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Os boçais transformadores do outro

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Arte: New York Daily News, William Michael Harnett, 1888. Met.    É engraçado. As pessoas entram na sua vida - e, às vezes, você só que instrumentalizar antigos dramas para revivê-los ou superá-los - com a arrogância de serem as únicas. A transformação que pretendem operar em você ou no seu estilo de vida é o objetivo da relação e serve apenas para mostrar que podem fazer - não que, necessariamente, seja o melhor.  Então, um dia qualquer, tudo degringola e você acaba sendo o que sempre foi, limpando não os cacos de si, mas a sujeira de ter se misturado com os porcos para saber como estes vivem. E segue a vida como se a estrada fosse um detalhe e o importante é não ter ou ver importância nas pequenezas dos relacionamentos e do pós-venda desses relacionamentos.  O tempo vai fluindo, você vai se limpando e os resíduos sólidos e líquidos são recolhidos pela limpeza pública. O tempo, sempre o tempo, julgando a todos e sendo impiedoso, para o bem e para o mal.  De rep...

De novo, sorrindo ao novo

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Fellini's Women. Ilustração de Milo Manara O nascer de uma relação implica, em uma quantidade de vezes razoável, na partição de um nós por dois individualismos, que se reorganizam, se remodela, se refazem para atender às necessidades que já não são mais satisfeitas no modelo de relacionamento outrora adotado. São eus que se fazem tediosos, rabugentos, ciumentos, implacavelmente intratáveis no compartilhamento voluntário de uma parte da vida que comumente se confunde com uma eternidade dita e premeditada, do amanhecer ao anoitecer. Essa separação, nem sempre dolorosa nem sempre fácil, é o motivo de depressões, poemas, músicas e deboches públicos. Significa, ao mesmo tempo, sair de uma zona confortavelmente conhecida para o embriagante e lamacento terreno do novo e desconhecido. Uma separação que parte um nós por dois eus e que conserva, no íntimo, as experiências, os medos, os erros e os acertos de um tempo partilhado com alguém. E da mesma forma que se junta e separa-...

O NÃO do depois

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Adriana Calcanhoto. Fonte: fb.com/cifras A parte mais difícil de uma relação é dizer NÃO . Não para quem xinga sem motivo; Não para quem só tem tempo quando o tédio é demais; Não para quem se comove apenas com o conveniente; Não para quem gosta de ser o mandante no relacionamento; Não para quem ama o fatalismo; Não para quem ama pela manhã e odeia à tarde; Não para quem quer doação e nunca se doa; Não para quem gosta de humilhar quem diz que ama; Não para quem ama ser amado e não amar; Não para quem coloca tudo como mais importante, menos você. O mais surpreendente é que o não nem sempre é recusa, rompimento. É, na maioria das vezes, é tão-somente a indiferença que se corresponde com o outro, que fala e dinamiza sem nunca se envolver de verdade. Esse não indiferente é a próxima evolução de um grande amor superado.

O amor é caro demais

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Ilustração de Carol Rossetti O amor tem cor, endereço, nome de banco e instrução. Tem também nome famoso e prazo de validade. Está em mutação de acordo com a moda primavera-verão ou de acordo com os grandes estilistas. Amor nada tem a ver com sentimentos e aspirações – para milhares de pessoas. Quem já não foi barrado em um embrião de relacionamento por não cumprir as exigências do “mercado”? Quem não é preto e é visto de soslaio ao namorar uma branca? Quem nunca se sentiu menosprezado por não estar em um relacionamento cujo diário não é igual a de outros tantos elitistas? Pode parecer que o sentimentalismo domina os “apaixonados” de plantão. É só aparência mesmo. Poucos relacionamentos resistem à distância, ao não querer ficar para trás na corrida exibicionista entre os amigos, ao caos de estar entre individualismos pobres – de intelecto e de pretensão. O amor é um sentimento caro. A fatura é sempre salgada para quem não quer gastar com outra pessoa ou consigo me...

Um amor de artificialidade

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Os relacionamentos começaram a ser medíocres, com pessoas dispostas a serem dominadas – se não pela outra pessoa, pela capacidade de ser submissa. E a culpa não é da falta de informação, educação, amor próprio... é só um reflexo natural da era da informação em que os indivíduos estão cada vez mais conectados, antenados com as novidades virtuais e cada vez mais solitários em suas casas, nas instituições de ensino, nas igrejas, na rua, na chuva e na fazenda. imagem extraída do Flickr Essa carência leva à aceitação tácita de uma dominação vergonhosa e acarreta na execução de regras sociais sem sentido – como informar, tal qual um GPS, a localização exata a cada cinco minutos à “pessoa amada”. Aliás, amor passou a ter uma conotação vulgar (e já não era lá tão bem conceituado visto do ponto prático, sem o romantismo habitual das poesias) na qual se não for provado passa a não ter validade nenhuma em uma realidade de “apaixonados” ou “amantes”. Geralmente, o homem desenvolve a carê...

Código #01

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Em uma pequena rememoração, republicarei alguns textos esquecido em Caixa Precisa . Para abrir a série tem Código: Namorar codifica o ato da paciência, da fidelidade, da honestidade, da doação e da exposição em graus anormais, exemplificando a caráter humano em inúmeros  micro atos  diários em inexplicáveis fatos de um cotidiano dividido entre duas pessoas fortemente ligadas, mesmo que estas não percebam, e intimamente comprometidas por segredos inenarráveis, com aspirações e emoções tão pessoais e particulares que mesmo o outro, a pessoa amada, pode se tornar um colossal inimigo ante tanto s sentimentos ocultos. Codificado numa linguagem própria à cada casal, homo ou hétero, o ato do namoro torna a eficiência da razão em obsoleta deficiência racional operante nos mais variados momentos do diário humano. É da dupla troca de físicos de sentimentos e de emoções adversas que o relacionamento torna-se um instrumento de trabalho, de estudo e de vida que interage, ao mesmo temp...