Museologia Palmerindia


A tarde, durante a primavera e o verão, em Palmeira dos Índios, é muito convidativa para passeios e um lazer familiar. O problema é justamente ter onde passear e ter um lazer, familiar ou não.
As opções de cultura da cidade restringem-se, no tocante a museus, ao Museu Xucurus, de história indígena (ou deveria ser, não fosse uma camada de três dedos de poeira e sujeira e uma mistura de informações paralelas) e a Casa Museu Graciliano Ramos (onde, notadamente, é preferível não ir, dado o descaso).
Foto: Escutura da Casa Museu.
Rafael Rodrigo Marajá
E sobre essa Casa Museu vale lembrar que, com exceção das paredes, todo o resto é posto em dúvida uma vez que reformas não são realizadas para manter a estrutura do prédio em bom estado e o acervo é composto por objetos que podem nem ter pertencido à Família Ramos, ou a qualquer de seus descendentes e ramos familiares. Apesar de aberta aos  domingos até às 17h, a Casa Museu Graciliano Ramos não tem nem um banheiro utilizável para os visitantes. 
Nunca imaginei que eu veria algum outro Ramos caminhando pelos corredores da Casa quando, com alegria, soube da visita do escritor Ricardo Ramos Filhos, neto do outrora dono da Casa. Ricardo Filho visitou os cômodos e conheceu alguns objetos. E até uma goteira, certamente da época do avô, Graciliano Ramos, ele presenciou (já que é muito complicado para a Secretaria de Cultura de Palmeira dos Índios providenciar o conserto simples). E se você supõe que para por aí, ilude-se.
Meu sentimento fica entre a alegria de ver um descente Ramos no prédio e a vergonha alheia de ostentar o título de dois museus municipais em completo estado de abandono.
Não é de hoje que Palmeira dos Índios mostra descaso com seus bens materiais e imateriais, destruindo a arquitetura das casas (na maioria históricas) e relegando às traças e cupins prédios e objetos (igualmente históricos). Nesse ponto nem a população escapa, uma vez que é agente omissa do descaso praticado pelo governo municipal.
Para compensar o tempo vespertino temos que assistir às novelas mexicanas do SBT, ler, quando o correio entrega no tempo hábil, ou sentar-se à porta de casa, observando os féretros diários para o campo santo  São Gonçalo. 
Essa é uma cidade à beira do abismo e o que está faltando para empurrá-la é somente uma leve brisa eleitoral.






Foto: Ricardo Filho na Casa Museu Graciliano Ramos. Rafael Rodrigo Marajá.

Foto: Interior da Casa Museu Graciliano Ramos. Rafael Rodrigo Marajá.

Foto: Interior da Casa Museu Graciliano Ramos. Rafael Rodrigo Marajá.

Foto: Interior da Casa Museu Graciliano Ramos. Rafael Rodrigo Marajá.


Foto: Interior da Casa Museu Graciliano Ramos. Rafael Rodrigo Marajá.

Foto: Interior da Casa Museu Graciliano Ramos. Rafael Rodrigo Marajá.

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