O desespero de perder o celular

O desespero nunca é tão alarmante quando a mão desce ao bolso e o encontra vazio, sem o quadradismo do aparelho celular, sem o peso da conexão, do conhecimento e dos contatos. Nesse vazio desesperador, o coração gela, o sangue para de correr e o mundo entre em um pânico generalizado em que tudo começa com o sumiço do aparelho e só se acalma quando as ondas fazem com que ele ressurja dentre a obscuridade do desaparecimento.
Não é tão grave perder um relacionamento, um notebook, um carro, o horário quanto perder o celular. Esse aparelho guarda não apenas os contatos, mas também os segredos e as mensagens mais que comprometedoras trocadas entre várias pessoas.
Perder, ou fingir perder, o celular deve estar entre as piores sensações que uma pessoa pode ter e isso é aflitivo demais para ser transposto em humildes linhas.
Há, no entanto, quem troque uma vida por uma conexão boa no aparelho celular, ou quem seja altamente exposto apenas para mostrar o novo aparelho.   Aliás, o celular diz muito sobre a pessoa: o quanto ela é descontraída, o quanto é insuportável, o quanto é esnobe, o quanto e carente, por exemplo. E perder o meio que torna a vida brilhante é simplesmente uma das mais desilusões que se pode ter na vida.
Mas existe quem não está nem aí para o aparelho e mesmo assim a perda pode ser desastrosa.

Cuide bem do seu amor (o celular), nunca se sabe quando ele pode parar de funcionar, ou simplesmente sumir.

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