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Mostrando postagens com o rótulo relacionamento

Ciúme: faca de dois gumes evidente #13

Senhoras e Senhores, O Ciúme É evidente que  o controle e a posse sobre o outro é uma das formas mais descaradas e desgastantes que se pode ter em uma relação de confiança, ou não, em que duas ou mais pessoas (depende do tipo de relacionamento) tentam exercer sobre o próximo bem-amado(ou nem tanto!). Claro que ter ciúme é natural já que temos a tendenciosa mania de querer manipular e dominar o outro de modo que seus pensamentos e atos sejam ou direcionados a nós ou em nossa causa. Entretanto, a tentativa(muitas vezes desesperada) pela dominação implícita no relacionamento e justificada pela desculpa de ciúmes corrói o amor e a confiança. Diga-se de passagem, a confiança é a única arma capaz de combater um iminente  fracasso provocado pelo ciúme. E para se ter confiança no outro é preciso, antes de tudo, ter confiança em si e nos alicerces em que se baseia sua relação afetiva(ou não) com o outro. Não necessariamente se precisa ser displicente e alheio aos mo...

O desespero de perder o celular

O desespero nunca é tão alarmante quando a mão desce ao bolso e o encontra vazio, sem o quadradismo do aparelho celular, sem o peso da conexão, do conhecimento e dos contatos. Nesse vazio desesperador, o coração gela, o sangue para de correr e o mundo entre em um pânico generalizado em que tudo começa com o sumiço do aparelho e só se acalma quando as ondas fazem com que ele ressurja dentre a obscuridade do desaparecimento. Não é tão grave perder um relacionamento, um notebook, um carro, o horário quanto perder o celular. Esse aparelho guarda não apenas os contatos, mas também os segredos e as mensagens mais que comprometedoras trocadas entre várias pessoas. Perder, ou fingir perder, o celular deve estar entre as piores sensações que uma pessoa pode ter e isso é aflitivo demais para ser transposto em humildes linhas. Há, no entanto, quem troque uma vida por uma conexão boa no aparelho celular, ou quem seja altamente exposto apenas para mostrar o novo aparelho.   Aliás, o...

Tipologia de pessoas

É do tipo sem graça. É sem criatividade. É sem beleza interior. É sem exemplos. É sem estratagemas. É sem continuidade. É sem discurso. É sem perspectivas reais. É inadmissível.  É excitante. É inacreditável. Essas são características que podem ser atribuídas a um indivíduo ou a um conjunto que compõem a lista de seres que nos acompanham. E se pudéssemos alocar cada pessoa que conhecemos em uma série de atribuições características, poderíamos ter inúmeras decepções. Não por que são imperfeitas, humanas, falhas, mas pelo simples fato de acabamos nos relacionando com os tipos mais simplórios, e às vezes decadentes, de pessoas só pelo fato de que precisamos ter muitos contatos. Aliás, conatos não são amigos. São úteis. E só. Podem até ser tornar amigos, talvez. Pessoas interessantes mesmo, que têm sempre algo a mostrar, a querer saber, a ambicionar e apreciar, são muito difíceis. E o reino dos normais, sem graça, desinteressantes, cada dia cresce mais e mais. Esse domínio des...

O reinado do Atual e do Ex

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Arte: Sunrise, George Inness, 1887. Metmuseum Atual e Ex são duas espécies que são, por ordem das convenções sociais, arqui-inimigos ferrenhos que estabelecem, na pirâmide social, o papel excêntrico de inimigos que se amam e que têm em comum um objeto de consumo: as lembranças, as brigas e os segredos públicos entre dois indivíduos, que, sem muito esforço, se tornaram três (ou quatro, depende muito das circunstâncias). São seres que desempenham a nobre arte do ciclo vicioso de falar mal, intrigar e reconciliar. Ciclo sem fim que só se acalma com o correr do tempo e das novas armações da vida. O Atual é o calor recente da sacanagem que escorre entre peitos, pernas, bocas e estradas durante uma parte relativamente curta da vida do ser em questão. O Ex é o calor que aquece mesmo durante o reinado do Atual e que durará para sempre, mesmo que ninguém considere aceitável. Dos triângulos, quartetos, que se formarem durante a vida, a graça não está no fim, tampouco no começo, mas na ...

Um ex-amor, uma madrugada

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Outra madrugada, caminhando sob o olhar nu de uma índia, entre um açude e um labirinto de casas, fui colocado no desenlace entre um arlequim e uma colombina. Tão feia foi a cena que era preferível que não tivesse visto. Aliás, coisa natural da cidade do amor, é encontrar, sempre após uma festa pública, namorados públicos que se desentendem e vão, senão aos fins de fato, pelo menos à beira de um afogamento no açude municipal, que depois fica estigmatizado como um lugar só de suicídios – pobre açude! A colombina, em posse do discurso decorado e repassado milhares de vezes, quem sabe naquela noite mesmo, tentava colocar sob uma ótica simples e banal o fim de um relacionamento que “já não dava mais certo”, sem razões aparentes ou justificáveis para o arlequim, que não se desprendia do hábito de um relacionamento estagnado na monotonia de um amor à Palmeira. E lá, nos breves momentos que antecedem aquele crucial momento em que um vai embora e o outro fica para trás, em revolta d...

As pessoas, os legos do cotidiano

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legos A imagem que cada um pode desenvolver a respeito de outra pessoa só pode ser comparada a um lego, pois encaixa-se perfeitamente na visão e no querer do outro. Assim, um ser pode ser extremamente simpático com alguém, mas ser irritante com outro, mesmo fazendo exatamente a mesma coisa/ação. De maneira análoga, os relacionamentos também podem ser legos, uma vez que as pessoas serão legos, simplesmente. Precisa-se que haja o reconhecimento de certas verdades e a aceitação de que se quiser um lego, precisa, antes de qualquer coisa, definir o que quer que esse lego construa ou o que ele desenvolva. Só precisa lembrar que quando as pessoas passam a ser legos, não podem ser elas mesmas e qualquer tipo de relação torna-se meramente superficial. A imagem pode ser um lego, os relacionamentos podem ser construções de legos e o essencial, mesmo invisível, visto às vezes, nunca poderá ser visto de verdade: legos não possuem interior nem subjetividade.