A seca do carcará

Foto: Palmeira dos Índios- AL. Dez/2016.
Rafael Rodrigo Marajá

Caminhar pelo interior na primavera chega a ser irônico. E, quase sempre, dá para fazer referência ao escritor Graciliano Ramos e o seu Vidas Secas, principalmente quando a região do passeio é Palmeira dos Índios. É um calor sem medidas, é uma vegetação seca que arranha as canelas e uma poeira sem limites. Caminhando por aí é provável que se encontre uma revoada de urubus ou outras aves de rapina esperando a próxima morte ou o próximo cadáver jogado à beira das estradas de terra batida.
Essas aves são verdadeiros presentes para quem vai caminhando sob o sol escaldante de fim da primavera, rasgando as canelas e engolindo a poeira nossa de cada dia. 
Quando abrem suas asas  e alçam voos vorazes sobre os transeuntes pode-se, até, lembrar da saga de Fabiano pelo sertão brabo de Palmeira dos Índios de outrora. E agora que a água está definitivamente acabando e o verão se aproximando é capaz de ter mais carniça - quem sabe até de gente - jogadas por aí, para o deleite dessas aves sem comida e sem pouso certo.




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