Ganhe 5 cm, Rafael!
Existe um tipo de criatura que adora o pênis mais que a mulher (isso se presumirmos que a mulher moderna é ignorante o suficiente para enxergar pênis até no formato de um garfo): o homem.
E não importa o que se diga, a cultura instituída e aceita, sem reclamações e com muita frustração, é que o pênis tem que ser grande, grosso e potente o suficiente para destruir mulheres, outros homens, levantar um carro e satisfazer vacas, éguas e elefantes. Um instrumento capaz de destruir civilizações.
Isso tudo no imaginário propagado e fomentado por nossa cultura.
Na prática, o colosso transforma-se em um simplório membro capaz apenas de facilitar a reprodução e que é superado exponencialmente por outro tantos, que servem apenas para complementar o visual.
E como tentar é sempre permitido, a indústria segue fazendo suas apostas, vendendo milagres. E há quem goste da ilusão.
Hoje fui olhar rapidamente minhas 126 mensagens spams para ver se algo importante passou para o lado negro da força quando vejo anúncios como "Ganhe 5 cm, Rafael!", "Faça qualquer mulher feliz", "Veja as fotos íntimas de fulana que vazaram na internet" e daí para frente, em um fluxo interminável.
Não sei quem ainda abre esses emails ou se essas mirabolantes mensagens dá algum lucro o fato é que elas existem para fazer seu dia mais divertido e sarcástico - evidentemente se você não tiver algum problema com seu pênis (ou do seu parceiro).
Agora imagine a expressão da vendedora se soubesse que esses 5 cm não me interessam ou que a fulana nua na internet também não (como diz o poeta legionário "sexo verbal não faz meu estilo"). E essa história de fazer qualquer mulher feliz? Estou muito mal acostumado com as mulheres que são felizes sozinhas (nos dois sentidos da coisa) e independentes o suficiente para não depender de mim nem para um cinema.
No dia que qualquer mulher depender de mim, exclusivamente, para ser feliz será o dia em que alguém vai ter que tirá-la dessa histeria e fazê-la perceber que felicidade é um sentimento egoistamente solitário e que qualquer pessoa ou objeto é apenas acessório.
E lá, com preguiça, fui apagando, todos de uma vez, esses emails milagrosos.
Quem sabe, quando estiver no auge da velhice, decrépito, eu me arrependa e acredite que bombas manuais e cremes poderiam ter me feito um tanto mais feliz. Quem sabe, na cabeça velha tudo é possível.
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