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Dom Casmurro

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Uma das obras mais tratadas e discutidas da literatura brasileira não responde, claramente, à pergunta fundamental que está no cerne de sua essência: Capitu traiu Bentinho? Há quem centre sua atenção nesse detalhe e esqueça dos olhos de ressaca de Capitu, da insegurança de Bentinho, das colocações referentes à classe social daquela e perdoe as imprudências deste. Machado de Assis, em sua linguagem brasileiríssima que não merece ser adaptada para o analfabetismo do século XXI, leva o leitor a discutir o amor sob a ótica da praticidade cotidiana. Mais que isso, mostra que o amor não precisa ser meloso, com vozes arrastadas e flores em demasia para ser amor intenso e verdadeiro de fato. Capitu, linda, atraente, interessante atrai olhares, conversas, o mundo. É a representação do indivíduo bem-sucedido que pode envolver-se em uma relação sem comprometer a dignidade de seu intelecto. Bentinho, com a sua inexperiência, insegurança, exemplifica o que existe até os dias atuais – ...

Lucíola

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A literatura brasileira é rica em exemplos que podem ser facilmente vistos na realidade dos dias. Um dos maiores escritores do Brasil escreveu com propriedade sobre o preconceito que pairou sobre a mulher, e em alguns lugares ainda é evidente, colocando sobre a sociedade o peso de dogmas irrelevantes estabelecidos por parâmetros sociais e religiosos. José de Alencar descreve como a mulher é levada a realizar atividades indignas para sobreviver em um mundo cuja justiça possui os olhos bem abertos para medir a classe social e a culpa, principalmente de gênero. Em Lucíola o leitor pode notar as evidências do pensamento machista e excludente de homens e mulheres que, mesmo passíveis ao mesmo julgamento, excluem o indivíduo que transgrediu alguma regra social de pouca importância prática. Alencar registra em Lucíola o quadro da mulher que ama, aprende com erros, erra para sobreviver e mantém-se na altivez nata do homem como a âncora de uma sociedade que sequer trata de sua sexu...

Literatura Risível

Hoje nas salas de cinemas de todo o país o último filme da saga crepúsculo: Amanhecer. Chega-se então ao fim de mais uma história sem perspectiva literária nenhuma, apenas pecuniária. Com isso, espera-se também que ocorra a cessação das invasões de filmes e livros de pouca criatividade e de péssimo gosto como o referido e como muitas outras séries. É fato que nos últimos anos os vampiros, as bruxas e os lobisomens invadiram casas do mundo inteiro por meio de livros malfeitos e séries de TV decadentes, reflexo da falta de criatividade literária e do empobrecimento intelectual da juventude comteporânea. Nessas obras, vampiros, como no caso do vampiro Edward, de Stephenie Meyer, que brilha ao sol em vez de desintegrar ou então as bruxas são vítimas e vilãs de seus próprios reflexos malamados, como no caso da série de TV true blood. No final do balanço dos últimos anos: temos uma vergonhosa produção artistica que buscou em figuras medievais um elemento capaz de torná-la incomparável...