Metades

Vivemos em meio a esses amores tantos, diferentes, estranhos, problemáticos. Em meio à falta de amores. Enlameados na mais diversa maneira de estar. E estamos separados, com a vida insistindo em dar-nos milhares de motivos para sermos igualmente disputados nos meios em que adentramos.
Isso é o que todo mundo sabe.
O que ninguém sabe é essa mania nossa de falar com naturalidade das nossas coisas - que existem separadas uma da outra -, de pessoas - de nossas vidas separadas -, de flores, comida, pretérito, presente, sofrimento e vida.
Nesse meio, um vendaval de dias, meses, talvez anos, encaminha um para o outro com a certeza de que não há data marcada, nem nuvens que separem-nos – exceto apenas aquela que interrompa o sinal da operadora de telefone.
É o ... não. Não é o amor que nos une sob os laços que a distância impõe. Amor atrapalha, atrasa o tempo das coisas que são importantes, ilude o raciocínio e o pior: perverte as verdades que podem ser ditas. Pois também não é o desamor, isso seria indiferença ou ódio.
Está aí em algum lugar entre o amor e o desamor, que permiti ciúme, piti, ataques histéricos e discussão. Permiti flores fora do tempo, fofoca, pedidos, críticas, parcerias. Mas se alguém perguntar, com a curiosidade de quem procura saber o que é, certamente vai ouvir uma declaração de amor intensa, pesada, apaixonante, irremediavelmente delirante.
O que temos para hoje?
Nós dois, de novo, amando sermos nós, juntos e separados, no calor do litoral ou no frio do agreste noturnos. Temos para hoje nossos problemas, nossas resoluções e nossa história. Só nossa.



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