O causo do Corno e do Puritano
As festas coletivas, geralmente
promovidas pelo poder público, reúne todo tipo de gente ou por que os pobres
não têm outra escolha ou por que os pobres e medianos gostam mesmo de se
misturar para fazer aquele sarapatel de bode, tão a cara do Brasil. À parte as
razões que fazem pessoas de diferentes classes sociais, nesse nosso nordeste
grande de nossos santos de devoção, juntarem-se em aglomerações cheias de particularidades,
mesmo no tão aclamado século XXI, de grande agitação de ciência e Tecnologia –
perdendo apenas para os passados séculos de Newton, Galileu, Kepler, Descartes
e Alan Turing - , são impressionantes os causos que ainda podem acontecer nas ruas
de uma cidade histórica do nordeste.
Antes, tínhamos causos que
envolviam o dianho, ou o diacho, ou o diabo, como preferir, almas penadas e
doenças misteriosas. Hoje, nesse século de vampiros brilhantes e donzelas
mais-que-afoitas, temos causos que envolvem a pureza e a cornitude do homem, de
uns apenas – não vamos generalizar.
Pois, em uma dessas festas
rueiras, que deveriam surgir causos de amor de carnaval, apareceu o homem mais
puro que já existiu. O caso é que a criatura, tão casta e pura, deixou escapar
uma princesa cor-do-sol-queimando-uma-rapadura-no-verão só pela castidade. E
não é que mulher boa é aquela que quebra uma rapadura na cabeça do cabra para
ele deixar de ser afrescalhado? E não tendo uma rapadura, vale-se de garrafa
mesmo para afogar uma raiva e preparar-se para uma boa volta por cima. O
problema é quando a mulher não gosta, mas se acomoda. Nessa festa, acabou-se
que, sendo ele puro e ela da peste, nada saiu além daquele chove-não-molha-quero-ser-corno
bem à moda dos santinhos juninos.
E do outro lado, na mesma
ocasião, acontecia que, sendo outra da peste-que-ninguém-segura e um rapaz que
se apaixona logo no primeiro beijo, ficou sendo um pré-corno que não larga o pé
da donzela extrovertida. E de uma cornitude e outra, a festança acabou.
E não é que mesmo depois de tudo,
os dois acabaram virando causos de tão mau exemplo para as crianças?
__Se for mais donzelo vira uma
mulher! – disse alguém
__Se for mais corno, ganha de um
boi! – disse outro alguém
Então, depois de festas populares
em que isso acontece, está justificada a razão pela qual existe tanta mulher
solteira e só. Justifica-se a frase dita por uma delas, em outra ocasião:
__Mulher gosta de carinho, mas
também de aperto.
As coisas que a gente vê por aí...
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