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2ª SEMAC - Ninguém vai respeitar

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A Universidade Federal de Sergipe cancelou todas as aulas a partir do dia 24 até o dia 28 de novembro para realizar a Semana Acadêmico - Cultural, onde teoricamente todos os alunos irão participar e os trabalhos de pesquisa e extensão serão apresentados. Teoricamente. Na prática nem metade dos professores estarão para "prestigiar". Mas não é para isso que quero chamar a atenção. E sim para a organização do evento. Camisa oficial da  2ª SEMAC A Universidade, veja só!, está oferecendo 20h comprovadas por certificado para os "monitores" trabalharem a semana toda, realizando todo tipo de tarefa para que a SEMAC seja realizada. Seria ótimo não fosse trágico! Os monitores são convocados, voluntários - evidentemente -, para auxiliar nas apresentações e sequer o almoço a Organização pensou em oferecer. Das 7h às 18h os trabalhos que só interessam ao bolsista pesquisador serão expostos e o mais importante é que os voluntários irão receber é um certificado, apenas...

Sentimento do Mundo

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Cada um carrega em si, para si, os sentimentos de seu mundinho, do planeta, do trabalho. Cada um é responsável por suas escolhas, suas visões e suas opiniões. Cada um carrega sobre seus ombros o peso do mundo, em uma visão noturna de frente par ao mar ou ao ver um operário passando sem o uniforme azul. Sentimento do Mundo , de Carlos Drummond de Andrade é uma conversa com um poeta que de ilusões parece só possuir os bons momentos de quem vive: política, sociedade, cidadania, injustiça, amor, nostalgia são elementos das páginas que cabem no bolso. Poemas que não se aplicam apenas às relações amorosas, se é o que o leitor busca nessa obra. Então não se decepcione. Drummond revela, nessas linhas poéticas, com uma prosa escondida, a capacidade de ver a beleza, o caos e o futuro. Um mundo em que o sentimento passa de realidade à saudade, em que a infância é o melhor lugar que se poderia estar [hoje], em que fantasmas também sentem dor, é o retrato de uma visão interessante e particu...

No acostamento do dia

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Foto: Rodovia AL-SE. Rafael Rodrigo Maraja. Para lá e para cá entre Alagoas e Sergipe e nada do que foi será, naquilo que se refere à visão sobre o mundo que nos rodeia. À beira da rodovia existe bar, igreja, casas, residências, currais, redes, luzes e postes abandonados, antenas de rádio e tv e o nada-tudo que a ninguém interessa. Nesses espaços onde o progresso sempre passa correndo, onde as pessoas nunca se interessam em olhar, existem pessoas que estão levando a vida com a maior preocupação do mundo: que não morramos atropelados - e nem sempre por automóveis. De certa maneira a vida parece triste e insolente nos acostamentos das BR's, AL's e SE's. Quase uma afronta à cidades que, ainda que sejam pequenas e mal desenvolvidas, deveria ser o centro onde o cotidiano habita durante a semana, com pequenas pausas para o centro rural próximo. Olhando assim, de longe e separado pelo vidro, cá dentro com condicionador de ar e lá fora com a quentura natural da esta...

Contagem Regressiva

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Que a vida que corre na rua é bem diferente daquela que habita o interior da mente isso é mais que sabido. E nem sempre o discernimento entre essas duas vidas, com tempos diferentes, é notado pelo vivente. E quanto mais velho se fica, mas saudosista queremos ficar. João é um homem que, no alto de sua idade, com filhos crescidos e pouco amados, por ele – como imagina-, luta pela sanidade de viver em um mundo em que nenhuma mulher foi capaz de preencher por muito tempo, ou de forma satisfatória. Teve várias. Teve filhos. Teve a solidão de viver acompanhado e o desejo de encontrar-se. Em Contagem Regressiva é possível notar os pontos de coincidências entre a vida real, a ficcional e uma morte buscada – morremos todos os dias vitimados por vidas infelizes. Uma obra que dispensa comentários de orelhas e de crítica por apresentar uma literatura com densidade emocional suficiente para preencher dias por ser um enredo em que não se nota o autor, somente os personagens, o tempo e as em...

Oh Maria do Socorro!

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A Maria do Socorro que conheço, que é registrada de fato, não tem pernas lindamente torneadas e não é legal - é chata e velha, para ser sincero com a realidade. Mas conheço outras tantas Marias do Socorro que namora o Zé Cachorro e que arrasta uma perna para o Zé Galinha. Essas Marias são uma comédia de domínio público! Só  o samba, bem feito e com uma letra muito particular, poderia imortalizar a mulher que vai ao auge de sua beleza e decai momentaneamente até ser só mais uma igual a tantas outras do morro ou do asfalto.  Fico refletindo o quanto uma Maria do Socorro dessa pode fazer, de estrago, na vida de um pobre coitado mal avisado sobre os perigos de umas pernas torneadas pelas ladeiras ou pelo desejo. Acredito fortemente que se não fosse o morro, as paredes finas - da favela ou dos condomínios -, as mulheres suadas que sobem e descem, imaginam e persistem, nem mesmo a literatura seria capaz de salvar-nos da desgraça de um mundo em preto e branco, sob a luz o...

Nossa solidão, de estirpe

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Foto: From my window at an American Place, Southwest. Alfred Stieglitz "Era irrepetível desde sempre e por todo o sempre, porque as estirpes condenadas a cem anos de solidão não tinham uma segunda oportunidade sobre a terra." Cem anos de solidão Gabriel García Márquez Fico pensando nas imensas possibilidades que alguém teria em passar a marca dos cem anos e chego a conclusão de que é uma completa perda de tempo viver tanto se o corpo caminha para o pó desde o momento em que se nasce. A solidão, por outro lado, não tem nada de triste - se é que alguém a considere mesmo assim. É um estado tão íntimo, pessoal, incondicionalmente humano que seria capaz de alguém voltar do túmulo para readquiri-la? Quem sabe... O que é possível ter certeza é que se pode viver entre multidões e estar completamente só. Amar alguém e viver em um eterno vórtice de pequenas solidões do dia a dia - quem disse que o amor resolve tudo? A solidão das estirpes, formadas mais pela pr...

Rodoviária (aeroporto), duas vezes embarque

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Rodoviária de Arapiraca Viajar é um problema sério para quem, ainda, não tem um cartão de crédito ilimitado ou quem possui mais compromissos que espaço na agenda, ou para quem tem que estar preso às pequenas rotinas diárias. E quando viajar não é problema apesar de o percurso ser o mesmo, cada pó das rodoviárias (ou aeroportos) torna-se familiar demais. Um item que deveria estar sempre na bolsa ou na mala é o livro, não importando gênero ou título. Infelizmente ler não é um hábito entre viajantes, mesmo para aqueles que já estão fazendo buracos nas estradas de tanto ir e vir. As revistarias e livrarias desses terminais de embarque e desembarque, no entanto, podem surpreender o viajante com preços baixos e títulos interessantes (apesar de não ser uma regra geral, o preço). Em Aracaju, apesar da pequena revistaria e livraria ser maltrada, é relativamente boa. Em Arapiraca e Palmeira dos Índios, é um milagre, em uma, ter terminal rodoviário, e em outra, ter lanchonete aberta n...