós-cotidiano

Hoje minha vizinha resolveu cantar uma linda canção.  Sua voz, assim como a minha, não foi talhada para o canto e mesmo assim  lá estava ela, cantando e cantando sempre mais alto. Lá fora, na rua, entre mortos e famintos, a música popular enche o vazio que existe nas tardes de pandemia e tenta traduzir o silêncio das consciências. Eu apenas ouço de um lado e de outro. Ouço e tento não tomar os venenos que tentam me empurrar. E tentam muito. Porque chega um dia em que dirão que você é insuficiente e que sua vida, seus feitos, suas tentativas não passam de incômodos. Farão você acreditar que merece o desprezo, a mentira, a infidelidade e a covardia. Imputarão a você erros alheios, deficiências de caráter desconexas da realidade. Tentarão reduzi-lo a apenas satisfação sexual, impressões em redes sociais e vãs ilusões. Mas é preciso que você entenda que o mau-caratismo não é culpa sua. Que seu código de ética e de moral não estão equivocados se não prefere a autodestruição. Você p...

Ontem chove hoje

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Está chovendo e meu corpo está salgado. Meu corpo está fechado. E minha mente está sob um rígido estado de alerta. Os sons do desespero, que vagam pela rua, silenciaram E todos ouvem as gotas da chuva bater no telhado. Está chovendo e não há tristezas. Covas rasas serão expostas. Corações rasos serão estraçalhados. E vãs ilusões serão feridas. A chuva aumenta o tom. A minha voz é mais baixa que o rugido da chuva. A minha importância é menor que a umidade de agora. A minha vida é uma gota de uma chuva de vidas. E tudo é tão pequeno lá fora. E tão grande cá dentro. Chove. Escorre o ontem em calhas. E o hoje é molhado. E a chuva, depois da limpeza de almas e casas, Se vai.

O mar do Farol

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Foto: Por do sol no Farol da Barra. Salvador-BA. Rafael Rodrigo Marajá. Quando sentei à beira mar, sob a sombra do Farol da Barra, eu não estava só. Eu nunca estive sozinho.  As ondas do mar vindo em minha direção refletiam o sol do fim de tarde e minha vida misturava-se às dos desconhecidas à minha volta. Amigos, amantes, indecisos - todos parados olhando o mal que escondia o sol e descarregava angústias, sofrimentos, intrigas, maledicências, traições, desonestidade. O mar, casa de grande mãe, limpava nossas mentes e acalmava nosso coração enquanto a vida, longe de sua influência, seguia recortada por mal-quereres diversos. E tudo estava bem.  Fixo no chão, como se tivesse criado raízes, meus pés seguiam firmes ao chão, ao mar, à grande mãe. Meus olhos contemplavam o além e o mais longe - avistando a terra de Ayocá. E minha mente, essa mente resistente e preciosa, acalmada e silenciada, entendia o que o Pequeno Príncipe entendeu. E quis conversar com ele, ali mesm...

Mulher Independente III

Chegou, como sempre, independente de sua autoestima, com a boceta lacerada e o cu esporrado pelo chefe. Em uma empresa que a ascensão depende de quem agrada analmente o chefe imediato e tendo uma disposição natural para piscar as pregas, a Mulher Independente e bem resolvida está se saindo muito bem. Agora a promoção chega? Em casa, rejeitada por quem deveria desejá-la, sua boceta pisca e se revolta vendo-o mastubar-se madrugada adentro sem ao menos tocá-la. E implora por sentir a rola de quem regozija em trair, enganar e mentir.  Ignorada, vendo a rola dura, molhou-se. Encharcou-se e a vida mostrou-lhe que desdenhar a rola tantas vezes mamada, quicada, punhetada é um caminho perigoso. Quando abriu as pernas, mais uma vez desde o cisma, seu cio escorreu por entre pernas e colchão. O desejo por rola, mesmo não sendo por aquele macho específico, é latente e transforma-a em rameira de quinta, que o cu não lhe serve e a boca é antro de dejetos. O macho virou-lhe a cara, meteu-lhe a rol...