Você não sabe
Quadro: The Rag Gatherers. James McNeill Whistler. 1858. |
Agora você não anda mais a pé. Deixou de ser simples. O que diria agora, olhando da sua cama, desses que aí perdem tempo andando sob o sol de Palmeira dos Índios, com calor, com sede e sem expectativas?
Agora você não encontra mais ninguém. Passou a odiar todos. Fala demais em polêmica para esconder seus próprios medos atrás dos berros dos outros e da lógica que ninguém usa. E eu pergunto, e as ruas?
Agora você não ama mais. E quem serve para apresentar à sua comunidade é enfeite, não amor. E eu pergunto, e quem vai querer você?
Dizem que isso é o que você não poderia ser e foi justamente por isso que se tornou - amarga.
Agora, os agoras já foram. As luzem uma hora são apagadas e só você e seus demônios sobram para contar quantas lágrimas reteve e quantas vontades foram oprimidas. E eu pergunto, por quê?
Agora você é sombra de si mesmo e quase nada pode tirá-la dessa letargia. Deixe que tirem-na disso. Apenas deixe antes que seja tarde demais.
Agora, só agora, é melhor fazer como todos e torná-la invisível antes que perceba que estampado em seu rosto está escrito, em letras garrafais, aquilo que pensa estar escondido.
Agora você é adulta e ainda não sabe enfrentar o bicho dentro do armário.
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