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Janela vívida

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Arte: Street in Meknes. Eugène Delacroix. 1832. MET. Da minha janela, no nível do primeiro pavimento, componente elementar da calçada, eu vejo o mundo que se desenrola à margem da sociedade e que me criminaliza e vitimiza utilizando as vítimas que estão encarceradas em outras janelas gradeadas. Por ela eu vejo aquele que estaciona o carro na calçada com preguiça de alocar o bem na garagem; vejo o casal que se diz enamorada e o rapaz que paquera os transeuntes.  Da minha janela fechada eu ouço o homem que pede a carteira alheia, mas que não é assaltante (embora pareça). Ouço o carro do lixo. Ouço conversas entrecortadas que denotam uma vida limitada aos recursos que se pode obter, nem sempre de maneira honesta. Pela minha janela a vida escorre de dentro para fora e de fora para dentro como se o mundo físico fosse o último bastião entre a prisão e a liberdade pregada nas igrejas à direita e à esquerda desse buraco gradeado. Da minha janela eu vejo  lua, viajo, ouço,...

Cadelas, Nuvens e Janela

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Mandacaru - Nuvens.  Foto: FlorianoFonseca Tenha uma janela larga. E depois desta, um céu com nuvens e uma luz sempre mutante que faz cada objeto e pessoa mudar de cor. Tenha tempo para olhar esse céu e sentir o peso da gravidade da terra com o olhar fixo nas nuvens. Nessas, imagine coisas. As coisas podem ser muitas. Pensamentos atrevidos e simplórios cujo objetivo é entreter, para o bem – sempre e apesar de tudo – da mente são sempre bem-vindos.  Pensa-se, assim, em animais e em gente. Em gente-animal e em animal-gente. Que a surpresa do tempo, sempre correndo, é capaz de inovar aquilo que não é o novo. Que é melhor ter como confessionária uma cadela, de igual pedigree – ou não -, que entende um elogio subjetivo à uma gente que não entende a ironia dos segredos. Sim, as cadelas e os cães são uma espécie diferente. São ao mesmo tempo iguais e surpreendentemente diferentes, incompatíveis, mas nunca opostos totalmente. Cadelas são totais, nunca parciais. São dos...

Janelas

Sempre diferentes, as janelas são exemplarmente a representação daquilo que não se pode mudar, embora talvez sempre se queira. Quadrados de personificações variáveis, de tamanhos não definidos, exatamente, de vistas sempre modificadas pelas mudanças na urbanidade das pessoas, pelos movimentos dos ventos, pelos pensamentos que voam para muito além de um infinito de pedras ou serras. Janelas são identidades de uma perspectiva sempre viva, apesar de devastada pelos deveres, em algumas vezes, mas que conservam, em sua razão de existir, a necessidade de mais um vislumbre para a noite, a madrugada, o dia amanhecendo ou um crepúsculo inexpugnável. Janelas, ou a ideia que fazemos delas, são simplesmente um dar de ombros sobre a realidade e seus paradigmas e uma visão, alargada pelas frestas de um futuro sempre presente que faz com que a racionalidade de um momento seja perdida entre o focalizar das retinas em um ponto negro no céu sempre azul, ou em uma estrela, que mais ...