Cadelas, Nuvens e Janela
![]() |
Mandacaru - Nuvens. Foto: FlorianoFonseca |
Tenha uma janela larga. E depois
desta, um céu com nuvens e uma luz sempre mutante que faz cada objeto e pessoa
mudar de cor. Tenha tempo para olhar esse céu e sentir o peso da gravidade da
terra com o olhar fixo nas nuvens. Nessas, imagine coisas.
As coisas podem ser muitas.
Pensamentos atrevidos e simplórios cujo objetivo é entreter, para o bem – sempre
e apesar de tudo – da mente são sempre bem-vindos. Pensa-se, assim, em animais e em gente. Em
gente-animal e em animal-gente. Que a surpresa do tempo, sempre correndo, é
capaz de inovar aquilo que não é o novo. Que é melhor ter como confessionária
uma cadela, de igual pedigree – ou não -, que entende um elogio subjetivo à uma
gente que não entende a ironia dos segredos.
Sim, as cadelas e os cães são uma
espécie diferente. São ao mesmo tempo iguais e surpreendentemente diferentes, incompatíveis,
mas nunca opostos totalmente. Cadelas são totais, nunca parciais. São dosadas
em miligramas de cachorrice e de seriedade igual, talvez. Mas sempre em uma
dose cavalar de aventura e segredos noturnos.
É preferível as cadelas que às
gatinhas, que nem são tão gatinhas assim, às vezes, nem tão confiáveis - são muito óbvias, mas existe quem goste da
monotonia, tediosa.
Sob um céu igual, as cadelas
correm atrás de folhas e escondem suas reais intenções, conseguindo ser, simultaneamente,
amiga de um cão e de uma gatinha, defender os dois lados e ainda ser fiel a si,
na imparcialidade dos fatos.
Nas nuvens, há uma cadela. Na
terra, há uma gente. Na subjetividade existe uma cadela-gente.
Gostar de cadelas-gente é um
exercício do qual poucos conseguem êxito, pois, para isso, é necessário não ser
óbvio, ter segredos ocultos e outros compartilhados. Ter atitude e negação.
Nas cadelas e nas nuvens, só uma
coisa é igual: o céu entorpecedor que torna qualquer dia, o dia.
Sambô - Rock das Aranhas
Comentários
Postar um comentário
Após análise, seu comentário poderá ser postado!