Entre sujeiras e miolos VIII

O vento entra com toda a força e o sol castiga os transeuntes lá fora.

Aqui dentro, da casa, de mim, dos meus miolos, há o embalo de Pessoal Particular.

Lembranças de priscas eras pululam em minha mente, em meu sangue, em minha retinas. E o calor já não é mais o desse lugar, o cheiro não é mais da vegetação que seca no quintal alheio. Eu não sou eu. 

E há alegrias, pequenas, sedimentadas, que ancoram minha existência volátil nesse momento. 

Ah, a delícia de ter vivido coisas simples; de ter gostado de pessoas difíceis e de ter sido difícil. 

Não, isso não é coisa de quem está prestes ao suicídio e também não são reminiscências de um senil que não sabe mais se situar no tempo e no espaço. Talvez seja os dois ou algo com nome difícil que os cultos e psicólogos saibam. Eu não sei.

Não estou interessado em nada. 

Estou mais para Gisberta ou o velho Francisco, oscilando sempre entre esses dois personagens, que vejo na Rua da Frente, encostados na Ponte do Imperador. 

Como Gisberta, levei pouco e trouxe menos ainda.

Como o velho Francisco, nem sei mais quem sou ou se fui tudo isso que ora penso.

Nada penso e pouco sei.

Apenas existo, do jeito que dá, como dá e se der.

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