Carta a um ausente VI
Carreguei sua foto, impressa, frágil, por estados tão diferentes e com tal zelo que nada mais importava nessas estradas. Carreguei sua foto entre meus pensamentos porque mais junto que isso somente você dentro de mim, ao meu redor, sobre mim, sob mim, entrando e saindo por todos os meus poros.
Eu carreguei porque o sentimento transformou-se em sólido e utópico amor que encanta a mim todos os dias, ainda que em situações tristes ou lascivamente indecentes.
Você é meu desejo que se incendeia sobre a pele e a cama de homens e mulheres, cujas camas resistem à falta de amor e excesso de dominação.
Você ainda é o sentimento que encanta a todos em cada recanto e que se nega ser vulgarizado pelo simples fato de que é mais que o ser alguém ou estar alguém.
Você ainda é e sua foto, em minha memória sempre continuará sendo o estandarte de quem eu posso ser.
Mas é aqui que você fica.
Olhando o sol do fim de tarde e lembrando de tantos versos que descreveriam esse romance pseudo real, preciso dizer que é aqui, nessa estrada vicinal do nordeste baiano, sob a luz ímpar do outono, que esse amor invernal precisa ir, seja lá para onde for.
Eu solto sua mão e deixo que o vento leve a sua foto e o seu cheiro.
Eu abandono a sua imagem ao ocaso do dia e deixo você ser a luz ou a escuridão do meu mundo ao fim do dia.
Eu liberto a mim da sua ausência.
E eu prometo a nós o fim dos laços e todas as artimanhas da memória.
Porque esse é mais um fim, dentre tantos outros, dessa história infinita.
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