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Mostrando postagens com o rótulo Humanidade

O assunto e o motivo

 É sempre sobre domínio e poder.  Não é sobre a imortalidade da alma, um paraíso - aquele lugar idealizado e idolatrado. Não é sobre um possível amor ao próximo - se tal amor e tal próximo sempre são selecionados, direcionados, excludentes. Não é sobre uma paz com animais selvagens e ferozes - se é o homem o mais feroz e atroz dos animais. Não é sobre continuar a humanidade em famílias com gêneros diferentes e crianças saudáveis - se é essa concepção que abandona bastardos à própria sorte em rodovias e esquinas diversas.  Não é sobre ilusões que remetem a um falso deus, morto em toda porta comercial.  É sobre o poder político e econômico. É sobre dominar o outro até mesmo onde lhe é mais íntimo, pessoal e particular. É sobre retirar a humanidade de infelizes vítimas de estruturas sociais degradantes e crueis.  E nada além disso. 

A hora nona

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Escultura: Perseus with the Head of Medusa. Antonio Canova. Met. Chega uma hora que é só cansaço mesmo. Cansaço de tudo e de todos. Cansaço das imbecilidades. Cansaço das idiotices. Cansaços das máscaras. Cansaço dos discursos. Cansaço das redomas. Então a hora chega e o que resta é escolher sair do tédio de ter que conviver com tudo isso e partir para outra coisa - e o que importa apenas é que essa outra coisa seja apenas diferente. Quem nunca se deparou com essa situação pode estar vivendo errado ou está fazendo parte do grupo de coisas e pessoas cansativas e nem se dá conta. A hora chega e a questão precisa ser resolvida por cada indivíduo à própria maneira.

Presente intrínseco

Os pobres já começaram a lotar as lojas do centro comercial da cidade e os shoppings, preparados para o volume de vendas, ostentam as marcas do "amor" que  se compra e se expõe nas redes sociais. O amor , comprado em embalagens nada sustentáveis e pouco úteis, pode ser encontrado em prateleiras e vitrines exclusivas em pleno inverno brasileiro.  Os ricos debatem-se no dilema do quê comprar. Os pobres de quanto gastar . No entanto, o que todos querem mesmo é o sexo prometido implicitamente entre as folhas de papel das embalagens e as expressões de surpresa, competentemente ensaiadas. Juras de amor etiquetadas à parte e indo diretamente ao que importa, o sexo do dia dos namorados, deve-se notar que o mais importante, nessa questão, não é o presente e nem a intenção "amorosa", mas o quanto aquele(a) que presenteia é belo(a) e corporalmente desejável porque o presente mais lindo empalidece à imagem de um corpo pouco atraente. Ruim para as mulheres e homens fe...

Nuvens de milagres

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Arte: Male Academy Figure: Half-Lenght, Side View. Eugène Delacroix. MET. Uma hora as coisas estão indo bem e em outra elas vão mal. O que fazer, então, quando uma nuvem obscurece a luz da esperança (e quiça da bonança)? Temos, como seres humanos preguiçosos, a necessidade do elogio e da constatação de que tudo sempre vai bem. Não suportamos uma nuvem de contrariedade, de qualquer tipo, nem de qualquer grau. Quando as coisas vão bem nós adoramos divindades, sorrimos, ficamos preguiçosos e relevamos grandes e degradantes ofensas. Quando tudo vai bem não nos importamos com detalhes e somos chatos, irascíveis e terríveis. E talvez seja por isso que as coisas boas durem tão pouco. Quando as coisas vão mal nós xingamos, nos revoltamos e sofremos como condenados sem a menor possibilidade de absolvição. No entanto, é nessa hora, quando tudo parece ir de mal a pior e a luz no fim do túnel é apenas uma miragem que se inventa para fábulas sem moral que promovemos o progresso e o ...

Paixão (?) a qualquer custo

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CRISTO Tu nos dividiste, A tua chegada precipitou a agonia. Chegaste, o coração saindo de um fulgor invisível. Era cedo, tarde. O mundo acelerou sua agonia. As passadas iam e voltavam. Tu nos dividiste. Tem o amor estigma, cicatriz fenecida? Tem sinais cambaleantes? Dividiste a agonia. (Carlos Nejar, In Os Viventes, pág.71-72.) A sexta-feira corre com o sangue do homem que despencou da horrorosa estátua do Cristo do Goiti. O vivente deixou esse mundo com a indignidade do medo de cair de uns vinte metros no alto da mais alta serra de Palmeira dos Índios. Executando um serviço a mando da Prefeitura Municipal, sem Equipamento de Proteção Individual e sem quaisquer outros auxílios de socorro e prevenção de acidentes, o homem encontrou a morte no mesmo dia, representativo, em que Jesus sangrou por todos os poros e sofreu pelos pecados de toda a humanidade, pelos nascido antes Dele, pelos contemporâneos Dele e pelas gerações que surgiriam dali em diante....

A maior invenção da humanidade

Essa história toda de amor, traduzida em corações, canções e poesia é a invenção mais ridícula da humanidade. Acreditamos que alguém nos ama. E com isso vivemos. Crescemos divididos entre transar e amar, misturando os dois atos, algumas vezes. Passamos a vida procurando a quem amar com o objetivo único de não viver a solidão. E quando não encontramos espontaneamente, fabricamos o amor através de ilusões e passamos a amar.  Que perda de tempo! Que maneira desesperada de viver! Já vi gente terminar o relacionamento porque a distância fisica era demais ( e menos de um mês depois já estava chupando outro). Já vi gente que morou dez anos com outro e a única maneira de viver aprendida como experiência foi a de ser submissa. Vi gente que rodou e morreu de câncer sem os amores tantos. E vi gente que escolheu não amar, ou ser esquecida pelos amantes, mesmo aos 90 anos. Essa história de amor é longa, chata, cansativa. O amor é uma mentira muito bem contada e que insistimos em acr...

Questão fundamental

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Quadro: Woman in White. Pablo Picasso. Há uma pergunta existente entre o cérebro, os olhos e as veias que definem tudo aquilo que fazemos, ou possamos realizar um dia. Um questionamento tão forte e persistente, quando deixamos que ele se manifeste, que é quase impossível saber onde começa o presente e termina o futuro. Tal pergunta também é perigosa, altamente destrutiva quando não se sabe onde se pretende chegar ou em que direção seguir e, por essa razão, respondê-la é uma honra, mesmo sendo desorientado pela resposta, que muitas vezes está à espreita. Você é feliz? Essa simples e pequena oração é a questão fundamental para qualquer ser humano. Para satisfazê-la criamos poemas, procuramos em outrem a solidez de uma certeza, estabelecemos conexões com a arte e com a ciência e nem sempre conseguimos obter uma boa resposta. Sempre queremos dizer que sim. E dizemos sim mesmo sabendo que é uma das maiores mentiras já contadas. Queremos, ansiamos desesperadamente, ser felize...

Arbítrio

O poder do arbítrio está relacionado com o sucesso e o fracasso, definindo o que se chama de futuro. É com o arbítrio que grandes nações são formadas, outras são destruídas. Por meio dele o homem pode alcançar o Paraíso, ou chegar ao Inferno. Pode tornar-se materialmente rico, ou não. Tudo isso depende das crenças e das escolhas de cada um. O Arbítrio é o símbolo virtual da fé, pois torna o homem senhor de seu próprio caminho; criador de seu próprio futuro; promovedor de suas conquistas. É por esse meio que se estabelece as mais variadas formas de manifestação de fé, que destrói o próprio homem quando este não percebe e respeita o livre poder de decisão do outro. Desse modo, formalmente simples e imenso, o homem possui a capacidade de escolher os caminhos que deve percorrer e, assim, o caminho de toda a humanidade. É assim que chegamos aos circos religiosos, passamos por duas grandes guerras, provocamos a riqueza de uns e a corrupção de outros. É assim que caminhamos para o futu...

Obscenidade e falta de educação

É preciso impor um limite para a falta de educação daqueles que a confundem com a vulgaridade. Antes é preciso ressaltar que vulgaridade e falta de educação não é a mesma coisa e uma não justifica a outra. Não é difícil encontrar indivíduos que fazem uso da artificialidade da pornografia verbalizada para disseminar a vulgaridade de seus pensamentos e atitudes e, assim, manchar a humanidade com o mau gosto personalizado que carrega. E com a mesma facilidade é possível notar que esses seres são acompanhados da falta de educação, que se não piora, ajuda a refinar a gama de justificativas insatisfatórias que permeiam o lixo cultural produzido por eles. A falta de educação pode levar à vulgaridade quando o meio social e a falta de orientação do indivíduo impulsionam-no a se despir de toda e qualquer forma de bom senso e civilidade. No entanto, a vulgaridade não leva à falta de educação sendo esta uma consequência daquela. Os indivíduos exercem sua liberdade de comunicação sem nota...