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Mais uma Greve Geral

Estava analisando a tal da Greve Geral que pretende parar o País nessa quinta-feira, do ponto de vista prático. Mas não tem nada prático. A classe dos docentes, das Universidades Federais, não apoiaram as manifestações passadas. As demais também não. E agora forçam todos a parar como se isso fosse um desejo geral. Convenhamos, existe muita gente reclamando de “barriga cheia”. Alguns serviços, se não pararem por completo, irão ter suas atividades inutilizadas. Outros, que já são deficitários pela incompetência habitual, nem terão sua ausência tão notada assim. Por outro lado, essa tal Greve Geral é apenas para que digam que as manifestações passadas são ou apoiadas ou fruto da insatisfação dessas classes que se mantiveram omissas e alheias enquanto o povo, principalmente os estudantes, lutavam por melhorias na Educação, Segurança, Transporte e outros. Greve Geral... talvez fosse melhor dizer comodismo geral e partidário cujo único objetivo são as eleições do ano que vem; ou, quand...

Pela janela

Fico observando a paisagem urbana através de minha janela adaptada contra a luz do sol, na noite que chove e faz calor, e enquanto uma música toca nos alto-falantes do computador mais próximo, uma música conhecidíssima, íntima, sempre presente nos tempos idos, fico olhando para a avenida intransponível durante o dia e deserta nessa hora em que a maioria dorme e outros tantos estão acordados fazendo-se sabe lá o que! Observo, sem querer, que não existem estrelas, apenas as luzes vermelhas no topo dos prédios avisando aos aviões que existe um edifício ali. Vermelhas como o sinal de pare do semáforo, como o batom que percorre muitas bocas durante o dia, como as cartas de um baralho que enriquece uns e empobrece outros, como a felicidade de verão de casais apaixonados, como a lingerie dos filmes e fotos, como a cor dos olhos após uma desilusão – ou após uma alergia pesada. São tantas que as estrelas somem deixando um céu feio, escuro, sem brilho, sem olhos, sem passado e sem perspect...

O tempo

Não temos tempo! Viajamos para mais perto de nós ao distanciar-nos dos espaços físicos que nos é conhecido. Olhamos para dentro quando, frente ao espelho, olhamos a cor de nossos olhos, e não se o cabelo está arrumado, o batom impecável, a roupa alinhada e o conjunto da obra - nem tão bonita às vezes -, pronta para o olhar de alguém sem muita importância. Nesses momentos, o tempo é infinito. Estamos de passagem na vida das pessoas e cada momento que estamos ao lado, segurando a mão, colhendo as lágrimas ou sorrindo descontroladamente por cócegas que são feitas em tapetes, ônibus ou nas salas de aula é especial. De passagem, com o bilhete sem a devida data de embarque e desembarque, vamos a viagens cheias de altos e baixos cujas formas de manifestação nem sempre são as mais fáceis, ou tão divertidas que a comicidade acaba provocando a ira de quem nos acompanha. E queixas existirão. Mas queixas sempre existem, apesar de ter aquela pessoa que sempre diz que sua postura e seus métod...

A graça da desgraça coletiva

Os desconfortos do transporte coletivo nas capitais brasileiras também apresentam seu lado mais divertido, apesar do humor ser manchado pela mancha do desrespeito.  Geralmente os ônibus estão abarrotados de gente, que carrega mala, bolsas, compras, cadernos, tranqueiras de todo tipo, principalmente nos horários de pico, e que trafegam nos terminais de integração – onde eles existem – com milhares de histórias engraçadas, tristes, estranhas, coloridas, salgadas, sujas, puras. Entre um assento vazio e as pessoas, barradas pelas portas do ônibus, há a correria desnecessária que faz com que pessoas caiam no espaço entre o batente do automóvel e o chão sujo da rua, ou do terminal. Entre a partida e a chegada existem milhares de curvas que fazem com que o veículo quase vire quando o motorista, por costume, estresse, pressa ou fome, brinca com a física e as leis matemáticas que direcionam os conduzidos e o conduzente. Um dia um ônibus há de virar e, nesse dia, alguém vai ter que concor...

Código #01

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Em uma pequena rememoração, republicarei alguns textos esquecido em Caixa Precisa . Para abrir a série tem Código: Namorar codifica o ato da paciência, da fidelidade, da honestidade, da doação e da exposição em graus anormais, exemplificando a caráter humano em inúmeros  micro atos  diários em inexplicáveis fatos de um cotidiano dividido entre duas pessoas fortemente ligadas, mesmo que estas não percebam, e intimamente comprometidas por segredos inenarráveis, com aspirações e emoções tão pessoais e particulares que mesmo o outro, a pessoa amada, pode se tornar um colossal inimigo ante tanto s sentimentos ocultos. Codificado numa linguagem própria à cada casal, homo ou hétero, o ato do namoro torna a eficiência da razão em obsoleta deficiência racional operante nos mais variados momentos do diário humano. É da dupla troca de físicos de sentimentos e de emoções adversas que o relacionamento torna-se um instrumento de trabalho, de estudo e de vida que interage, ao mesmo temp...

Uma julhada no vácuo!

Julho chegou no vácuo provocado pelas manifestações contra os abusos com o dinheiro público e o descaso com a moral e a ética. Com ele, a reafirmação de que o poder do povo, embora limitado apenas pela Constituição Democrática de 1988, ainda tem seus direitos renegados ao bel-prazer de alguns políticos e à falta de atitude reacionária de alguns setores da sociedade civil organizada. E como maior exemplo de escárnio com o povo é o Presidente do Senado Federal, Senador Renan Calheiros (PMDB –AL), anunciar publicamente que não restituirá os cofres públicos após usar indevidamente um avião da Força Área Brasileira. É realmente uma ironia: enquanto o País luta por uma reforma política (que os Partidos Políticos tentam a todo modo evitar) e pelo fim da corrupção nas Casas dos Poderes da República, a corrupção assume nome, endereço e face e parte para sorrir do povo brasileiro em rede nacional, para o mundo ouvir! Aliás, Renan Calheiros é superior ao Poder Ético e da República para tripu...

A Lembrança

Vez ou outra tem o prazer de lembrar-se de alguma coisa que já vivemos intensamente e que, no fim, algo deu errado e uma matilha de gente saiu em gargalhadas e outra em um tal desconsolo que perseguiu o espírito de um ou outro por um certo tempo. Nesse espaço temporal, onde quase tudo acontece, a mente vai de 0 a 380km/h e os pensamentos tendem a ser desconexos, surreais, cujas atitudes consequentes são sempre algo que certamente não muda a experiência vivida, mas que altera a natureza do ser em questão. Lembrar-se de algo, ou alguém, pode ser danoso, ao mesmo tempo em que é reconfortante, animador, triste, alegre, pode ser dolorido, nostálgico demais para caber no relógio, no calendário marcado dos dias que passam sem que se perceba que a expulsão de alguém, ou algo, da frente das vistas é algo tão trabalhoso quanto iniciar a Terceira Guerra dentro de um corpo que não passa de 3m e não inferior a 0,50m, apontando armas para além da fronteira epidérmica. E, mesmo assim, é compensad...