Carta a um ausente V
Aquarela: Meninos em uma Dory. Winslow Homer. Metmuseum. |
Os anos pesaram, de um modo ou de outro. E as correntes das consequências das nossas ações deixaram marcas que nenhuma expressão vulgar pode transmitir toda a magnitude.
Os anos retiraram a magia da vida, a graciosidade das infantilidades e os motivos de lágrimas passadas.
Agora, parece que nada vale a pena porque, apesar de perto, acessível a um clique, reservada como sempre, comprometida desde a gênese, a distância é intransponível.
Mas, para sempre e sempre nos momentos de tristeza e angústia, sua imagem sob a sombra do jasmineiro, rindo e com flores no cabelo em uma manhã de agosto é a visão que me arrebata para o único momento desta existência que valeu a pena, sob todo e qualquer sacrifício.
Um dia eu sumirei entre datas e palavras e nem mesmo a minha lembrança restará.
Mas o meu olhar, vidrado nessa cena, será a minha última visão desse mundo.
E isso não tem lógica, nem explicação, nem medida.
Apenas o amor.
O único amor.
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