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Mas a minha tristeza é sossego

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Em fevereiro de 2012 fiz um teste em um site escolar para saber quais dos poemas de Fernando Pessoa mais me descrevia, mais se aproximava da minha personalidade. E, com grande surpresa, foi O Guardado de Rebanhos, e não outros tantos que sabia, que surgiu como resultado. Talvez influenciado pelo bucolismo do IFAL- Palmeira dos Índios, quem sabe pela leitura de outros autores bucólicos, Fernando Pessoa, personificado em Alberto Caeiro(seu heterônimo), me descreveu muito bem. Ainda hoje, pouco mais de três anos depois, é Alberto Caeiro e Fernando Pessoa, dois portugueses em um só corpo, que mais me vem à mente nas mais diversas situações. Aprendendo  ouvir o melhor da MPB na voz de Maria Bethânia, outra fã de Pessoa, ouvi outros tantos textos com a mesma intensidade com a qual foram escritos. E a MPB jamais foi a mesma aos meus ouvidos. E assim, com o poder da possibilidade de ser muitos em um só corpo, Pessoa vem colocando alma em paisagens, em cartas; descrevendo amores e sit...

O ridículo das cartas

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Foto: falouepontofinal.com.br Cartas de amor são ridículas, escreveu Fernando Pessoa. Somos efêmeros o suficiente para mudar de lado na política, na opinião sobre dinheiro e ética, sobre as visões do mundo. Somos efêmeros para mudar de amor a cada estação, ou quando mudamos de cidade ou emprego, sob a justificativa aceitável de que a felicidade está sempre a um passo de distância. Conversas e justificativas que tornam aceitáveis atitudes que transformam pessoas em objetos e que, sem cerimônia, passamos a usar egoistamente sem o pré-julgamento da sociedade. Quantos “amores eternos” você não viu acabar do dia para a noite? Quantas paixões incríveis são formadas em show musical? Evidentemente, não podemos misturar a paixão com o amor, pois aquela tem a licença poética para começar e acabar ao bel-prazer; este não. O amor é um pouco mais preso por ser entendido como duradouro, entediante, promovedor de cartas ridículas, sem sentido e constrangedoras. O amor, endeusado, ...

O Guardador de Rebanhos (Canto IX e X)

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“Sou um guardador de rebanhos, O rebanho é os meus pensamentos E os meus pensamentos são todos sensações. Penso com os olhos e com os ouvidos E com as mãos e os pés E com o nariz e a boca. Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la E comer um fruto é saber-lhe o sentido. Por isso quando num dia de calor Me sinto triste de gozá-lo tanto, E me deito ao comprido na erva, E fecho os olhos quentes, Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, Sei a verdade e sou feliz.” “Olá, guardador de rebanhos, Aí à beira da estrada, Que te diz o vento que passa? Que é vento, e que passa, E que já passou antes, E que passará depois. E a ti o que te diz? Muita cousa mais do que isso. Fala-me de muitas outras cousas. De memórias e de saudades E de cousas que nunca foram. Nunca ouviste passar o vento. O vento só fala do vento. O que lhe ouviste foi mentira. E a mentira está em ti.” (Cantos IX e X, de “O Guardador de Rebanhos”, 1914) Alberto Caeiro  foi o primeiro he...