Bolsa Família - pare de achincalhar
foto: mundodastribos.com |
O Bolsa Família é o programa mais
agredido da nossa história, depois da segunda redemocratização. Através dele, milhares
de mulheres, muitas das quais mães solteiras e chefes de família, conseguiram
fôlego para impulsionar a educação dos filhos – aquelas que têm perspectiva,
pelo menos; homens e mulheres passaram a ter a oportunidade de mudar a vida da
prole com o extra proporcionado pelo Governo Federal.
Semelhante ao Bolsa Família,
tem-se, entre outros, o Seguro Defeso e
o Bolsa Estiagem. Programas que, igual ao Bolsa Família, permitem a sobrevivência
de produtores, pescadores e de suas respectivas famílias. Então, por que tantas
agressões para o Programa que atende a milhões de famílias e que tem seus
reflexos ainda mais abrangentes?
Simples: O Bolsa Família é
destinando a quem não consegue produzir, por um motivo ou outro; a quem está em
situação de miséria; a quem precisa complementar a renda de forma regular. Em
suma, é um programa para o povo, com distribuição de renda (ainda que o valor
da bolsa seja pequeno).
E como tudo o que é destinado à
massa populacional não interessa aos ricos, aos grandes produtores e industriais,
aos políticos – de forma geral -, então não tem para quê fomentá-lo. Daí surgem
propagandas contra o Programa, ridicularizando-o e segregando os beneficiários
como “mundiça” ou “mortos de fome”. E o
pior é que conta, em boa parte das vezes, com o apoio dos próprios
beneficiários – a maior prova de que o povo é facilmente manipulável.
Em épocas de campanha para
Presidente dessa grande República Federativa começam a falar sobre violência, educação
e sobre o Bolsa Família.
Sejamos sinceros: o Programa
significa um avanço sem precedentes na vida dos pobres; proporcionando a saída
de menores do trabalho infantil; condições mínimas para que milhões de pequenos
brasileiros possam estudar; alimento, ainda que sem luxos, para todos os lares,
em diversos pontos dos estados federados.
E não adianta dizer que “não,
isso não acontece!”, ou “é muita coisa para fazer só com R$70,00” ou, ainda, “É
humilhante para o povo! Está acostumando mal as pessoas”.
Humilhante é um País continental
como o Brasil, com seus duzentos milhões de habitantes, acreditar na não
distribuição de renda e na falta da educação como meio natural para uma Nação.
É certo que o Programa tem suas falhas naturais, como tinha o Vale-Gás e o
Bolsa-Escola, precursores do Bolsa Família, o que não tem?; Humilhante é um
povo que, sendo beneficiado por ações como essa voltar-se contra a ética e o
bom senso de analisar suas próprias vidas, sendo levados pelo riso fácil de um
candidato ou pelas palavras vazias da mídia; Humilhante são crianças
abandonando a sala de aula para trabalhar como vendedores, dia e noite, como
ocorre em Maragogi-AL; Humilhante são os sinais de trânsito cheios de mendigos
e pedintes, como no Rio de Janeiro, São Paulo e Aracaju; Humilhante é a mulher
submeter-se a trabalhos depreciativos para poder manter sua família, já ausente
da figura masculina; Humilhante é a Universidade Brasileira ser exclusiva de
quem pode pagar seus custos adicionais; Humilhante é uma cidade não resolver
seus problemas socioambientais, quando recebe verba e incentivo para isso; Humilhante
é um povo que sai às ruas contra o aumento da passagem de ônibus e, um ano mais
tarde, esquecer de suas lutas, como foi o caso de junho de 2013; humilhante é a
propagação da ignorância pelos ricos, tendo o apoio dos pobres, como se isso
fosse certo.
Independente do candidato eleito,
das aspirações capitalistas dos ricos brasileiros, a população precisa e deve
continuar o processo de acessibilidade à educação, ao trabalho e à uma vida
digna. E se isso significar ampliar e remodelar o Bolsa Família, então que
assim seja.
Não adianta criticar o Programa
se você faz parte dele, direta ou indiretamente.
País rico se faz sem pobres, de
espírito, de educação e de fome.
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