A desconhecida do Morro do Chapéu

Mal havíamos saído do terminal rodoviário e o sol já havia começado a se pôr quando a mão alheia havia começado a tatear a minha calça. Ao lado, sabia, havia uma viajante cansada e entediada pela viagem ainda mais longa que a minha.
Olhando pela janela eu via a paisagem deixar de ser urbana.
E deixava, não completamente passivo, aquela mão passear, apertar.
Libertar a mim com a naturalidade de quem toma o leite morno antes de dormir.
Sentindo sua mão tremer no compasso dos defeitos da rodovia, eu via  a vegetação à beira da estrada e as peças de artesanato locais.
E babava.
E sentia.
E gostava.
Era a viagem certa, com a desconhecida perfeita.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Reunião de faces

Maníaco do Parque: entre o personagem e o homem

Nada além do que virá