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A força insolente

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Eu poderia dizer, ébrio como os amantes da madrugada, tal qual o poeta, que a casa é sua. E, recordando fantasias que só existem na deturpada lembrança de tempos idos, poderia invocar uma realidade descabida e órfã. Mas a infernação acabou.  Não existe mais delírios amantes ou fantasiosas realidades. O amor, que nunca existiu, deixou o espaço livre.  Os quadros de vulva, da mesma ordinária vulva, deram lugar a falos de todos os tipos.  Agora é a madrugada boêmia, desejos pululantes que tomam conta da rua, palavras que surgem depois dos atos (nunca mais o contrário).  E posso ver seu sangue pulsando de ciúme e ira a quilômetros de distância como se eu fosse um tubarão sempre faminto e você, destituída de toda a humanidade, um animal sangrando em mar aberto. Eu vivo em mim e para mim em meio a xerófilas, negros costados, fortes pernas. Eu tenho em mim a força da semiaridez e o timbre do vento nas folhas secas. Eu sou o desejo encarnado e a própria tormenta ...

Pulsando

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É, Arnaldo, o pulso ainda pulsa. Por insistência e por uma involuntariedade que excede qualquer perspectiva. Está aí, pulsando. Só as palavras que estão escassas.  Do muito que foi dito. Do pouco que foi compreendido. Do silêncio envolvido. Das meias verdades. Das verdades completas amenizadas. Da vida. O pulso está aí, apesar de tudo. Não há mais o que fazer e nem quem ouvir porque a compreensão não está em lugar nenhum.  E nenhum aneurisma à vista. Foto: Rafael Rodrigo Marajá/Arquivo Pessoal

A casa é sua, também

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Imagem: Clip de A Casa é sua, com Arnaldo Antunes. Em dias como hoje, quando a Tancredo Neves fica praticamente intransitável por algum problema de engenharia de tráfego, e os vizinhos do grande cortiço Eucaliptos (que ainda não se decidiram completamente se a escrita é eucaliptus ou eucaliptos) não conseguem escolher entre o brega e o rock, entre um final de semana em paz ou um regado à cachaça e discussões, o mais correto é abrir uma coca-cola, de preferência com um pote de sorvete, e ouvir o som do Arnaldo Antunes, em leve contraste com as demais melodias que reverberam pelos corredores de concreto formados pelos prédios do cortiço. Não há muito o que fazer. Talvez pensar na vida (miserável) ou nas inúmeras impossibilidades que se apresentam à janela; de repente ver o que os vizinhos andam aprontando em seus apartamentos, igual ao que ocorre em Ó paí Ó; ou, quem sabe, só beber e tentar ver o mundo sob a perspectiva expansível e filosófica de um bêbado sábio.  Seja lá q...

Piquenique Literário

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A Galera do Piquenique Literário O bucolismo do interior permite muito: ver a lua e o planeta, que vira estrela na boca de quem quiser; almoço com a quentura do verão e o cheiro da rua frequentada por animais de grande porte; olhares diferentes sobre a vida e muita criatividade para todos aqueles que inovam, sabendo disso ou não. E mais: aulas ao ar livre, experimentos de física com foguetes, ociosidade e prosa - nem sempre escrita. Podendo inovar e com a filosofia do incentivo à leitura, à aprendizagem e do 'fazer sempre algo novo', realizou-se, e ainda tem mais na próxima quinta, a edição 2015 do Piquenique Literário, organizado pela professora Edneide Ferreira Leite, com o apoio do IFAL - Palmeira dos Índios e do Clube de Leitura Passarinhar, do Selo Off flip e do escritor Fernando Aguzzoli. Quem disse que piquenique não tem graça? A Balada Poética, um show recomendadíssimo, do poeta, escritor e declamador Luciano José fez a alegria dos participantes ao recitar...

Roda Lítero-Musical Arte Contemporânea, Linguagens e Formação Profissional: Reflexões a partir da obra lítero-musical de Arnaldo Antunes

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Roda Lítero-Musical no V EIC IFAL - Palmeira dos Índios  (Texto na íntegra do discurso proferido durante a roda) A formação profissional oferecida pelas instituições de ensino, os Institutos Federais, por exemplo, são alicerçadas nos anseios da indústria, da construção civil, e das necessidades científicas e tecnológicas da sociedade brasileira e de cada fragmento comunitário local e regional que a forma. Nesse contexto, podemos separar as condições ideais em que são formuladas grades curriculares, testes avaliativos e experimentos laboratoriais que complementam a formação profissionalizante. A partir disso e das mais diferentes realidades em que nós, os alunos, estamos inseridos e que vivenciamos diariamente para ter condições físicas, emocionais e estruturais para cumprir as exigências de um futuro eminente, que cobra-nos responsabilidades até exacerbadas para uma idade de descobertas e aprimoramento daquilo em que somos capazes de fazer e que nos satisfazem, ...