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Sob o Céu de uma Cidade

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O melhor do nordeste aparece quando o povo assume sua identidade e faz de suas peculiaridades uma obra de arte. É assim que surge a literatura, mais expressiva em cordéis, o artesanato, as tão famosas estátuas de santos, a comida e as invencionices e crendices tão aconchegantes de vasto território nordestino. Juntando literatura, artesanato, crendices, pré-julgamentos e muito achismo, os cidadãos de Mandacaru do Norte desenvolve o cotidiano tão “nordeste”. Lá tem beatas que santificam que possui segredos escabrosos, julgam quem desafia os costumes, muitas vezes infundados, vivem esperando a salvação que pode não chegar; tem o poder da amizade e da politicagem; tem a nova modalidade de coronelismo; tem costumes, nordestinos-sulistas; tem alma e tem povo. Capa da Obra A Novela de Cássio Cavalcante, Sob o Céu de uma Cidade , é a tradução do interior de uma cidade, dos habitantes de todas estas, das criações e crias de diversas cidades sob um olhar realista o suficiente para to...

O sossego do fim

Em cada final de período sempre há o que analisar. Rever as perdas, os valores e as vitórias. Há a possibilidade de olhar pra trás para vir o caminho percorrido. É olhando para trás é que se percebe os erros e acalenta os acertos. Em cada final, também, aparece o sorriso meio triste que significa, simultaneamente, saudade e dever cumprido. Nesses finais, pessoas que foram ícones de significados subjetivos de música e poesia durante boa parte do tempo, já não mais existem. Livros foram lidos e agora são acervo. Músicas foram ouvidas e tornaram-se marcos. O final apenas abriu precedentes para o novo, a melhoria e o crescimento. Finais não precisam ser tristes, no entanto devem ter a pitada de saudade habitual acrescida de uma boa rodada de auto-aprovação.

Uma hora

Durante o verão, nos trópicos, existe uma possibilidade imensa que é desperdiçada todos os dias durante pouco mais dos três meses de veraneio da humanidade.  Essa possibilidade é o simples fato de ter a luz solar às quatro da manhã, todos os dias – com a rara exceção dos dias nublados e chuvosos. Aparentemente irrisório, acordar cedo durante o verão, e , diga-se, a primavera, brasileiro é uma conquista a mais quando esse fato é utilizado adequadamente, de modo produtivo, durante o tempo que ele dura. E não só acordar cedo. Fazer mais, trabalhar mais, fazer mais Hobby, divertir-se mais. É uma adição à vida e a uma gama de outras tantas possibilidades. Entretanto, quem acorda cedo? Quem levanta às quatro e observa o nascer do sol? Quem vive?

À Beira do lar

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Escrever, muitas vezes, é apenas expressar os eventos do cotidiano com a delicadeza de uma bela ironia ou com a graça de uma grande tristeza. Escrevendo, sob a luz de uma emoção, ou sob a graça de escrever, surgiu um dos mais prazerosos livros já escritos na nova literatura brasileira. De Luis Vassallo, À Beira do lar é uma obra que prende o leitor do começo ao fim – que se não tiver cuidado lê-lo de uma única vez, sem parar. Capa da Obra Vassallo coloca em suas páginas um lar, uns tantos sentimentos, uns momentos, pessoas, vidas, tempo, espaço e cotidiano de um modo inovador, capaz de tornar qualquer insônia em reflexão, divertimento, relembramento. Uma obra que passa do autor para o leitor como se aquele estivesse contando a história ali, pertinho, para este. À Beira do Lar , e não confunda lar com mar!, é um livro que não precisa de apresentação nem de palavras bonitas em sua capa, pois é por si só as palavras bonitinhas que o apresenta. Expressa eventos com as particular...

Poema feio

E se a frustração de um amor for apenas um aviso? E se a paisagem for o quadro na parede dos cem anos? E se solidão for o axioma da vida? E se vida for morte? E se a morte for o agora, presente? Se amar for odiar, do lado avesso? Se estar inteiro for quebrar-se em medos? Se deixar ir for ficar quebrantado? Se caminhar for retroceder para viver? Talvez, os se’s são demais  E demais é muito pouco Para quem pouco quer. 

Entrevista com Isvânia Marques

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Isvânia Marques. Foto: Gazeta Web A entrevista de hoje é com a Professora, Escritora e Presidente da Academia Palmeirense de Letras, Ciência e Artes (APALCA), Isvânia Marques. Nessa conversa sobre literatura, Graciliano Ramos, Incentivo à produção textual e à leitura, Marques desmistifica a APALCA, convida a todos a visitar e conhecer sua obra, os escritos dos mestres e fala sobre a oportunidade de escrever e refugiar-se nas folhas de uma prosa. Sobre si, sobre como se tornou representante dos acadêmicos em Palmeira dos Índios, essa é uma conversa muito interessante para os fãs da escritora, para os Palmeirenses e para aos amantes das letras.  Rafael Rodrigo: Qual seu primeiro contato com a literatura? Isvânia Marques: Ainda adolescente. Adorava poesias e contos puramente românticos. R.R.: O que a motivou, pela primeira vez, a escrever? Marques: A timidez. Ficava mais fácil de escrever no papel do que falar às pessoas sobre os meus sentimentos... Lembro...

Árvore de Panetone

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Árvore de Natal de Panetones De repente, em dezembro, em pleno calor do nordeste brasileiro, aparecem milhares de árvores de Natal – cada uma com um estilo e uma disposição física diferente. Dentre elas, a menos popular é a que se adequa ao nordeste, a que mais se parece com o nordestino e sua cultura. A mais popular é o pinheiro, árvore não nativa do Brasil, que só chega às casas dos nove estados através de uma imitação horrenda feita de polímero. À parte essa importação cultural polimérica, outro tipo de arranjo quase igualmente comum é aquela que é confeccionada com o intuito de ser destruída para fins lucrativos e que podem ser encontradas em estabelecimentos comerciais de todo o País, atendendo as necessidades de todas as classes sociais; é a árvore de Natal de Panetones. São enormes. Gigantescas até. E cumprem a mesma função: proporcionar ao pobre o desejo de ostentar, ainda que parcamente, a ideia de igualdade, e ao rico, a ideia de qualidade. São inúteis, sem graça e ...