Roda Lítero-Musical Arte Contemporânea, Linguagens e Formação Profissional: Reflexões a partir da obra lítero-musical de Arnaldo Antunes


Roda Lítero-Musical no V EIC IFAL - Palmeira dos Índios


 (Texto na íntegra do discurso proferido durante a roda)


A formação profissional oferecida pelas instituições de ensino, os Institutos Federais, por exemplo, são alicerçadas nos anseios da indústria, da construção civil, e das necessidades científicas e tecnológicas da sociedade brasileira e de cada fragmento comunitário local e regional que a forma. Nesse contexto, podemos separar as condições ideais em que são formuladas grades curriculares, testes avaliativos e experimentos laboratoriais que complementam a formação profissionalizante.
A partir disso e das mais diferentes realidades em que nós, os alunos, estamos inseridos e que vivenciamos diariamente para ter condições físicas, emocionais e estruturais para cumprir as exigências de um futuro eminente, que cobra-nos responsabilidades até exacerbadas para uma idade de descobertas e aprimoramento daquilo em que somos capazes de fazer e que nos satisfazem, passamos a ter uma visão minimalista de coisas que só importam para a técnica de cada área do conhecimento em que somos moldados a desempenhar tarefas aparentemente objetivas e descompromissadas com a subjetividade da arte e deixamos para “mais tarde” nossos verdadeiros desejos, ou melhor, nossa vontade de fazer aquilo que gostamos, renegando o que acreditamos a um lugar que não cabe nesse futuro técnico.
Mas será que realmente precisamos abominar a arte, a literatura, a música e tudo aquilo que gostamos de fazer só por que precisamos ser técnicos?
Bom, a resposta pode ser variada e ter muitos aspectos pessoais. Pode ir de um simples não a justificativas que fariam qualquer engenheiro se compadecer da sua falta de habilidade em alguma parte da nossa tão estimada técnica.
E somos nós, os trabalhadores e futuros trabalhadores com habilidades técnicas que precisamos delimitar as fronteiras daquilo que realmente queremos para o nosso futuro como profissionais e como humanos, seres que pensam e reutilizam coisas apenas pelo prazer de relembrar, rememoriar. Precisamos agir hoje, construindo a cada dia esse aguardado futuro como se ele já tivesse chegado, embora o retorno financeiro seja a parte mais difícil de imaginar agora.
Coloque-se no centro de suas decisões e assuma suas responsabilidades!
Planeje o dia de amanhã, com um olho no ontem, em seus acerto e erros, para não cair na rotina profissional e ser apenas mais um! Para isso, desenvolva suas habilidades e não espere elogios. Não espere que seu professor exija perfeição, busque-a por si só e seja seu mais ferrenho crítico. Não acalente sentimentos de culpa, nem de egoísmo, principalmente no ambiente escolar, pois o conhecimento precisa e deve ser partilhado, discutido e aprimorado. E quando fazemos essas trocas de ideias e passamos a ver que o que aprendemos é uma fração de um todo muito maior, então você será capaz de ser um verdadeiro profissional. Por que ser profissional exige mais que um diploma ou o domínio de um dado ramo do conhecimento, como a tecnologia da informação. Exige, que, além disso, sejamos criativos, capazes de transformar uma equação matemática na mais apaixonante declaração de amor; que sejamos suficientemente independentes para sabermos escolher entre o que é essencial e o que é desprezível, embora o que desprezemos seja parte de algo que acreditamos ser fundamental.
Fundamental é entrar em um canteiro de obra e não ser corruptível. É tratar os seus subordinados com a mesma atenção e dedicação que tem para com seus superiores e não distinguir entre o trabalhador mais importante e o mais bajulador. Fundamental é sentir-se bem na sua área e desenvolver seu trabalho com o mesmo prazer de um dia de descanso, de folga bem aproveitada.
No entanto, para conseguir isso, é urgente que você leia, escreva, pinte, cante, interprete. Nada é mais importante do que você. Acredite nisso e você saberá, em qualquer situação, que nada é impossível; que o mundo é apenas uma releitura contínua feita sob a perspectiva da música, da literatura, da arte plástica e de todas as formas que você, ou outro autor, queira usar para refazer seu trabalho ou sua vida.
Você não está preso a um modelo. Você pode perguntar sempre se é possível refazer algo de forma mais simples, ou mais bonita, ou mais artística. E quando se faz isso, surgem as mais belas criações, em qualquer tipo de trabalho.
Grandes nomes não se limitam ou limitaram a aceitar um modelo, algo pronto e inflexível. Mas ousaram fazer arte e brincar, com responsabilidade e desprendimento, com seu trabalho. Assim surgiram as mais belas poesias e prosas de Carlos Drummond de Andrade; as mais belas obras arquitetônicas de Oscar Niemayer; as pinturas de mestres das ciências como Leonardo da Vinci. Ou como a engenhosidade de Steve Jobs ou de grandes empresas como a Google e a Coca-Cola.
Enquanto estamos aqui, reorientando nossos sentidos, existem milhares de pessoas usando o conhecimento em artes, literatura e música, aliadas ao domínio de técnicas, como as nossas – de nossos cursos- para desenvolver jogos melhores, comidas e bebidas melhores, programas de TV e de computador melhores e mais eficientes. E eles fazem isso por que não tem medo de errar, de voltar a trás e recomeçar algo que d eu errado, pois eles sabem que são felizes mesmo quando algo não dá certo, mas que chegaram um pouco mais próximo da solução.
Se ficarmos fugindo de problemas pequenos, não teremos as grandes conquistas. Se não lemos, não teremos argumentos para defender nossas ideias. Se não somos capazes de produzir algo que surpreenda nossos amigos e familiares, não seremos capazes de fazer um trabalho realmente marcante.
E não é preciso que você escreva um best-seller nem que construa a próxima maravilha do mundo. É suficiente que você se predestine a querer fazer diferente.  
E se virmos para nossos corredores, laboratórios, nosso dia a dia, veremos que poderíamos fazer sempre diferente: seja um relacionamento amoroso que surge e desenvolve no território do curso técnico, seja uma cortesia despretensiosa para um novo amigo.
E veja que interessante é o mundo dos cursos técnicos, que duram quatro longos anos, somos capazes de nos interessar por alguém, de ficar com esse alguém ao mesmo tempo em que estudamos cálculos de eletricidade, de resistência dos materiais ou durante a abstração de um programa de TI, e não somos capazes de produzir arte?
Na verdade, somos. Só não fazemos.
Façamos!
E, para exemplificar essa capacidade temos aqui Jean Kleyton, Maxsuel Santos, Silas Firmo, do campus de Arapiraca, que reviram sua cidade de outro modo.
_ O que motivou a exposição de fotografias?
_ Como vocês acham que essa visão sobre seu cotidiano pode ajudar na sua formação técnica?
Também temos, no campus de Palmeira, Jovens escritores, que pode ser muito bem representados por Elton, aqui presente, e que evidencia que podemos exercer a arte da escrita, sem desfocar de nossos objetivos.
Poderia dar muitos exemplos, mas o maior deles é você!
Sim, cada um de vocês, aí sentados, podem ser o que quiserem sem perder o foco dos seus objetivos como Técnico(a) e isso fará com que sua caminhada profissional seja realmente satisfatória e você ser um excelente profissional, cuja formação terá sido bem distribuída entre a subjetividade da arte e a exatidão dos cálculos, seja lá qual for sua área.
Entre atropelos e tropeços, podemos, cada um de nós, ser artesãos de nossa formação profissional, que nos levará ao futuro que tanto almejamos. Você só precisa dizer sim a si e não ter medo de acertar, e se errar, começar de novo!


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Reunião de faces

Maníaco do Parque: entre o personagem e o homem

Nada além do que virá