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Noite Bruxa

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Quando resolve explicar algo a alguém realmente faço isso acreditando no que digo, ainda que pareça uma loucura inimaginável. E quando falo, além da minha opinião, tem a opinião de pessoas mortas - escritores, celebridades, não-famosos. E nem sempre o meu parecer tem aspecto de pensamento linear ou politicamente correto .  Algumas pessoas, ou ouvirem-me falar, revelam uma expressão de perplexidade e outras são mortalmente contrárias, ainda que minha expressão seja a de desprezo pelo contraditório só pelo contraditório. No dia das Bruxas, que é também o dia de comemoração do nascimento do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, que precede a comemoração macabra de Todos os Santos e de Finados, não é difícil ver por aí minhas palavras ecoando e relembrando não apenas Drummond como também personagens fictícios, tornados reais pelo simples desejo. A mistura daquilo que não é real e do que não é apenas o termômetro do quanto se pode ser feliz sozinho, acompanhado, nesse e em out...

Cidade Baixa

Toda cidade tem uma cidade baixa, onde a puta nasce, o filho da puta cresce, o bandido se faz e de onde a surpresa origina grandes feitos. E isso é de uma verdade tão imutável que até o próprio povo reluta em aceitar. Na cidade baixa os pobres entram em processo multiplicativo, as casas não têm lá o luxo que se ostenta em bairros nobres e a educação é sempre um item de discussão, dentro e fora de casas e escolas. Nessa baixa também surgem as pedras raras – escritores, pintores, administradores, engenheiros, idealistas, criadores. E o que falta aos jovens é justamente a oportunidade – o dinheiro para um curso, o alimento regular, o sono tranquilo, uma moradia digna ou, o mais importante, alguém que acredite no potencial e no futuro desses. Toda cidade tem o ladro reluzente, feito para turista ver. E tem a vida de fato, com esgoto na rua, com sujeira, com a população que faz do ambiente ser uma cidade, ainda que polarizada. A vida, em qualquer lugar, encontra-se na cidade baixa....

Padres Catra

A modinha religiosa dos últimos tempos sofreu um revés que se parece muito com a contra-reforma católica – os padres saíram com fervor para arrebanhar as ovelhas (não carneiros, só ovelhas), tomando o espaço dos cantores gospéis  e ridicularizando a vanguarda católica do show business. Quem assiste a programação da TV aberta não consegue mais, e isso já tem um tempo, ficar cinco minutos sem ouvir a gritaria lamuriosa de um padre ou outro. E tal qual a classe protestante, apareceram padres cantores da mpb, do sertanejo e, se deixarmos, logo logo o Funk católico aparece por aí também para completar a quebra e mais um selo apocalíptico. E não entenda que há preconceito em um padre vestir uma calça tão apertada que dá para notar cada ruga peniana ou que um padre não possa pregar no além-igreja. Muito pelo contrário. Na vanguarda do movimento católico tínhamos músicas que frequentavam os corais das igrejas e que despertavam bons sentimentos em crianças, adolescentes e adultos sem ...

Feira de Ciências

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A V Feira de Ciências da FAPITEC/SE vem aí de novo, em mais um ano, com o árduo e desnecessário trabalho de tentar levar a "ciência" para o povo. E esse ano vai ser dentro da UFS - e ninguém me convença que é por causa da crise se o que mais parece é falta de gerência. Essa Feira de Ciências mostra muitas coisas importantes sobre o que se faz de útil na UFS, Universidades e escolas públicas e privadas. Se você perder seu tempo visitando os projetos pibic, pibex (pibix) e pibid (se aparecer algum) vai se deparar com uma realidade estranha: alunos do ensino fundamental e médio, sem recurso financeiros (ou co baixos recursos) desenvolvem equipamentos e técnica, para uso no campo ou na cidade, que deixam os projetos universitários da UFS no chinelo. Um exemplo é a robótica dos alunos das escolas que desenvolvem utilidades com materiais baratos e que usam lógica de programação, e a cada ano evoluem mais, enquanto que na UFS o máximo que o grupo de robótica consegue fazer é u...

Subversivos da UFS

O VII SIMPROD terminou na sexta-feira passada. E como um bom aluno de Ecologia e Controle da Poluição, lá estava eu, sentado no meio do auditório do novíssimo prédio do Núcleo (Departamento) de Petróleo e Gás, assistindo a palestra do Diretor Presidente do SergipeTec. Uma interessante e peculiar palestra que serviria para todas as engenharias e demais alunos de Ciências Socias e afins que soubessem contextualizar o que estava sendo exposto.  Serviria . Como de hábito, os egos dos departamentos são fortes o bastante para ignorar eventos interdisciplinares e contextualizadores apenas por que não foi cada um que organizou. Esse mal, essa mania de querer aparecer como pilar de todo o conhecimento e poder organizacional que alguns docentes, chefes de departamentos ou não, possui poder suficiente para minar o conhecimento amplo e diversificado que deveria ser fomentado dentro da universidade e levado para a vida profissional. O VII SIMPROD poderia ter sido mais frequentado, mais...

A saga ENEM: Revival

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Então eu estava lá, escrevendo na barriga da besta quando... um o Aplicador da prova, que não sabia nem o que estava fazendo, começa sua saga particular para matar a fome de 10 meses de jejum. O Aplicador rasgou o saquinho de amendoim chinês derramando-o todo no chão ( aí vão meia hora para juntar todas as bolinhas salgadas), depois começou a comer o kit de barras de cereal e mais uvas e bolos, levadas de barulhentas bolsas plásticas brancas. Ele deve ter pensado "como faço para fazer o máximo de barulho para aqueles fodidos? Ah, sim, vou levar uvas e bolo dentro de bolsas brancas e lá eu vou tirando uma por uma das uvas e depois pedaço por pedaço, até não restar mais nada e o barulho ter sido épico". E assim ele fez. E mesmo que mais irritante tenha sido isso que as conversas imbecis e paralelas qye teve com a Chefe de Sala (a mesma de ontem, diga-se), foi a fome canina seguida da sinfonia de plásticos que mais quase me fez matá-lo de vergonha.  Mas ou um anjo e só resol...

A saga ENEM: parte 01

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O sábado foi dia de enfrentar a besta fera que atormenta todos os estudantes do ensino médio, desde o primeiro ano. A besta fera já estava pronta quando eu ainda abria os olhos às 10h30, 11h30 no horário de Brasília. Pela primeira vez na história dos meus exames de seleção, juntando concursos e vestibulares, o local da prova foi no meu quintal. Há uma escola no meu quintal. E lá fui, às 12h, no horário de Brasília, gastar R$ 2,00 em uma garrafinha de água e R$ 1,00 em uma caneta preta fabricada em material transparente. Um dinheiro jogado no lixo! - o Governo de Sergipe, através da Secretaria de Estado da Educação, estava distribuindo até duas canetas por candidato e quantos copinhos de 200 ml os candidatos quisessem, isso em todos os pontos de realização do ENEM. Poderia ter economizado R$ 3,00. E apesar de aparecerem milhares de Rafaéis, inclusive dois com os nomes exatamente iguais, o mais interessante nesse primeiro dia de Exame não foi a excentricidade medrosa de alguns fisc...