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Vem cá, chega abraçando..!

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Quadro: Camille Monet (1847-1879) on a Garden Bench. Claude Monet (French, Paris 1840 - 1926 Giverny) Ah! os abraços gostosos, apertados, volumosos, arrebatadores! É comum as pessoas entrarem em contato em abraços diários. Braços entrelaçados que representam, na maioria das vezes, uma afetuosidade que traduz o tempo transcorrido entre o trabalho, a vida e as mídias sociais ou que simplesmente torna próximo aquilo que, mesmo perto, está distante. É igualmente comum não abraçar. Entretanto, quando se encontra alguém que o arrebata a um abraço violento que começa em uma posição e termina em outra, numa mistura de braços, abraços recíprocos e uma afetuosidade oscilante entre o agora e o tempo perdido é realmente uma experiência boa e comprometedora no sentido mais simples e donativo que uma pessoa pode ser, que duas pessoas podem ser. Abraçar faz bem. Vandalizar o ato não. Talvez não seja legal abraçar todos os dias, como não é legal não abraçar nunca. A medida certa do ...

O frio comendo no cento

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É claro que no nordeste todo mundo acredita que o calor come no cento dia e noite. E em algumas regiões isso é lá verdade; em outras a história é muito diferente. Esse ano o inverno está de parabéns em Alagoas. O frio está fazendo suas vítimas – animais -, ou melhor, a baixa temperatura para o normal do nordeste está baixa demais. É um enrola ali, um encasacado acolá, uma reclamação num mural, uma corrida para banho cedo. Nunca vi! Já era aceitável cair um pingo d’água e o povo correr para se proteger, que nem se fosse de sal, mas agora está é demais. Claro que em Arapiraca a neblina é avassaladora e em Palmeira dos Índios, por causa da serra, só dá para espantar a friagem com umas cincos ou dez doses de Pitu. E, por enquanto, ainda temos as fogueiras, mas como todo santo é de barro uma hora acaba a folia e tudo volta ao normal para o inverno frio – por que tem ano que o inverno é mais quente que o verão. Vamos lá, andando, entornando, pra ver se o frio passa...

Olhaí, Pedro!

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Comprei sururu, camarão, fiz batida de caju Dancei rumba e até maracatu, pra te fazer feliz Fui até Natal, Salvador, Paraíba, Macapá Em Belém você quase passou mal E eu te fiz feliz E você não gosta mais de mim Vem dizer que eu não soube dar amor E achar que a vida é mesmo assim Cada um leva um barco sofredor Anjo Querubim, Saia Rodada Pedro, o último Santo homenageado em junho, é também o mais marginalizado. Coitado de Pedro! Dizem: Santo Antônio! e comemoram o Dia dos Namorados. Gritam: São João! e a festa corre solta noite adentro com o forró, estilizado ou não, a varrer praças, salões e chão de barro. Mas e Pedro? Bom, o dia de São Pedro é comumente chamado São João mesmo. Ninguém tem um “amor” ao qual homenagear, ninguém se importa muito se Pedro é João. O obsoletismo tomou conta dos últimos dias de homenagem desde que a consciência tomou conta do homem. E essa é uma tragédia que anunciou muitos eventos destrutivos: o forró cada...

O Caçador de Pipas

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O amor possui facetas que frequentemente esquecemo-nos de mencionar e que, por essa razão, tornamo-nos egoístas e mesquinhos. Esse sentimento, não raro, é vulgarizado pela pornografia e pelo ciúme obsessivo de uma relação entre homem e mulher. No entanto, o amor é mais que isso. Com Amir aprendemos que o amor é uma atenção necessária que precisa ser expressada em elogio e reconhecimento. Com Hassan aprendemos que a dedicação, a doação incondicional e a autodepreciação, quando necessária, são elementos que demonstram o amor. E não apenas isso. Amir e Hassan são os personagens que Khaled Hosseini torna humanos, sensíveis, insensíveis, pensadores, observadores, intensos e, acima de tudo, torna-os a personificação do amor e do ciúme. Em relações cheias de convenções nas quais o objetivo é a aceitação de uma sociedade estéril, Hosseini clareia o pensamento do leitor com o que realmente importa: amor, sem os estereótipos das relações – homossexual, parental, serviçal e sexual. O...

O Caso do Hotel Bertram

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A vida, por vezes, pode parecer uma encenação, uma obra de arte milimetricamente produzida para enganar, outrem ou a si – depende do objetivo. E enganar é criminosamente detalhado no Hotel Bertram. Crimes espetaculares, fortuna fortuita, criminosos em corpos de artistas e enganos tornaram Londres a pior cidade inglesa, tornando a vida dos detetives da Scotland Yard um amontoado de casos se solução. Capa da Obra É assim que Agatha Christie traduz mais uma verdade universal, que anos mais tarde Jorge Amado também registraria em seus singularíssimos livros: a velhotas olham a vida de todo mundo, ouvem a conversa dos casais e tudo sob a desculpa de que “isso é feio” e que foi “sem querer”. Miss Marple, a encarnação dessas velhinhas “simpáticas” ajuda a desvendar O Caso do Hotel Bertram e a intrincada trama de crimes que fazem os detetives patinhos no nevoeiro londrino. Christie, nesse seu outro personagem revela a imensa capacidade de ambientar seus enredos em fatos e verdad...

De repente, lembrei!

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Estava escrevendo, outro dia, sobre fatos diversos na madrugada enquanto ouvia as músicas de sempre e pensando nas milhares de coisas que costumo pensar e que não levam a  lugar nenhum, pois pensamento sem ação é tempo perdido. E aí, olhando o perfil alheio, deparei-me com uma foto que me recorda um outro dia perdido no calendário em que escrevi um conto. O tal era uma mistura de alegorias e verdades que precisavam ser ditas especificamente a alguém e que não podia ser facilmente decifrado por qualquer um. O objetivo, certamente foi alcançado. Mas outro pensamento assaltou-me: como é fácil esquecer! E esquecemos de tudo! Desde a data em que nascemos até onde deixamos a caneta; só não esquecemos os detalhes que significam alguma coisa importante. E esse conto foi uma dessas coisas que a gente escreve e que deixa guardado dentro da gaveta até o dia em que o outro alguém o mencione ou que você vê alguma ilustração que o recorde. Essas coisas que renegamos são muito estúpidas! ...

Eroticamente

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Erotic Scene (Know as "La Douler"). Pablo Picasso. O erotismo é essencial! Morremos por amores que se desfalecem em camas, lençóis, curvas e estados de espírito. Morremos em braços alheios para acordar em uma realidade nua e crua onde os cheiros do suor e da vida não perdoam o exercício das palavras e das vidas que se revelam simples e pequenas diante de uma imensidão de problemas e simplicidades. Precisamos do erotismo para imaginar, desejar o que não vemos e realizar proezas. O mundo é movido pelo erotismo e por sua consumação que debilmente chamamos de sexo. Ato sexual. Dane-se o sexo! A essência é fantasiar e lembrar, relembrar e lembrar mais uma vez até que a perfeição seja atingida, elevada ao nível mais alto do ideal. E então, caindo na realidade em que as cores não brilham tanto, percebe-se que o alto é longe demais e o que está mais próximo é só uma questão de saber como utilizar.