O Retorno do Jovem Príncipe
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Obra em Português |
A violência dos nossos
sentimentos leva-nos a abismos estranhamente confusos, assimétricos, cuja
delicadeza requer um trata especial e uns conselhos sempre óbvios, mas certos,
simples, possíveis, belos. Conselhos se fossem bons, não se daria. Vendia-se. É
o que dizem.
No entanto, há muito alguém
genial escreveu O Pequeno Príncipe e
revelou-nos a beleza da simplicidade e da resolução de problemas de maneira
pacífica e hábil. Revelou-nos como somos e podemos ser felizes sem necessitar
de grandes invenções, de maravilhas construídas pelo homem, de nada além do
diminuto, mas importante, fato de que podemos ser aquilo que queremos se
entendermos os valores essenciais da vida, da amizade e do amor.
Porém, no fim da obra, o autor
leva o Pequeno Príncipe de volta a seu planeta e nada mais sabemos dele e de
seu planeta, de sua Rosa.
Ou melhor, nada sabíamos até que
outro escritor, de comparável talento, resolveu, como que para presentear
alguns amigos, contar o que aconteceu com o Principezinho. E a história, a continuação, é fascinante!
O Retorno do Jovem Príncipe não
traz de volta a primeira jornada do ator principal, mas retoma a busca, dessa
vez, pelo amigo que conheceu no deserto, no pensamento de que ele mentiu e
enganou. E esse modo inicial de pensar é tão válido e implicante em nosso dia a
dia que poderíamos aplicá-lo a nossos amigos queridos e pessoas bem-amadas,
sempre quando achamos que elas mentiram para nós.
Ler O Retorno do Jovem Príncipe
não é uma tarefa fácil, embora seja um livro pequeno – como O Pequeno Príncipe –
mas é igualmente arrebatador.
A.G. Roemmers acertou o ponto
fraco de nosso mundo como Exupéry acertou-o de outra vez. Juntos, são os
autores fundamentais de nossos tempos. As obras, combinadas, é o elo entre tudo
aquilo que podemos considerar como humano.
Obra em Espanhol
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Trecho de O Retorno do Jovem Príncipe:
" - Estou procurando uma pessoa que não vejo há muito tempo. Ele parece um pouco com você, mas tem uma máquina voadora.
- Um avião? - perguntei um pouco confuso.
- Sim, é isso, um avião.
- E onde ele vive? - perguntei, tentando ajudar, pois sabia que havia diversos clubes de aviação na área, eu os vira assinalados no mapa.
- Não sei - disse ele com tristeza. Então, como se estivesse falando consigo mesmo, observou: - Eu não sabia que as pessoas viviam tão distantes umas das outras.
Percebendo a perplexidade em meu rosto, ele explicou mais:
- A Terra é grande, entende, e o meu planeta é muito pequeno.
- E como você pretende encontrar esse homem? - perguntei, vasculhando ao mesmo tempo a parte do cérebro em que eu arquivava os muitos romances de detetives que lera na adolescência.
Mas sua resposta teria desconcertado até o próprio Hercule Poitrot.
- Ele me deu de presente estrelas que sabem sorrir - respondeu ele em tom saudoso.
Por um momento, foi tomado por forte emoção. Notei que seus olhos estavam úmidos.
Foi quando eu tentava imaginar a figura de um aviador para quem as estrelas sorriam que percebi quem ele era. Claro! O carneiro, a flor, as estrelas, a capa azul! Eu deveria ter percebido desde o início, mas estava trancado em meu próprio recôndito asteróide...".
Pág. 31 e 32. Editora Fontanar. 2010.
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