A rotina da casa do lado

Tela: Tempo de lazer em um ambiente elegante. Pieter de Hooch . Metmuseum

 

Quando a família tradicional virou o deboche público por ter seus segredos expostos, como o gay sigiloso, a moça cujos hábitos sexuais estremecem os pensamentos das carolas e a religião exposta como arma de dominação dentro e fora da família - além, obviamente, das preferências políticas questionáveis e, até certo ponto, tão irracionais quanto o fanatismo religioso -, a credibilidade da instituição familiar foi jogada no lixo, incinerada e as cinzas foram jogadas na privada da rodoviária. 

Agora tenho vizinhos que remontam à velha estrutura familiar - ainda sem filhos, mas à base do catolicismo. 

Às 18h tem o terço.

Entre as 22h e o meio da madrugada tem um sexo contido.

Durante a manhã tem entrevistas com religiosos e sessões de músicas gospel.

E a tarde é uma preparação da mulher, jovem e sempre auto exilada, pela chegada do homem. O perfume dela, nem tão bom assim, chega a invadir a minha casa, de tão pretensioso.

O homem, como se espera, sai para trabalhar para manter a própria casa com o suor do próprio trabalho.

E assim o cotidiano vai quebrando o amor que pode insistir em existir na casa ao lado. 

Então o padrão da família tradicional não está completamente morto. 

O que está morta e muito bem descartada é a crença nesse modelo desde que a sociedade passou a assumir sua sexualidade e a se recusar a usar as antigas correntes que prenderam nossos antecessores. 

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