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Mostrando postagens com o rótulo Graciliano Ramos

A seca do carcará

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Foto: Palmeira dos Índios- AL. Dez/2016. Rafael Rodrigo Marajá Caminhar pelo interior na primavera chega a ser irônico. E, quase sempre, dá para fazer referência ao escritor Graciliano Ramos e o seu Vidas Secas, principalmente quando a região do passeio é Palmeira dos Índios. É um calor sem medidas, é uma vegetação seca que arranha as canelas e uma poeira sem limites. Caminhando por aí é provável que se encontre uma revoada de urubus ou outras aves de rapina esperando a próxima morte ou o próximo cadáver jogado à beira das estradas de terra batida. Essas aves são verdadeiros presentes para quem vai caminhando sob o sol escaldante de fim da primavera, rasgando as canelas e engolindo a poeira nossa de cada dia.  Quando abrem suas asas  e alçam voos vorazes sobre os transeuntes pode-se, até, lembrar da saga de Fabiano pelo sertão brabo de Palmeira dos Índios de outrora. E agora que a água está definitivamente acabando e o verão se aproximando é capaz de ter mais carni...

Fantasiando estupidez

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Obra: Garden at Saint-Adresse. Claude Monet. 1867. “Estupidez fantasiar dificuldades.” Insônia, Graciliano Ramos. As dificuldades sempre irão existir. A natureza dual do ser humano, refletida em suas obras artísticas, nas megaconstruções, nos devaneios de amor e glória, exige, por si só, o elemento dificultoso para que a recompensa seja doce e todas as atrocidades realizadas com o propósito final para obtê-la sejam justificadas. Há dificuldade na escola, nos relacionamentos, no corporativismo dos empreendimentos e no simples ato de levantar da cama. Agora imagine que se além das resistências e dificuldades naturais da existência humana passarmos a imaginar e criar tantas outras? Não teríamos mais o que fazer e tampouco viveríamos, pois as dificuldades, reais e imaginárias, pôr-nos-iam rédeas e nos prostraria para a morte em vida, que já arrebata milhões de pobres – materiais e espirituais. E se chamam de otimistas ou sonhadores aqueles que não imaginam fantasias e ten...

Companhia solitária

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Arte: War.  Jackson Pollock.  1947. “O isolamento em companhia de uma pessoa era mais opressivo que a solidão completa.” Angústia, Graciliano Ramos. Se for um amor pela metade, onde só existem meias verdades, meias mentiras, é melhor que nem exista amor, mas tão-somente a liberdade para gozar, apaixonar-se, enraivecer-se e arrefecer em face de um contentamento inominável. Se for uma amizade em que os grilhões do receio e do medo de ser o que realmente é então que nem seja dita amizade. É melhor referir-se ao laço como mera companhia.. Não existe amor nem amizade sem que exista a completude do ser. A liberdade para falar, fazer, deixar de fazer é o que move os indivíduos e se não existe essa liberdade e essa completude entre as partes então chegou a hora, ou sequer existiu essa possibilidade, de passar para a próxima página; mudar de nível; avançar sem receio para a próxima etapa em que a busca continua. Estar na companhia de alguém pela metade, de uma...

Nuas!

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Foto: A nua de Marechal Em 2013 a cidade histórica de Marechal Deodoro foi pano de fundo para ftos eróticas de uma desconhecida que, ousdamente, chegou a ser fotografada, nua, à luz do dia em prédios e ícones turíticos. A nua, daquela vez, não passou de uma "pobre alma sem-vergonha". Dias passados uma personal subiu nos ombros da estátua de Graciliano Ramos, na orla de Maceió, e provocou a revolta popular pelo ato classificado como vandalismo. Ela era passível de ser linchada só por uma trepadinha em Graciliano. Agora uma mulher tirou a roupa na orla maceioense e se exibiu para as estátuas dos nobres alagoanas. Diferentemente da outra, que não tirou a roupa, a nua de maceió é só uma "pobre alma sem-vergonha" que só quer chamar a atenção.  Adoramos a nudez alheia e isso é o suficiente para justificarmos esse tipo de coisa. A nua de Marechal era turista. A nua de maceió é só sem-vergonha (enquanto desconfiamos que é nativa porque se descobrirmos que é tur...

O Graciliano da boca do povo

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Dizem que Graciliano Ramos não era dado ao puxa-saquismo ou a ser bajulado e considerando suas obras e o que delas podemos inferir ele também não possuía lá muito senso de humor para a burguesia decadente que hoje lota Academias de Letras. E isso, considerando que não o conheci e que só li suas histórias e ouvi falar dele, tendo à mão o pouco deficitário da Casa Museu Graciliano Ramos, em Palmeira dos Índios-AL, pode induzir-me ao erro ao falar e escrever sobre o Graciliano. No entanto, não posso deixar de notar certas singularidades na terra dos marechais e que se tornam muito engraçadas à medida que o tempo vai escorrendo pelas línguas negras da orla de Maceió. É estranho que justamente a pessoa que não gostava de ser bajulado seja rotineiramente levada à fina flor da bajulação e tenha, em qualquer lugar vulgar, o nome jogado à mesa para uma discussão literária. Ninguém diz como Viventes das Alagoas retrata incisivamente os alagoanos e as veias da corrupção e do achismo do servi...

Resultado Prêmio Ricardo Ramos

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PRÊMIO JOVEM ESCRITOR 2015 – V EDIÇÃO HOMENAGEADO RICARDO RAMOS CATEGORIA CONTO: 1º. LUGAR: Rafaela Maria Bezerra Duarte 2º. LUGAR: Joana D’Arc Fernandes Brito da Silva 3º.LUGAR: Beatriz da Costa Vieira CATEGORIA CRÔNICA: 1º. LUGAR: Rafaela Maria Bezerra Duarte 2º. LUGAR: Isabela Maria da Silva Guruba 3º.LUGAR: Valeria Patricia da Silva Alcantara CATEGORIA ARTIGO DE OPINIÃO: 1º. LUGAR: Carlos Eduardo da Silva Santos 2º. LUGAR: Diego José Sousa de Magalhães 3º.LUGAR: Isadora Maria da Costa Rocha   CATEGORIA POESIA: 1º. LUGAR: Sanielly de Melo Alves 2º. LUGAR: Ingrid Isabelly de Araujo Souza 3º.LUGAR: Daniela Vieira Barbosa CATEGORIA ESPECIAL SERVIDOR/COLABORADOR: 1º. LUGAR: Luciana Barbosa da Silva 2º. LUGAR: Zenilton Quaresma de Lira – 3º.LUGAR: Aguimário Pimentel da Silva MENÇÃO HONROSA Josefa Aline Oliveira Bispo

Palmeira açulada

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Palmeira dos Índios é uma cidade injusta com a própria história e com a produção intelectual que ocorre no município, desde sempre. Ler ainda é um problema (quem quer perder tempo lendo?, dizem alguns) e visitar museus (sim!, a cidade tem dois) é uma inatividade constante. Uma triste realidade na cidade onde andou gente como Jofre Soares e Graciliano Ramos ( e que já foi visitada pelo Ariano Suassuna e pelo rei do brega, o brega de verdade, Regionaldo Rossi). Mas não se desespere! Nem tudo está perdido, graças a todos os Deuses do mundo. Há ações que sustentam as esperanças. Uma dessas é a que trará o escritor Ricardo Ramos Filho para uma palestra de fomento à leitura e que também participará, junto com o imortal Carlito Lima,  da cerimônia de premiação do Prêmio Jovem Escritor. Se por um lado a população de Palmeira dos Índios é convidada a bater um papo sobre o mundo das letras com Ricardo; por outro, jovens serão incentivados a continuar escrevendo sobre outros mundos. No...

Para ti, Graci(liano)...

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Graciliano Ramos pertence ao rol de autores-pilares da literatura brasileira. É de uma escrita ora seca, como as secas terras do interior alagoano, ora é de uma profundidade como a alma crente na esperança dos sertanejos. Ramos traduziu, sob a fumaça do seu cigarro, o homem e a mulher, lutadores e vencedores das adversidades diárias, o ambiente os animais. Capa da Obra Talvez, tudo o que se possa dizer sobre Graciliano, seja apenas mais palavras que podem ser enxugadas – como ele mesmo fazia. No entanto, Para ti, Graci(liano)... , da escritora Isvânia Marques , é o que há de diferente no mundo das homenagens póstumas a um grande escritor. Na obra, Marques declara sua paixão pelos escritos de Graciliano Ramos sob o olhar de sua vida e obra, tão rica e adversa como só um grande escritor pode ter. Um escritor falando de outro, com emoção e dedicação. Para ti, Graci(liano)... pode ser entendido como um manual para as novas gerações que ainda não conhecem o Graciliano escri...

Detalhe Palmeiríndio: pós 124

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No último 20 de agosto, a chamada Princesa do Sertão ( Palmeira dos Índios-AL ) completou cento e vinte e quatro anos de muita adversidade. E é evidente que como qualquer outro município brasileiro ela tem lá seus problemas. E mais que qualquer outra cidade, ela tem as disparidades mais bizarras que só a literatura consegue fazer analogia, como em Incidente em Antares.   Nos 124 anos, a Princesa, que não é lá tão sertaneja assim, não teve muitos motivos para comemoração. Mas isso é notícia velha. Ela quase nunca teve o que comemorar. Talvez a única comemoração realmente expressiva tenha sido a libertação de Graciliano Ramos, lá pela década de 1930. Fora isso, não se tem o que comemorar. Os buracos continuam, sempre e cada vez maiores. O Hospital Regional é tido como um açougue pelos palmeiríndios. A gestão Municipal é igualmente vista como o Hospital. O comércio vai de mal a pior, e com os maiores preços do mercado – para qualquer mercadoria. Não há obras públicas signifi...

Mentalmorfose

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Correção: o Nome do autor é Elton, e não Edson No ano em que as previsões eram as mais pessimistas: o mundo que, dizem, vai acabar – e já acabou mesmo para alguns assassinados-, que o planeta vai ser degelado e os alimentos vão ser escassos para a nobre família humana, que a economia vai de mal a pior e que os protestos chegam a destituir ditadores e presidentes, outros são depostos sem mesmo reinvindicações. Em um panorama desses, a arte faz a festa centenária e de inovadoras obras. No 2012 corrente, Eu, de Augusto dos Anjos, o célebre Jorge Amado, o Rei do Baião, Gonzagão,  entre outros personagens e obras, completam cem anos. Com uma obra sempre atualizada e prestigiada por todas as gerações que se seguem. E em um contexto tão dual, tão rico de experiências e eventos, não é de estranhar que outras tantas obras surjam sobre a terra para divertir e abraçar os pensamentos voadores de toda a humanidade, começando a fazer da história e da vida um campo alegre e exp...

I Mostra de Arte Livre Palmeirense

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Colocando todos os pobres em um canto qualquer e abrindo as janelas e portas para que um bom vento areje as mazelas da querida Princesa do Sertão, acontece neste sábado a I Mostra de Arte Livre Palmeirense, na casa Museu Graciliano Ramos. O evento promete uma boa noite de diversão, arte e cultura em Palmeira dos Índios. Afinal, o sábado noturno sempre instiga a imaginação e leva-nos a reencontros, alegrias, surpresas e muito colírio para olhos quaisquer. Com fotografias e curtas, a                         I Mostra de Arte Livre Palmeirense propõe não apenas o ato de sair de casa, mas de avistar, sob a óptica de outrem e as lentes de um mundo perto-distante, outras formas de vida.  A entrada é um simplório quilo de alimento não-perecível e o benefício...esse será individual para cada um! Casa Museu Graciliano Ramos Espera-se, entretanto, que esta não seja a única vez em que a arte e a vida chegue ao velho museu...