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Os olhos

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Os olhos de Ariane - incríveis Então eu paro e começo a ouvir a pessoa conversar sobre a notícia quente do NYT ou do Financial Times; sobre o medo trazido pelo aquecimento global, pela perda de amores problemáticos ou pela inexistência de uma paixão violenta. Vejo olhos que não são acostumados a olhar diretamente na profundidade de outros olhos; observo cílios que podem delinear mundos invisíveis - castelos surpreendentes. E me perco. O som das vozes somem. A luz revela as cores ocultas nas íris e o globo ocular é um um globo de outros tantos mundos que existiram e foram despedaçados, que simplesmente surgirão no calor do futuro. E acabam chamando-me de ousado, ou pedante, quando ouso dar atenção aos olhos, não à boca e às idiossincrasias.  E mesmo que gostem do pôr do sol, dos verdes mares, das flores tantas - só isso não reflete a beleza. A beleza é vista quando o espelho dos olhos de alguém vê o vermelho-alaranjado do sol no fim de tarde ou o mar dentro dos mund...

Sobre a solidão vivida

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olho-Rafael Rodrigo Marajá A solidão é um anjo que nos arrasta para um mundo sem definição. Tem cheiro de terra. Tem corpo de quimera. Tem o tempo como aliado e uma linha do tempo com milímetros tensos. Ver o mundo é abraçar a solidão.  Estar no mundo é conversar com a solidão. Sair do mundo é abandonar os anos de solidão. Os olhos, geralmente, falam muito, com ou sem brilho, sobre as tantas solidões que nos cercam e nos impressionam. E são os olhos que tiram o mar do sertao, a luz do negrume da noite,  o amor da desilusão e faz do tempo escravo. Os olhos solidificam a solidão até que outra solidão apareça para deixar livre o caminho para o desconhecido futuro do depois de amanhã.

O amor na madrugada

Todas as noites são existências de um sofrimento inominável que sai de você para mim sempre que seu sorriso quebra a geleira da minha alma. Assim como o calor derrete o gelo da garrafa ao lado do nosso sofá, displicentemente esquecido no começo de nossos devaneios de uma noite quente, o seu sofrimento de uma entrega intensa, duvidosa, é a prova de um grande amor conservado a temperaturas oscilantemente trabalhadas em nossos corpos. Meu grande amor cabe em uma minúscula artéria que imiscui-se a tecidos e vasos e quase se rompe sempre que o seu cheiro faz-se presente ao meu alcance limitado. Meu grande amor pode ser visto em poesias mal feitas escritas em guardanapos roubados das mesas vizinhas, em bares, restaurantes, lanchonetes, lugares comuns. Meu grande amor é triste pelo fim que imagina para si, entre soluços e lágrimas que não se contém no sofrimento mudo de palavras não ditas. É triste pela vida que acontece e que pode, repentinamente, acabar com uma pequena palavra dita. D...

Pela janela

Fico observando a paisagem urbana através de minha janela adaptada contra a luz do sol, na noite que chove e faz calor, e enquanto uma música toca nos alto-falantes do computador mais próximo, uma música conhecidíssima, íntima, sempre presente nos tempos idos, fico olhando para a avenida intransponível durante o dia e deserta nessa hora em que a maioria dorme e outros tantos estão acordados fazendo-se sabe lá o que! Observo, sem querer, que não existem estrelas, apenas as luzes vermelhas no topo dos prédios avisando aos aviões que existe um edifício ali. Vermelhas como o sinal de pare do semáforo, como o batom que percorre muitas bocas durante o dia, como as cartas de um baralho que enriquece uns e empobrece outros, como a felicidade de verão de casais apaixonados, como a lingerie dos filmes e fotos, como a cor dos olhos após uma desilusão – ou após uma alergia pesada. São tantas que as estrelas somem deixando um céu feio, escuro, sem brilho, sem olhos, sem passado e sem perspect...

Uma batalha vencida a cada instante

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Então você percorre sua vida no abrir de olhos de uma manhã simples e nota que não há mais o que lamentar, nem o que pedir. Apenas aquilo que você vai conquistar, sem esperar pela paciência dos lamuriosos. E mesmo o frio de fim de noite, início da manhã, é capaz de tornar preguiça aquilo que é coragem. Não há mais amores perdidos. Não há mais dificuldades intransponíveis. Não há maus humores. Não há mais nada além do você que vive e vai à luta. E se nada mais resta, além daquilo que o torna ser planejador e manipulador de oportunidades, então a luta diária já começou, e não existe tempo a perder. De outro ponto, no mais ao longe das horas que passam enquanto busca-se os objetivos e metas, é possível notar a inflação que assola o mundo, elevando o preço de uma paçoca ao nível alarmante de R$0,70, em um lugar onde se deveria atentar para as condições financeiras e realistas de cada usuário. E, no fim, o que importa o preço se compararmos com o benefício de saborear um belo doce, ...