A crônica corporativa do Pride Day

É 28 de junho e logo pela manhã os alarmes tocam para lembrar que é preciso fazer um post com as cores do arco-íris e expressar, também em palavras, nas  redes sociais, o quanto a Organização é engajada na luta LGBTQIAP+.
Lindo de ser o quanto o mundo corporativo é colorido e "acolhedor".
E assim que as imagens e os textos são postados e a obrigação do dia é dita terminada é hora de voltar à normalidade. E a normalidade significa que o funcionário gay não é medido de acordo com sua competência no trabalho, a mulher que se assume lésbica precisa seguir o padrão de comportamento que se espera "para esse tipo de pessoa";  Trans na seleção de amanhã?  Travesti aqui na empresa?! 

_ Não somos preconceituosos, até temos um rapaz divertido...

E o discurso conhecido até pelos héteros mais ortodoxos começa e não para até que se chegue nas linhas tortas de um certo livro religioso, cuja interpretação é quase um crime.
Dizendo-se sem preconceitos essas Organizações e seus tóxicos RH's promovem verdadeiras caça às bruxas durante todo o restante do tempo, tornando o ambiente tão pesado que esses indivíduos precisam escolher entre pedir demissão ou continuar em assédios e violências veladas. 
E tudo começa quando no cartão de divulgação a linguagem não contempla todos os indivíduos, mesmo após os devidos alertas, "porque isso não importa".
Para esses que aí estão a representatividade não importa porque eles estão "em um grau mais elevado", como dizem na hora do almoço e como forma de repressão insidiosa.
É dia de orgulho LGBTQIAP+. E esse orgulho não termina no fim do dia e nem passa sem luta. 
Ver o indivíduo além de seu gênero e sua sexualidade no cotidiano não é critério de generosidade. É obrigação. É praticar a ética e a responsabilidade em seus mínimos requisitos.
E para não deixar fugir à compreensão: não levante a bandeira se não puder erguer bem alto para que seu funcionário mais distante possa ver e saber que é real e não apenas para agradar a opinião pública (que rápido descobre certas falsidades).

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Reunião de faces

Maníaco do Parque: entre o personagem e o homem

Nada além do que virá