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Mostrando postagens com o rótulo Inverno

Depois da chuva

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As chuvas de maio preparam o caminho para o inverno e parece que ficamos mais propensos a sentimentos de proximidade com o outro. O frio parece uma liga que nos conecta a padrões de convivência. E então, quando a chuva tranca-nos em casa, parece que não há como suportar tantos quereres. E estar só é apenas o prelúdio de uma situação que não termina. O inverno chega. Nosso íntimo clama e lamenta. E dia após dia somos carne e ossos envoltos em frio, água e sentimentos. Palavras perdem o sentido à medida que o inverno vai passando. E quem sobrevive a tamanha pressão poderá dormir no doce clima primaveril. Como, no entanto, sobreviver para viver tal momento? Foto: Rafael Rodrigo Marajá/Arquivo Pessoal.

Missiva

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Quadro: Young Lady in 1866. Edouard Manet. MET. O inverno está aí, de novo, para os que sobreviveram ao último outono. O mar está com uma ressaca daquelas e não aceita nem um agradinho sequer. Os ventos, ora uma força descomunal ora uma leve brisa, entra casa adentro e afugenta o gatinho do seu ninho de preguiça.  Não sei onde andam os desprezíveis de outrora - certamente corrompendo inocentes almas. Sei apenas que ainda me recupero apenas do leve contato que tive com eles - a malignidade de certos indivíduos é brutalmente peçonhenta.  Tudo continua igual, na medida da igualdade provocada por pequenas e quase insignificantes mudanças. Se eu não sucumbir ao veneno já adquirido tentarei sobreviver à doença da moda. Até lá, apenas viva - quem sabe um dia eu chegue sem mala, embora inteiro. 

Presente intrínseco

Os pobres já começaram a lotar as lojas do centro comercial da cidade e os shoppings, preparados para o volume de vendas, ostentam as marcas do "amor" que  se compra e se expõe nas redes sociais. O amor , comprado em embalagens nada sustentáveis e pouco úteis, pode ser encontrado em prateleiras e vitrines exclusivas em pleno inverno brasileiro.  Os ricos debatem-se no dilema do quê comprar. Os pobres de quanto gastar . No entanto, o que todos querem mesmo é o sexo prometido implicitamente entre as folhas de papel das embalagens e as expressões de surpresa, competentemente ensaiadas. Juras de amor etiquetadas à parte e indo diretamente ao que importa, o sexo do dia dos namorados, deve-se notar que o mais importante, nessa questão, não é o presente e nem a intenção "amorosa", mas o quanto aquele(a) que presenteia é belo(a) e corporalmente desejável porque o presente mais lindo empalidece à imagem de um corpo pouco atraente. Ruim para as mulheres e homens fe...

SuperLua

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Aracaju, 21h O romantismo, alguns aficionados, espalhou o boato de que a Lua é o símbolo de quem gosta de um segredo seguido de paixão. Nunca vi maior bobagem. Por outro lado a Lua é casa de Lilith, que, segundo conta a história, foi a antecessora de Eva e a causa da queda do homem do Paraíso, encarnando-se em Serpente para fazer o mal. O lado escuro da Lua ainda está sendo desvendado. A noite de hoje, 12 ~13 de julho, a Lua será uma SuperLua que apaixonará quem olhá-la, quem busca paixões sem motivo, quem ainda chora pela atuação vergonhosa da Seleção Brasileira na Copa do Mundo 2014. Quem está à beira-mar, a vista é linda. Quem está no campo, a sensação é perfeita. E quem não quiser olhar o céu, tudo bem! Haverá outras oportunidades, para quem viver até lá. Uma boa “lunada” para todos!

O que (não) existe

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Père Romeu - Pablo Picasso (Spanish, Malaga 1881-1973 Mougins, France) É claro que existe uma corrente paralela ao Dia dos Namorados e que é ainda mais forte e implacável que presentes, data e estado de espírito comerciável. E o que existe atravessa os anos e durante todo o inverno junino, ou aquilo que se chama inverno junino no nordeste, paira uma nuvem de elementos não ditos ou ditos e esquecidos entre tantos desencontros durante o pró e pós-junho. É o movimento das paixões que são guardadas em casa na forma de cartas, de objetos e fotografias. Umas tantas paixões que os cheiros acabam em mistura com cores e sons e no fim o que resta é a melancolia, ou de um sorriso ou de uma lembrança. E mais importante que a paixão em si é a expectativa da existência de que ela existe; é a certeza de que a pessoa existe e que você está a um querer dela; que nada importa, nem que seja por uns instantes. Importa a reciprocidade? Depende muito: da dor que você pode suportar, das car...

Um dia sem sol

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O dia nasceu com nuvens pesadas sobre a índia nua da Moreno Brandão, em Palmeira dos Índios. Essas nuvens, junto com certo frio suave que convida a todos para o aconchego da cama quentinha ou de uns braços queridos! Na antevéspera de São Pedro, o sol não surgiu entre as serras e a Índia, de bronze, fria e voluptuosa, clama por admiradores neste dia tão incomum na terra de todos os amantes. E quantas são as mãos que exigem carícias no corpo nu de uma mulata nativa? Enquanto o friozinho invade os pulmões e a preguiça toma-nos de assalto no trajeto entre o sofá e a alcova, o pensamento viaja até outro lugar, em outra época, em outras situações e retorna para o presente onde os fantasmas alegres do inverno acalentam as inúmeras lembranças. E as rosas? Praça Moreno Brandão  Estas delicadas senhoritas que habitam as estrelas e as intimidades pessoais e particulares são os criaturas mais belas do inverno e que requerem um maravilhoso cuidado, um alegre gastar de tempo e tal...

O inverno chegou, cuide das rosas

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“Se tu amas uma flor que se acha numa estrela, é doce de noite olhar o céu. Todas as estrelas estão floridas”.                                                                                                            O Pequeno Príncipe A noite, como uma bruma, cairá em uma não tão inesperada tempestade: de frio, de escuridão, de sonhos. Nos trópicos, o inverno chegou com toda a grandeza de um senhor governador que faz das terras quentes do Brasil um paraíso oscilante entre a frieza dos ventos invernais e a qu...

Nem côncavo nem reconvexo

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Templo SUD - Salt Lake City O que se deixa levar não é levado para nenhum lugar. O que se move para outro lugar, mesmo contra a vontade e nos desconhecimento de forças alheias à vontade. Nos quereres eternos do destino, estamos seguindo a canção dos desavisados. Errando nas doses, pecando nos casos, exagerando nos abismos. Se todo caminho é tortuoso, então escolhamos o que melhor se encaixa, guardando as fagulhas de uma fogueira bem acesa, quente, visível. E na tentativa de guardar o fogo em uma garrafa, as queimaduras surgem na pele, branca, preta, amarela, lacrimejando nos vestígios dos passos. Toda mudança deve ser feita, mesmo que nada, aparentemente, tenha significativamente mudado. E se alguma vale à pena então não deve ser para sempre, mas para a eternidade. E no longo caminho do acerto comete-se os erros promíscuos, pedaços caem de um lado e do outro são as peças de um pinga-fogo que montamos para alegrar o humor mais negro. Nas mudanças das estações, o envelhecimen...