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Cagar no mato

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Os hábitos são estranhos. É o que há de mais estranho e doentio que pode ser desenvolvido por uma pessoa. E cheguei a essa conclusão observando o meu vizinho de frente. Certo dia estava eu olhando para o nada, naquele ponto no infinito que nos faz parar com os olhos vidrados, quando ele sai de casa, muito desconfiado, e vai para um matagal no fim da rua (uma rua originalmente sem saída mas que possuía um mato fechado no fim). Tudo bem, pensei, quantas pessoas não gostam de ficar sozinhas nos matos da vida? No dia seguinte, praticamente no mesmo horário, lá ia ele de novo. E nada seria estranho uma vez que por essas bandas alagoanas os velhos e velhas fofoqueiros, sem mais nada para fazer, sempre saem regularmente para avaliar a vida alheia. Sim, mesmo escondidos no mato. A rotina do meu vizinho era constante. Até que um dia a mulher dele revelou a bomba! Ele saia duas vezes ao dia para o mato para cagar! Deixava o conforto e a limpeza do banheiro em casa para a emoção de e...

Brasileiro vulgar

Quando vejo as massas burras e manipuláveis entupindo as redes sociais de protestos ineficientes sobre a corrupção generalizada que sobra o Brasil como um 'pastel de vento' não vejo outra solução que a mais óbvia: recostar-me na minha sorveteria e tomar sorvete até esquecer das imbecilidades aplaudidas. Falam contra o Governo Federal e o aumento de impostos. E esquecem que os Governos Estaduais aumentam as pequenas contribuições em um número muito superior ao imposto pelo Palácio do Planalto. Reclamam da corrupção e praticam as inocentes pequenas corrupções. Isso não dá nojo. Isso provoca desprezo. Uma classe "trabalhadora", em greve desde maio, e que sai na frente quando se fala em corrupção é a dos professores universitários. Sim, a maioria é corrupta até a raiz do cabelo. Se você for lá na Universidade Federal de Sergipe, por exemplo, notará, sem ...

Reflexo

Não quero espelho                    Que me agrade          Me disfarce Me repita Não quero bocas que repetem Serpentes de areia que adoram                                              Piadas ingratas                 Risos debochados O que poderia ter de um espelho                    [Luz refletida?]          [Concavidade clarividente?]               ...

Distração temporal

Quando o tempo decide passar nós não nos damos conta. Ele passa vagarosamente quando queremos que vá rápido. E rápido quando não prestamos atenção nele. O perigo reside justamente nessa desatenção. Quando vê as semanas correram, as estações mudaram, feridas cicatrizaram e cicatrizes sumiram. E no silêncio de tudo aquilo que se resume sob a alcunha de 'coisa' deixamos de, sem esforço e sem notar, de nos importar com a mesquinhez de outrora, ou por que ela se transformou em histeria ressentida ou ira contra tudo o que não é nossa caricatura. Os outros deixam de ser corpos e tornam-se espaço. Flores morrem. Cinzas espalham memórias. E o tempo não pára, como cantou o poeta. O tempo, cruel em sua marcha sem descanso, segue restituindo nossa única saída - a distração.

Museologia Palmerindia

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A tarde, durante a primavera e o verão, em Palmeira dos Índios, é muito convidativa para passeios e um lazer familiar. O problema é justamente ter onde passear e ter um lazer, familiar ou não. As opções de cultura da cidade restringem-se, no tocante a museus, ao Museu Xucurus, de história indígena (ou deveria ser, não fosse uma camada de três dedos de poeira e sujeira e uma mistura de informações paralelas) e a Casa Museu Graciliano Ramos (onde, notadamente, é preferível não ir, dado o descaso). Foto: Escutura da Casa Museu. Rafael Rodrigo Marajá E sobre essa Casa Museu vale lembrar que, com exceção das paredes, todo o resto é posto em dúvida uma vez que reformas não são realizadas para manter a estrutura do prédio em bom estado e o acervo é composto por objetos que podem nem ter pertencido à Família Ramos, ou a qualquer de seus descendentes e ramos familiares. Apesar de aberta aos  domingos até às 17h, a Casa Museu Graciliano Ramos não tem nem um banheiro utilizável pa...

A Terra Prometida das Alagoas

Semana passada eu ia mais rápido que o habitual por aquela rua/rodovia, que vulgarmente chamamos de "rua da pedreira", quando fui arrebatado e tive uma visão semelhante à de Moisés com a sutil diferença que vi não só a terra prometida como também seus arredores, suas telhas, suas vielas e o futuro. Uma visão completa e muito bem iluminada pelos raios solares que incidiam diretamente em dois pontos, nas duas terras prometidas, situadas estrategicamente longe do centro urbano de Palmeira dos Índios. Os lotes do Minha Casa Minha Vida, prometidos e sempre adiados, naquele dia de chuva, foram isoladamente iluminados pelo pouco de sol da tarde e, assim como Moisés, já estava pensando em chamar os filhos de Deus para deixar de comer o maná com cachaça para tomar posse das terras próximas.  Nunca antes o povo precisou tanto da terra prometida ou promessas são mesmo ilusões de campanha usadas para eleger ilustres políticos para o paço municipal? O carro passou pelo buraco e fo...

Ganhe 5 cm, Rafael!

Existe um tipo de criatura que adora o pênis mais que a mulher (isso se presumirmos que a mulher moderna é ignorante o suficiente para enxergar pênis até no formato de um garfo): o homem. E não importa o que se diga, a cultura instituída e aceita, sem reclamações e com muita frustração, é que o pênis tem que ser grande, grosso e potente o suficiente para destruir mulheres, outros homens, levantar um carro e satisfazer vacas, éguas e elefantes. Um instrumento capaz de destruir civilizações.  Isso tudo no imaginário propagado e fomentado por nossa cultura. Na prática, o colosso transforma-se em um simplório membro capaz apenas de facilitar a reprodução e que é superado exponencialmente por outro tantos, que servem apenas para complementar o visual. E como tentar é sempre permitido, a indústria segue fazendo suas apostas, vendendo milagres. E há quem goste da ilusão. Hoje fui olhar rapidamente minhas 126 mensagens spams para ver se algo importante passou para o lado negro ...