Lucíola


A literatura brasileira é rica em exemplos que podem ser facilmente vistos na realidade dos dias. Um dos maiores escritores do Brasil escreveu com propriedade sobre o preconceito que pairou sobre a mulher, e em alguns lugares ainda é evidente, colocando sobre a sociedade o peso de dogmas irrelevantes estabelecidos por parâmetros sociais e religiosos.
José de Alencar descreve como a mulher é levada a realizar atividades indignas para sobreviver em um mundo cuja justiça possui os olhos bem abertos para medir a classe social e a culpa, principalmente de gênero. Em Lucíola o leitor pode notar as evidências do pensamento machista e excludente de homens e mulheres que, mesmo passíveis ao mesmo julgamento, excluem o indivíduo que transgrediu alguma regra social de pouca importância prática.
Alencar registra em Lucíola o quadro da mulher que ama, aprende com erros, erra para sobreviver e mantém-se na altivez nata do homem como a âncora de uma sociedade que sequer trata de sua sexualidade e de suas formas de enriquecimento.
A mulher que ama supera as dificuldades, torna-se imune às vicissitudes de visões machistas e excludentes através de armas antigas e ainda assim conserva em si o poder de doar-se e ser ainda mais valorosa que um ícone “santificado”.
Lucíola é uma obra intrigante, surpreendente, apaixonante, envolvente. Uma leitura tão perfeita que merece destaque na estante, na mente e no pensamento do leitor. José de Alencar simplesmente confirmou sua genialidade ao coroar sua obra literária com tal volume.


“Não será essa a imagem da mulher que, no abismo da perdição, conserva a pureza d’alma?”

José de Alencar


Adaptação do livro, filme completo

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