Da autoadministração

A administração, essa ciência de e para pessoas, é cruel em sua beleza e implacável quando represada em um vórtice de idiossincrasias empresarias danosas e tóxicas.

Ela exige que o gestor cumpra o seu papel, reprimindo a covardia de se eximir da responsabilidade e do poder de decidir.

Ela mostra que seu cliente interno é tão importante quanto, senão mais, que o cliente externo.

E pede sempre mais, em uma insatisfação constante de quem sabe que pode ter mais e melhor.

Podemos sempre ter mais e o melhor recurso desde que tenhamos a ousadia de decidir, ainda que dentro do ambiente mais tóxico e improdutivo que exista. Há sempre uma decisão que precisa ser tomada. A questão é: quem tomará por você?

Em um país como o Brasil, não é crível que a educação e a superação das condições anormais em que somos forçosamente inseridos sejam condições determinantes do profissional que você pode ser.

É fato que "gestores" dirão que você não pode crescer mais; que o mercado quererá reprimir sua criatividade em uma caixa parda no quarto dos fundos da mediocridade; que farão você acreditar que o seu melhor é o que possui e é o hoje. E se você acreditar neles, estará fadado ao fracasso de ser apenas mais um apertador de parafuso de uma engrenagem incapaz de beneficiá-lo de alguma forma.

Você é o motivo, o princípio, o meio e o fim que faz surgir toda a motivação para ser o profissional que está se tornando e que já o é, de alguma forma.

Assim, é razoável afirmar que não se pode deixar nas mãos de outrem o comando da sua vida, profissional e/ou pessoal, porque, como bem ensinou Maquiavel:


"Todos estes se assentam simplesmente na vontade e na fortuna de quem os favoreceu, duas coisas bastante volúveis e instáveis, e não sabem nem podem manter sua condição: não sabem porque, não sendo homens de grande engenho e virtude, não é razoável que, tendo vivido sempre no âmbito da privacidade, saibam comandar; e não podem porque não dispõem de forças que lhes sejam fiéis e amigas."



Fonte da citação: MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Penguin Companhia: clássicos.

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