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Mostrando postagens com o rótulo Rosa Elze

Palavras em riste!

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Hiawatha ,  Augustus Saint-Gaudens. MET.   Ali na esquina da praça Horácio Souza Lima, onde tantas expressões são manifestadas diariamente e por tantos indivíduos particulares, ouvi, em alto e em bom som, que  "quem sai com viado é viado também!". Atirada à queima roupa em um meio-dia parece mais um assassinato à liberdade de expressão do próprio querer de sair com quem desejar para não parecer viado . Ora, passou o tempo e a geração de quem se escondia entre becos e palavras codificadas para marcar encontros e expressar afeto pelo mesmo gênero. Os lugares escuros, fétidos, sigilosos ficaram para aqueles que andam armados com problemas sociais de autoaceitação e extremo julgamento da vida alheia.  Ao meio-dia, de qualquer dia, a fome bate à porta de homens e mulheres e ignora completamente os frequentadores das camas; a violência, por outro lado, assim como as criaturas armadas de palavras, escolhe lugar, cor, gênero e classe social, vitimando gays, pretos, periféric...

Pobrices de quarentena

A quarentena entre os pobres do Rosa Elze parece as festas de fim de ano, só que em Março e sem muita água celeste para encerrar o verão. Os meninos pobres ainda soltam pipas na rua e as meninas saem à noite para brincar - uns seguram objetos cilíndricos que os ligam a pipas, mesmo à noite, outras correm para colocar objetos igualmente cilíndricos na boca. Os pais? bêbados que dormitam o dia todo e quando a noite finalmente cai correm para dentro de casa para ou produzir outro pequeno demônio ou assistir às reprises de novelas. A rua fica aí, cheia de gente esperando que a pandemia seja trazida na carona dos traficantes. Uma varredura de doença que pretende acabar com os pobres, velhos e novos diabos, parece nunca chegar nas ruas mais periféricas dessa que, dizem, é a cidade mãe de Sergipe. Poeira, drogas, baixezas de todos os tipos  - nada de novo durante essa quarentena que parece estar longe do fim. ___________ Acesse e leia: Anjo da Guarda  (Amazon) ...

A Blow-quarentena

A quarentena não é tão ruim assim e tem aspectos que podem muito bem ser interessantes. No andar de baixo, por exemplo, o casal de namorados que há tempos andava sumido reapareceu. Ela agora vive nos cômodos inferiores (também conhecidos como a casa do namorado). As luzes, que antes eram apagadas cedo e só acendidas no meio da madrugada quando ele chegava do trabalho, agora ficam acesas durante toda a madrugada. Ela está sempre presente e entre cochichos e risos, silêncios pontuais são notados. A bem da verdade, ela é feia. Ele se sobressai à ela quando a vantagem é o atrativo que comumente se diz que uma pessoa é "engraçada". No entanto, entre o som mediano da TV ligado em alguma série e o amanhecer do dia, ela prova o gosto do macho que escolheu para ser o parceiro. Prova o gosto; o gozo; os gemidos (dele).  A casa não vazia finge não ouvir e os vizinhos endeusados pelo modelo de casas verticais estão sempre marcando no Flo Health o quanto ela mama na mamadeira d...

As bichas da encruza

Ali na encruzilhada, em uma das esquinas, três gays travestis estão batendo ponto. Nunca apareceram por essas bandas e com a quarentena é de se supor que a clientela tenha diminuído e como ali na esquina é ponto de venda de entorpecentes, capaz de não só se reabastecerem com a felicidade ilícita como ainda descolarem uma rasgada anal de algum cara ocioso (que não falta no referido ponto) e cioso de sua necessidade carnal de um buraco qualquer. Tem um magro com roupas banais, um com cabelos longos com luzes com roupa tendendo ao vulgar e outro igualmente ordinário e sem nenhuma expressividade. Lá, na sagrada encruzilhada, virou ponto de bicha puta, não bastando toda a droga que escorre. E dizem que farão jejum para salvar o Brasil do novo coronavírus. Pelo que se vê nessas áreas periféricas, pobres, amundiçadas é que o Brasil não precisa de livramento de vírus nenhum - precisa é de uma banho de civilidade política, social, histórica e econômica. ___________ Acesse e le...

O coronavírus no Rosa Elze

Em dias de quarentena o pior que se pode fazer é sair às ruas e ter contato humano - não pelo vírus, pela baixeza das expressões humanas populares. No país Rosa Elze, o coronavírus está em outro patamar - naquele em que a maior preocupação é pagar as contas mesmo e tentar sobreviver, como ocorria antes da pandemia. Na loja do GBarbosa do Eduardo Gomes apenas 50 criaturas podem estar dentro da loja. Tudo bem, é medida preventiva. O problema está na porta, com a atendente de máscara apoiada no queixo e luvas que em tudo pega e que é usada para coçar olhos, nariz e pele do rosto. Da porta para fora, a fila se agiganta e a distância mínima não é respeita porque ninguém quer ficar ao sol ou mais distante da porta que dá acesso ao paraíso do bairro. A agente de saúde, parada no meio da rua e gritando, entre críticas ao governo estadual e federal , tenta fazer com que as pessoas tenham consciência, principalmente os idosos que estão beirando a senilidade, constatada a cada palavra por...

O raiar cotidiano

O verão é engraçado e, até certo ponto, estranho. Enquanto que em Londres existe o cotidiano de o sol estar presente até as 19h, abaixo do equador o sol fica, no máximo, até as 18h20, no verão apenas. O sol começa a nascer um pouco mais cedo também e às 6h já existe um quê de dia alto.  Há manhãs que começam frias, depois de uma madrugada fresca, cujo prenúncio não é o de nada menos que um dia de sol a pino, inclemente, escaldante. Um tipo de sol que somente os pobres e trabalhadores a céu aberto e os usuários de transporte coletivo podem classificar de infernal, se o este for mesmo quente. À seis horas, com uma brisa fria e os raios solares inclinadamente presentes na rua e nas paredes de casas inacabadas, a rua Mabel de Assis Santos ainda dorme. O homem da esquina, idosamente caduco e com má fama, ainda não ligou o som do carro com os hits dos anos dourados. A mulher da casa em frente, exímia gastadeira da herança deixada pelo marido morto e paga pelo governo, ainda não a...

Janela vívida

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Arte: Street in Meknes. Eugène Delacroix. 1832. MET. Da minha janela, no nível do primeiro pavimento, componente elementar da calçada, eu vejo o mundo que se desenrola à margem da sociedade e que me criminaliza e vitimiza utilizando as vítimas que estão encarceradas em outras janelas gradeadas. Por ela eu vejo aquele que estaciona o carro na calçada com preguiça de alocar o bem na garagem; vejo o casal que se diz enamorada e o rapaz que paquera os transeuntes.  Da minha janela fechada eu ouço o homem que pede a carteira alheia, mas que não é assaltante (embora pareça). Ouço o carro do lixo. Ouço conversas entrecortadas que denotam uma vida limitada aos recursos que se pode obter, nem sempre de maneira honesta. Pela minha janela a vida escorre de dentro para fora e de fora para dentro como se o mundo físico fosse o último bastião entre a prisão e a liberdade pregada nas igrejas à direita e à esquerda desse buraco gradeado. Da minha janela eu vejo  lua, viajo, ouço,...

Passeio no jardim gritado

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Noite Abstrata Sair às ruas no Jardim Rosa Elze ainda é uma aventura inenarrável! Impressionante não só pela quantidade de novas edificações que surgem a cada dia - sempre mais diminutas e simplórias, caríssimas e feias -, mas pela quantidade de Igrejas, Casas de Oração e aglomerados que dizem que estão louvando o Senhor - às vezes pergunto-me: qual Senhor, especificamente? Não sem estranhismo, a gritaria que se desenvolve em determinadas noites é mais assustadora que a solidão das ruas - nem tão perigosas, às vezes - às 3h de uma manhã sempre quente e escura desse recorte de São Cristóvão. E é uma gritaria tão aterrorizadora que a única explicação para o pacifismo, diante da violência de outras regiões dentro do mesmo bairro, é o  medo dos facínoras ante ao muito e desrespeitoso louvor.  Com Igrejas e similiares demais para as primeiras ruas e para a quantidade de habitantes - na maioria flutuantes - do que se pode dizer do Rosa-Elze-Puro, é difícil imaginar se...

Assalto Lotérico

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Reportagem após o assalto. TV Atalaia As ruas continuam sendo a melhor fonte de experiências e perigos. Uma escola sem precedentes e que não exige nenhuma habilidade pequena - é preciso coragem para estar na rua - e muita vontade de vagabundar. De surpresas e acontecimentos rápidos, violentos, sanguinolentos, as ruas guardam em sua estática estrutura a desurbanidade da vida, independente se medieval, moderna ou contemporânea.   Sem deixar nenhum detalhe de fora, são o melhor caminho para a prática do crime e para a efetiva aplicação das leis. E, assim como formigas construindo um formigueiro, expandimos nossa percepção com os atos do dia a dia, que tanto nos enaltece e ridiculariza, fragilizado nosso sentido de humanidade, mas fortalecendo-nos contra eventos fortuitos e casuais. Nesse ínterim, vem, por exemplo, os assaltos, armados ou não, e suas mais nefastas consequências e modos, latrocínio, exemplificando. Para ilustrar o dia de hoje, caminhe entre as ruas do Bai...

Saudade e Assalto

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Hoje é Dia da Saudade! E o que cada  indivíduo pode ter saudade ou querer de volta pode ser revistou, redesejado nessa data sem o menor problema ou pudor. Com o detalhe que as coisas passadas não mais voltam, nem os desejos suprimidos reflorescem na mesma situação e proporcionalidade. Esse é um dia em que a nostalgia tomará conta  de algumas pessoas fazendo lágrimas rolaram, sorrisos surgirem e olhares perdidos em meio a um mundo de eventos passados, às vezes nem tão antigos. Para todos um bom Dia da Saudade! Nesse mesmo dia em que pessoas estão cometendo assaltos com prejuízo, inclusive, à língua portuguesa na porta da Universidade Federal de Sergipe, em São Cristóvão. Uma vergonha para os estudantes que se matam durante os períodos. E onde está a força policial? O que eu sempre digo; o Rosa Elze é violentíssimo e uma hora ou outra todos serão assaltados! Saudade de assaltos? Ninguém quer nem ter nem passar.